"(...) os residentes destas zonas devem estar preparados para ganhar ou perder, a urbanização tem estes problemas de ganhos e perdas. Vão perder terrenos, mas vão ganhar estradas, fontes de abastecimento de água, hospitais, escolas, entre outros serviços sociais. " - eis o que, segundo o "Canal de Moçambique", terá sido dito pelo presidente do município de Maputo, Sr. David Simango, falando para pessoas aborrecidas com a construção no Bairro da Costa do Sol de um condomínio de luxo, dado isso perturbar a sua agricultura num processo conduzido - sustentaram - sem consulta prévia e sem compensação. Aqui. Enquanto tal, talvez não seja má ideia ler o que, segundo "O País", o presidente da República, Armando Guebuza, terá dito sobre terras, pessoas e ocupações, aqui; e recordar o relatório sobre os Senhores da terra, aqui.
Comentário: se Simango disse o que o "Canal de Moçambique" escreveu que ele disse, então parece ter o espírito de uma personagem fáustica, parece Fausto chamando Mefistófeles para remover Filemo e Báucia da sua pobre casa camponesa a fim de que o desenvolvimento industrial tenha curso, neste caso maputense removendo agricultores de 100 hectares de terra para que mais um condomínio de luxo tenha curso nesta cidade fortemente marcada pelas desigualdades sociais. A vida é como assim, com "ganhos e perdas" segundo a dialéctica faústica de Simango, não havendo ainda maneira de sabermos de que maneira os Filemos e as Báucias da Costa do Sol irão ganhar o que Simango terá dito que eles irão ganhar. Há muitos anos atrás, Marx e Engels escreveram numa altura em que ainda não havia condomínios de luxo com cercas electrificadas, que "A moderna sociedade burguesa, uma sociedade que desenvolveu gigantescos meios de troca e produção, é como o feiticeiro incapaz de controlar os poderes ocultos que desencadeou com suas fórmulas mágicas." Finalmente: recorde uma série minha em dez números intulada Segregação Urbana em Maputo, aqui.
Comentário: se Simango disse o que o "Canal de Moçambique" escreveu que ele disse, então parece ter o espírito de uma personagem fáustica, parece Fausto chamando Mefistófeles para remover Filemo e Báucia da sua pobre casa camponesa a fim de que o desenvolvimento industrial tenha curso, neste caso maputense removendo agricultores de 100 hectares de terra para que mais um condomínio de luxo tenha curso nesta cidade fortemente marcada pelas desigualdades sociais. A vida é como assim, com "ganhos e perdas" segundo a dialéctica faústica de Simango, não havendo ainda maneira de sabermos de que maneira os Filemos e as Báucias da Costa do Sol irão ganhar o que Simango terá dito que eles irão ganhar. Há muitos anos atrás, Marx e Engels escreveram numa altura em que ainda não havia condomínios de luxo com cercas electrificadas, que "A moderna sociedade burguesa, uma sociedade que desenvolveu gigantescos meios de troca e produção, é como o feiticeiro incapaz de controlar os poderes ocultos que desencadeou com suas fórmulas mágicas." Finalmente: recorde uma série minha em dez números intulada Segregação Urbana em Maputo, aqui.
8 comentários:
O PR ontem desencorajou, por ocasião da abertura do CM alargado, o conflito de terras quase citando o relatório Brundland : "o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades".
Resta saber se para os que decidem o conceito de 'futuras gerações' ultrapassa o conjunto de descendentes de dirigentes e associados.
Como se pode dizer a quem subsiste da terra que perde a terra mas ganha os edifícios de outros?
Não é isto a perpetuação das periferias? A alimentação da pobreza urbana e o ócio?
Simplesmente brilhante, sem mais comentários "fáusticos" e cáusticos.
Sobretudo das "Báucias" porque são elas que cultivam...
Olhe caro Professor, grande perda para nos citadinos, foi a mudanca de Comiche para Simango...
Mas aproveitando a embalagem, ja que estamos a falar de projectos imobiliarios para a classe media (penso eu), dizer que ontem, em Luanda, comecaram as inscricoes de cidadaos jovens para aquisicao de apartamentos da nova cidade do Kilamba-Kiaxi. As modicas quantias vao dos 100 mil aos 200 mil dolares americanos. E no entanto as filas eram interminaveis. Intrigado, quiz perceber donde e que viriam tantos milionarios instantaneos angolanos. Rapidamente percebi que TODOS foram aconselhados pelo Governo de Angola a endividar-se a Banca Comercial para ficarem com as casas.
Onde e que ja vimos isto antes? Nos EUA, ou seria em Portugal?
"...A vida é como assim, com "ganhos e perdas" segundo a dialéctica faústica de Simango..."
E eu acrescentaria, Simangos ha muitos...
Angola, Kilamba-Kiaxi: 'O preço mínimo de um apartamento neste projecto é USD 50 mil, para unidades de pequena dimensão. O máximo é USD 200 mil, para um apartamento T3'
http://www.jornaldeeconomia.com/index.php?t=Modulo&action=view&modulo_id=1&id=244&table=noticia&pg=19
Eu nao estou a falar em abstracto. Referia-me a estas casas aqui:
http://club-k.net/sociedade/8534-casas-da-nova-cidade-do-kilamba-comecam-a-ser-comercializadas-segunda-feira
Cuja noticia - espantosamente - a TPA ainda nao postou no seu site. Alguns dos que la foram, parece-me, postaram alguns dos possiveis precos de venda (vide comentarios)...
O projecto do Charas é café pequeno, já viram o que está planeado exclusivamente para os Chineses na Catembe?
Ja. E o Katembe-Kiaxi I e II...
Casas iguais, cores iguais, ruas iguais, pessoas...IGUAIS. Como convem numa cidade-dormitorio.
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