10 dezembro 2008

Guebuza e Chissano: a competição


De acordo com o "Magazine Independente" desta semana, o consórcio TIKO, da Fundação Joaquim Chissano, comprou uma empresa de aviões, a Transairways.
Isso levou-me a recordar uma postagem que publiquei aqui em Janeiro deste ano. Porque creio que, no geral, não perdeu actualidade, ei-la, de novo, com algumas adaptações:
Se formos à base de dados Hermes da Pandora Box, vamos saber que as dinastias de Chissano (ex-presidente da República) e de Guebuza (actual presidente) estão em múltiplas empresas. Os dados do Africa Confidential, do Africa Intelligence e do Indian Ocean Newsletter também mostram isso.
Essas duas dinastias são como que dois sistemas solares regidos por um êmbolo, a Frelimo, pois Chissano e Guebuza são figuras tutelares do partido.
Uma hipótese: em cada um dos sistemas solares, giram planetas e cometas empresariais, regidos pela força de gravitação clientelista e por laços de partilha de respeito, hierarquia e vassalagem. Cada um dos sistemas solares contém múltiplos elos dos mais variados tipos, múltiplas argamassas, são como que rizomas, tentáculos poderosos. Querer criar uma rede empresarial em Moçambique implica conhecer bem as regras do jogo ou as regras dos jogos nos dois sistemas solares. Implica conhecê-las e aceitá-las. Fora das órbitras dos dois sistemas, fora do apoio político do partido Frelimo, a independência empresarial é difícil, creio, especialmente se visar também um sistema solar, autónomo.
Por hipótese, as duas dinastias serão - se não são já - as dinastias empresariais hegemónicas do país dentro de cinco a dez anos, com poderosos impérios distribuídos pelos mais variados tipos de actividade e de partilha de acções, ainda que eu ignore qual o seu raio de acção ao nível do capital bancário. E ainda que ignore, também, se há zonas de conflito entre os dois sistemas solar-empresariais.
Mas há um outro tipo de capital a ter em conta: o capital político-prestigial.
Aqui, com muitos mais anos de preeminência e de visibilidade, Chissano leva uma larga vantagem sobre Guebuza. Real percutor da democracia liberal no país, construiu e foi construído como um gestor do equilíbrio político, do meio termo, como um elegante homem de diálogo cuja acção e cujo impacto ultrapassaram, há mais de 30 anos, as fronteiras do nosso país. Sistematicamente chamado para ser negociador-chefe em vários conflitos internacionais, Chissano viu o seu percurso político consolidado com o prémio Mo Ibrahim. Poderá, um dia, vir a ser o presidente da União Africana. É como se - permitam-me a imagem - tivéssemos dois presidentes: o interno (Guebuza) e o externo (Chissano), o nacional e o internacional.
Quanto a Guebuza, ele tem por agora apenas, creio, um papel nacional, o do presidente do país. Não sei se o seu papel nos acordos de paz de Roma foi e é decisivo para lhe dar o selo de estadista internacional no género de Chissano. Bem mais carismático do que Chissano, bem mais interventor, milenarista, desejoso de criar um Moçambique diferente, Guebuza é, como já aqui um dia escrevi, uma espécie de espírito de Samora enxertado no corpo de Chissano actuando no neo-liberalismo. É, se preferirdes, um neo-samoriano de um período histórico distinto do de Samora Machel.

48 comentários:

Anónimo disse...

Uma análise interessante!

Anónimo disse...

Prof.
Leia a coluna do editor(Magazine Independente) e o Editorial de Salomão Moiane e veja tambem o canal de Moçambique trabalho de Bernardo Alvaro sobre a mais recente fuga de Anibalzinho.

PS. Samora em Vida sempre dizia" É PRECISO PURIFICAR AS NOSSAS FORÇAS DE DEFESA E SEGURANÇA". Lembra se Teacher???

umBhalane disse...

Nada é surpreendente!

Nada é surrealista!

É tudo tão natural, como ter sede.

E, pasme-se, aceite com a maior naturalidade.

Quem os viu,...e quem os vê.

ilídio macia disse...

Bom,pessoalmente não vejo mal algum, desde que tudo seja lícito. Que Chissano crie mais empresas!Penso que isto é bom para a nossa economia. Penso que saimos a ganhar com este tipo de iniciativa.Força Chissano!

Anónimo disse...

(Ó i ó ai) Nós queremos é justiça
(Ó i ó ai) E dinheiro para o bife
(Ó i ó ai) E não esta cóboiada
Em que tudo é tudo do xerife

Matsinhe disse...

Também não vejo mal nenhum caro Macia! Mas parece que há sempre quem (in)veja e tem muitas certezas de certas coisas. Por exemplo, dizer "fora do apoio político do partido Frelimo, a independência empresarial é difícil, creio, especialmente se visar também um sistema solar, autónomo" é dizer nos que muitos dos sucessos empresariais que conhecemos, SOICO incluida, estão dentro do "apoio político do partido Frelimo"... o que é problemático por não conhecermos as premissas por detrás dessa afirmação.

Mais é claro que o autor daquela afirmação e seus acólitos dirão sempre "só não vê quem não quer", isto é, partimos de um senso comum superficial e problemático para afirmar as nossas fantasias. Criemos empresas a vontade que não há nada de mal nisso desde que seja tudo legal como diz meu companheiro Macia.

Anónimo disse...

Ao meu ver, é bem vindo este investimento do Ex número 1 da nação. É sabido que este homem tem muira riqueza fora do País. Este é um passo positivo, o dinheiro está de volta à casa. Vai empregar, irmãos nossos.

A ver se sendo ele quem é, desta vez não haverá sabotagens que a aircorridor sofreu. queremos competitividade no mercado.


CMatusse

Sir Baba Sharubu disse...

What is the fastest way to become a millionaire in the airline business ?
Answer: Start with a billion dollars.

[This joke is attributed to Warren Buffett, a rich american, after he had suffered heavy losses in his airline business]

Anónimo disse...

Quem não lembra-se dos créditos malparados do extinto Banco Austral? Quem não se lembra do assassinato de Siba-Siba Macuácua? Os maiores devedores deste instituto foram figuras do governo Chissano e membros da nomenclatura moçambicana. Será que a pensão do ex-presidente é compatível com a compra da empresa de aviões? Será que o “Prémio africano de excelência governativa” sai do mato com um saco de oro e de diamantes? O que dizem os antigos combatentes da FRELIMO sobre isso? Será que todos têm medo?

Anónimo disse...

sr matsinhe, quais sao os "muitos sucessos empresariais"? para alem da SOICO? se faz o favor.

Anónimo disse...

é verdade mas baixinho, onde arranjaram as armas nos anos 60. como formar uma burguêsia nacional?

Anónimo disse...

Muita inveja junta. Muita dor de cotovelo. Se o ex presidente de república de um país não pode criar uma empresa com uns míseros dois ou três aviões (que não serão comprados do se bolso, mas sim do leasing ou do crédito bancário) quem pode criar empresa neste país? Apenas os estrangeiros? E preferencialmente brancos?

Brancos, porque nós conhecemos a maneira como é didicularizado o sucesso empresarial de todo o preto: seja nigeriano, seja congolês, seja da Serra Leoa, seja de Moçambique... A mensagem que se pretende e insiste em passar é a de que não pode ser sucesso produto da honestidade.

É muito triste que jovens moçambicanos, formados e aparentemente inteligentes, sejam arrastados para este ignóbil comportamento. Vocês estudaram para mudar o vosso país. Uma das vias é criando empresas que, em alguns casos, vos hão-de fazer ricos. E criar empresa não significa ter dinheiro. Significa ter ideias. O dinheiro vai atrás de boas ideias empresariais. Dinheiro dos bancos. Leasing. O melhor capital está nas vossas cabeças. Ou devia estar

Anónimo disse...

Alguns quando surgem certos temas aparecem como moscas, não é? Sempre iguais e os mesmos com suas hossanas à riqueza e seu racismo...."Porque o poder pertence ao povo, quem o exerce é servidor do povo. Quem desviar assim a nossa linha não encontrara qualquer tolerância da nossa parte. Seremos intransigentes nesta questão, como o fomos durante os duros anos de guerra. Não hesitaremos nunca em expor perante as massas as acções cometidas contra elas. Os desvios da linha suscitam as contradições, as brechas por onde penetra o inimigo, o imperialismo e as forças reaccionárias. Para que se mantenha a austeridade necessária a nossa vida de militante e assim se guarde no sentido do povo e dos seus sacrifícios, todos os militantes da Frelimo que receberam tarefas de governação do Estado tal como no passado deve renunciar as preocupações materiais, nomeadamente aos vencimentos. É evidente que por maioria de razão não se pode tolerar que um representante nosso possua meios de produção ou explore o trabalho de outrem. Combatemos durante dez anos sem qualquer preocupação de ordem financeira individual, empenhados apenas em consagrar toda a nossa energia ao serviço do povo. Está é a característica do militante, do quadro, dos dirigentes da Frelimo" - Samora Machel, 1974

Anónimo disse...

Caro Boaventura, renunciar a vencimentos? Você era capaz de renunciar a vencimentos? para viver de capim, certamente. Como as bestas.

O próprio Samora Machel acabou abandonando essas quimeiras e idealismos, remedos inacabados do comunismo, pouco antes de morrer assassinado. Ele já não acreditava nisso a partir de 1984, quando inicia os contactos com o FMI e com o BM.

Era bom que vocês que defendem esses esquerdismos de meia tijela dessem o exemplo e renunciassem aos vencimentos onde trabalham ( se é que trabalham...) SÓ NOS FALTAVA ESSA: RENUNCIAR AOS VENCIMENTOS!

Deixem o nosso país progredir

Anónimo disse...

Estão vendo como um deles (não são muitos deve ser um só, este agora nao escreveu o "nome") mordeu logo a isca como ficou irritado?

Anónimo disse...

Não vejo inconveniente nenhum nisso. Simplesmente dizer “Parabéns”. Temos certa escassez desses serviços. Veja que a única companhia que temos não é suficiente. Isto pode trazer concorrência tanto nos serviços como nos preços, o que tanto precisamos, claro. Quem se recorda de atrasos quando tínhamos duas companhias? Eram poucos, raros. E os preços? ... não sei.
Outro pormenor não pouco importante é a premiação da corrupção. Se for o caso, por favor, NÃO. Eu acredito que a corrupção gera corrupção. Se alguém tem uma empresa gerada dessa maneira, em muitos casos precisará dela para se manter. Infelizmente o nosso mercado é o que é, pequeno e instável.

Anónimo disse...

No website do Samuel Nhantumbo encontrei estas palavras do saudoso camarada Samora quando falava na Beira em 1975 - "Vocês todos são pobres aqui. Pobres todos aqui, todos. Daqui a três anos nos vamos ver alguns levantar edifícios de quinze andares. Onde arranjou o dinheiro? Onde arranjou o dinheiro? Heim? Não é, vocês ai! Vocês ai! Aí! E nós aqui também! E nós também aqui. Estou a dizer vocês e nós também. Se eu levantar um prédio, façam o favor de me perguntarem!... Ouviram? Perguntar, «então, Camarada Samora, aonde arranjou dinheiro? Três anos? (Risos, aplausos) Três anos de independência! Camarada Samora, então onde está o povo agora? O povo também já tem prédios?» Estão a ouvir? (Estamos!...) Temos de combater contra os exploradores do povo, e se pudermos, liquidar ainda no estado embrionário, matar o pintainho no ovo, heim? (dificuldades de tradução provocam comentários e risos na audiência)" (Sic"
:http://fenomenoturismo.blogspot.com/search?q=vem+ai

Anónimo disse...

Sempre que ouvi dirigentes da Renamo, o Partido dos Boaventuras, Reflectindos e Serras, a os militantes da FRELIMO de Marxistas Leninistas, sempre pensei que fosse força de expressão. Uma expressão que advinha ou a) do hábito, ou b) da crença absurda de que chamar alguém de Marxista era insultante ou c) da ignoráncia pura.
Dou-me agora conta de que estes indivíduos acreditam mesmo de que a FRELIMO continua a guiar-se pelos princípios do Materialismos histórico e dialéctico. Continuam naquela de que a FRELIMO de hoje tem a luta de classes como motor da história.
Senhores da Renamo, a FRELIMO ultrapossou há bastante tempo essa fase pueril da sua existência. Este Partido deixou, creio que no 5º Congresso, de se guiar pela filosofia Marxista-Leninista. Leiam os Estatutos deste Partido para conhecerem melhor o vosso adversário.
Nós podemos assegurar que na FRELIMO nós estudamos muito bem a Renamo. Talvés a conheçamos melhor do que vocês próprios, membros assumidos e membros envergonhados desse partido.
Esperar, hoje, em 2008, que dirigentes da FRELIMO renunciem aos seus vencimentos só poderia vir de membros da Renamo ultrapassados pela história e pelo tempo.

Um Marxista-Neoliberal

Xiluva/SARA disse...

Cá estou. Yap que beleza cá está o bom rapaz de sempre...Giro que não use seu real nome, não é? Lol o tema não interessa para ele, não é? É ou não é? Mosca, como disse o Boaventura, o mel lhe desagrada...

Salvador Langa disse...

Vamos lá - o que foi escrito não corresponde à realidade? Os tais impérios são falsos? Aguardo resposta.

Anónimo disse...

Marksista - neoliberal,
entao concorda que os dirigentes engordem e o povo passe fome? ou sera que ta apenas a querer agradar a vaca leiteira cuja teta voce mama?

Anónimo disse...

Sinceramente,
Um ex. presidente não pode ter uma empresa?
Crescem pah...
uhh que mentes quadradas...!!!!!

Anónimo disse...

Esse analise é muito interessante, mas dúvido muito que o mano Guebas tenha a mesma popularidade politica de Chissano.

Chissano é mafioso,mas ele soube agradar 80% dos ansiosos com o seu liberalismo económico e ele politicamente é gente fina só que não é bom administrador deixou muita mola em mãos alheias.

Agora o Guebas esta se sujando com os antigos combatentes com a idéia de acabar com a oposição voltar ao monopartidarismo, um exemplo concrecto as eleições municipais ele determinou aos funcionários do estado para fazerem o possível ganhar em todos lugares, isso diminui a sua reputação, é bom para a Frelimo,mas é ruim para quem está a frente dos destinos do país.Lembrem-se que uma vitória sem mérito não é activo,mas sim passivo.

Anónimo disse...

Uma pessoa que encontra este nome: SARA, sabe com quem está falar. Essa pessoa que usa este único nome de SARA pode se gabar de se ter identificado? Qual é a diferença entre usar SARA e usar MARXISTA-NEOLIBERAL? Não estão os dois declinando apresentar a sua verdadeira identificação? Se eu encontrar a invejosa que usa o nome de SARA aqui, em algum lugar amanhã, posso liga-la à pessoa que faz tentativas desastradas de agradar Carlos Serra e a Renamo?

Marxista-Neoliberal

Anónimo disse...

Cá está ele o bufo boçal e cobarde sempre em ataques pessoais quando os temas não lhe interessam, descendente dos Mtelelas.

Anónimo disse...

o que quer dizer Mtelelas por favor alguém me explica, obgdo

Anónimo disse...

DEMOS - Dezembro 2003
CONFIDENCIAL

Coluna de João CRAVEIRINHA
email: joaocraveirinha@yahoo.com.br

DOSSIER 10

CAMPO DE REEDUCAÇÃO DE MITELELA OU CAMPO DE CONCENTRAÇÃO?

(VAE VICTIS – AI DOS VENCIDOS!)

3ª Parte (Fim da 1ª Fase)

Em 1975 – Novembro (?!), João Craveirinha e mais elementos são transferidos (detidos) de Nachingueia (Tanzânia) para Niassa oriental, via Lago. São enviados para o campo de concentração da FRENTE em Mitelela, no antigo quartel português de Nova Viseu, deixado pelos militares lusos, todo minado ao redor e com garrafas partidas enterradas nas instalações. Entre os detidos e transferidos encontravam-se muitos nomes conhecidos do nacionalismo africano como Adelino Guambe fundador da FRELIMO, o reverendo Uria Simango, sua esposa Celina, Paulo Gomane, Narciso Inbule, antigos comandantes de élite entre eles, Pascoal Almeida Nhapulo, Pedro Simango (2), Januário Napulula e Chéés-padres muçulmanos (sheiks), curandeiros, etc. Entre os presos, ainda, Lázaro Kavandame, Verónica, o ex-representante da Frente no Cairo, Judas Honwana, o médico Dr. João Unhai(Unyai), o engenheiro Marqueza, o Prof. Dr. Kambeu de Direito Internacional, a Dra. Joana Simeão da FRECOMO (anteriormente do GUMO do Dr. Máximo Dias), o primo de 1º grau do Prof. Dr. Eduardo Mondlane – Pedro Mondlane, e muitos outros. O campo de Mitelela de máxima segurança encontrava-se numa região lamacenta muito isolada e de fauna bravia – leões, leopardos, elefantes, cobras. Os felinos e as cobras eram “visitas” normais. No campo encontravam-se também, antigos agentes moçambicanos da Pide como Leonel Soleimane Motty, o 1º em Moçambique (1972), a ter uma empresa privada de segurança com uma rede bem montada nas principais empresas e 3 “chóferes” privados à disposição e respectivas viaturas novas. Leonel Motty, natural de Quelimane, provinha da Polícia Judiciária onde se formara em Lisboa e tinha acesso aos arquivos da PIDE na Casa Algarve em Lourenço Marques. Acumulava com a tarefa de Inspector do Trabalho e de empresário de ligações com as representações da Volkswagen e da BMW. Teve tempo e dinheiro para fugir para a África do Sul, mas ingenuamente, ofereceu-se para trabalhar para a FRELIMO em 1974. Muito mais tarde, prisioneiro com tuberculose e maus-tratos, sucumbiria em Niassa nos anos 1980 (?!). Talvez, L. Motty, pensasse nos chefes da Gestapo alemã de Hitler que se ofereceram para trabalhar para os russos em Moscovo na iminência da queda do 3º Reich em 1945. É o caso do director Müeller da mesma polícia secreta nazi. Não só seria poupado como integraria os serviços secretos soviéticos, na formação. Os russos aproveitaram a sua experiência. Existe uma cultura comum nas polícias secretas a serviço de qualquer poder político. São instrumentos e a experiência conta. Da rede piramidal total, montada por Motty em Moçambique, quem poderá saber se eventualmente muitos desses elementos que nunca seriam detectados, teriam integrado os grupos dinamita…dores, digo, dinamizadores de tão triste memória da Frelimo? Quiçá alguns poderiam ter subido na hierarquia da própria estrutura política de bairro da Frelimo aos dias de hoje. A muito longo prazo – o acesso a serem empresários de sucesso, mostrando a verdadeira face, renegando a Frelimo que lhes deu o ”escadote” para subirem e quem sabe à custa de acusar os outros de serem reaccionários, na era de Samora Machel, enviando-os aos fatídicos campos de “reeducação”? Era preciso mostrar serviço para serem de confiança política. Poderá estar aí o embrião da conspiração e do oportunismo actualmente patente no nosso país!

A terminar esta 1ª fase dos DOSSIERS CONFIDENCIAIS coloca-se uma questão de fundo: Sempre houve infiltrações (ou tentativas) descobertas na Frelimo e em qualquer Movimento de Libertação e em toda a História da Humanidade sempre houve e haverá espionagem no campo do inimigo. Mas a questão de fundo é maior. Saber se a nível da cúpula, na Frelimo, terá havido uma Grande Toupeira ou várias?

A PIDE, em Lourenço Marques, na Costa do Sol, queimou todos os nomes, dados, e documentação dos seus arquivos, no campo de futebol do Benfica de LM, hoje CDCS. A Torre do Tombo não tem esses dados. Há só indícios. Havia um grande infiltrado ou mais a nível da cúpula? Mas quem? E que percurso? Chegaram a ministros e a membros do Comité Central? Estiveram entre os 10 mais poderosos de Moçambique na era de Machel? Se existiram, agora aonde andarão esses super agentes da PIDE? Serão empresários ou deputados ou ministros? Presumo que para sempre será um mistério!

E sobre, João Craveirinha, PRESO POLÍTICO (voluntário), na FRENTE de LIBERTAÇÃO, em Nachingueia(Nachingwea) e Niassa…Um dia, será contada e publicada a história depois da sua morte! ●

12-06-2004 in História, João Craveirinha - Diversos, M'Telela - Niassa

Anónimo disse...

Marxista-neoliberal,

quanta mama da vaca leiteira pra voce andar a fazer de conta que sabe comentar? esmola nao e? e voce acredita mesmo que a SARA tem inveja dum pobre mamador como voce? voce e mesmo engracado. vai escrevendo, voce anima! so consegue ver a vida pela optica da frenamo ne? voce e muito engracado.

Anónimo disse...

???!

Anónimo disse...

bom pelos vistos jà sairam de serviço

Reflectindo disse...

Marxista-Neoliberal

Obrigado por declarares publicamente que te causo UMA GRANDE PREOCUPAÇÃO. Nunca imaginei isso, sabes? Sinto-me lisonjeado, sabes? Mas ao mesmo tempo me preocupo se não estou na tua lista.

Mas sabes uma coisa, caro Marxista-Neoliberal? Como é meu hábito, li o artigo do Prof. Serra e ao ler os comentários, deparei-me com a tua declaração de preocupação. Continuei a ler os comentários sem me sentir ainda pronto para dizer algo. Há ainda muita coisa que eu gostaria de saber deste negócio. Eu gostaria, claro, de ler todo o artigo do Magazine Independente.

Contudo, meu caro, parece-me declarar-nos mais uma coisa, nomeadamente DUAS ALAS da Frelimo, a Marxista-Leninista e a Marxista-Neoliberal. Agora resta-me saber se elas se oficializam no Diário de um Sociológo ou na Pereira Lagos?

Sabes, tu tens que pedir desculpas a Lázaro Nkavandame e até ao pai de Alberto Chipande vítimas por terem defendido a burguesia nacional. Também o Marxista-Neoliberal terá que pedir desculpas ao camponeses que viram os seus coqueiros e cajueiros abatidos para a construção de aldeias comunais.


Para os demais, a minha preocupação geral é a) de Moçambique enquanto país, nunca voltar à economia planificada a qual vivi; b) que ser empresário de sucesso não seja exclusivo a membros do partidão; c) que todos com ideias, tenham o direito ao tal leasing; d) que dinheiro malparado do Banco Austral seja DEVOLVIDO.

Quanto a esta notícia, interessa-me: a) saber se esses aviões vão circular em Moçambique para superar os problemas de transportes em Moçambique, reduzindo os altos preços dos bilhetes; b) os estatuto jurídico do Consórcio TIKO, da Fundação Joaquim Chissano. Não sei se juridicamente um projecto ou empresa da Fundação Joaquim Chissano se pode considerar empresa de Joaquim Chissano.

Do resto, Joaquim Chissano que ainda deixou o cargo de Presidente da República tem o direito de ser empresário, ampliar as suas empresas e mesmo dedicar-se nelas 100 %

Abraço

Xiluva/SARA disse...

O senhor é mesmo paciente, reflectindo.

Anónimo disse...

Concordo com o reflectindo ... a 100%

Dizer, que me agrada que o nosso ex-presidente esteja a fazer investimentos em Mocambique ... Eh positivo para ele e para Mocambique.

Ao Neo-Liberal pedir, por favor, que nao fale em nome da Frelimo, nao a fazes nenhum favor ... porque pareces nao entender a filosofia daquele Movimento que foi uma vez de todos nos, mas que o tempo alienou. Alias, alienas a muitos mais que a tem como unica alternativa politica, apesar de muito a criticar.

Neo-Liberal, um sabio uma vez disse que nao devemos abrir a boca (neste caso escrever nada) a nao ser que as nossas palavras adicionem algo que o silencio nao faz. Mas nao estou aqui para discutir a tua astucia, mas o tema em epigrafe.

A Frelimo nao deixou de se identificar como um partido com base em politicas Comunistas-marxistas, Mocambique deixou de ser um pais comunista e passou a um pais socialista-democratico. A Frelimo, pelo ao menos a nivel de politica aparenta continuar um partido cheio de promessas para as massas, mas nao em termos praticos.

Dizer que eu sou pro-comunismo Marxiano (por favor leia Marx), mas nao concordo com aquele de Lenin ou Mao Tse Tsung ... o comunismo de Marx eh perfeito, ate chamam-a de Comunismo utopico ... porque umas das assuncoes dela eh que individuos como o Marxista-Liberal tenham a riquesa das massas em mente, que o interesse proprio e alheios estejam em paridade, e que nao hajam hierarquias ... nos em Mocambique aplicamos o comunismo de Lenin e Mao ... Mas esse eh tema para outro dia

Nao, me diga que enterraram tudo que foi feito na era pos-independencia, e agora eh um novo partido com ideais completamente contrarios, uma viragem a 360 graus. Nao me diga que os Urias morreram por nada ... mataram-lhe depois assaltaram os seus ideais economicos e as aplicaram para beneficios proprios. Nao, o tempo deu-lhes razao, digo aos Urias.

Mas, pouca informacao tempos, para julgar as decisoes tomadas pela Frelimo na altura, as dinamicas eram diferentes. Nao procuro dar-lhes razao, cometeram actos barbaros, mas tambem nao podemos julgar sem ter detalhes.

O que podemos julgar eh o periodo pos-1990. Sou grande admirador de Chissano ... tomou as redeas do pais numa altura critica ... de pobreza extrema, e largou as redeas quando sentiu que ja nada mais podia adicionar. Ele colocou-nos no mapa, e/ou ensinou-nos a mendigar por doacoes internacionais (os meus contactos asseguram-m que somos os melhores no mundo). Mas Chissano foi um pobre juiz de caracter, foi um mau watchdog e deixou a situacao ficar fora de proporcoes, deixou-nos corromper ... e eh por isso que temos Guebuza agora, ai se cada um de nos fosse o Guebuza das nossas casa ...

O enriquecimento de agentes da Frelimo, que eh uma traicao aos ideais da propria e tambem do patrono do partido no periodo pre-Chissano, enquadra-se na necessidade de abertura do mercado.

Mas a Frelimo traiu o "povo" Mocambicano. Ja digo porque.

Quando, em privado, a Frelimo decidiu abrir o mercado Mocambicano a teorias mercantis ... aparecerem no mercado, como que flocos, muitos investidores estrangeiros com capital pronto a investir. Como um partido das massas, a Frelimo sentiu-se ameacada e viu a necessidade de capacitar Mocambicanos a tirarem proveitos desses investimentos e que fossem proprietarios das riquesas criadas em Mocambique. Mas os Mocambicanos tinham que participar numa parceria de iguais. Para tal o investidor nacional precisava de capital para investir ... eh ai que estava o problema, eram todos pobres como o resto do povo. Havia uma necessidade do Estado financiar a esses individuos com fundos publicos.

A intencao era boa. Nao ha nada de errado nesta accao, nada de corrupto. O errado estava na processo de gestao destes emprestimos, digo: a)esses fundos nao eram disponibilizados ao povo Mocambicano, mas sim a nomenclatura politica Frelimiana; b)estes fundos foram ofertas e nao emprestimos

O resto dos Mocambicanos nao foram informados que estavamos a virar de uma economia fechada a uma economia de mercado ... nao fomos informados que tinhamos direito a emprestimos do estado para criacao de projectos de grande envergadura ... o processo, nao a ideia, foi corrupto. E portanto os fundos "publicos" nunca foram recuperados. E isto foi uma traicao ao povo, constitucionalmente somos todos iguais perante os olhos do Estado ... mas para a Frelimo "the beauty lies on the eyes of the beholder"

Eu sou a favor da criacao de uma burguesia nacional (mas nao foi por isso que os Urias foram "re-educados eternamente"?) ... E portanto parabenizo a nossa nomenclatura politica por tal. Se nao toda a nossa riqueza estaria em maos estrangeiras (espera ai? A nossa riquesa esta em maos estrangeiras, o que aconteceu?)

Aonde estao os fundos que o Manhenje alegadamente usurpou. Se todos os fundos que foram desviados do Estado tivessem sido aplicados em Mocambique, muitos empregos teriam sido criados, muitos Mocambicanos estariam capacitados, muitas empresas teriam surgido para prestar servicos a estas primeiras e Mocambique seria um pais bem mais rico. Mas nao ... esses fundos estao guardados em caves, contas no estrangeiro, ou aplicados em empresas no estrangeiro. Triste

Presidente Samora foi presidente do seu tempo, presidente Chissano foi presidente do seu tempo e presidente Guebuza esta sendo presidente do seu tempo. Todos com dinamicas bem diferentes. Nao julguemos as pessoas aos bocados

Os reaccionarios "re-educados" (Urias) dirao: Mas nos fomos re-educados por que queriamos fazer "antes de voz" aquilo que voces acabaram por fazer mais tarde

Os corruptos que estao sendo "re-abilitados" (Manhenje) dizem: Mas nos estamos sendo re-abilitados por que fizemos "depois de voz" aquilo que voces fizeram antes de nos

O meu dicionario define isso por hipocrisia

PS: Nos, o povo Mocambicano, temos que pedir desculpas a "alguns" dos Mocambicanos que foram re-educados em Mtelela e por uma pedra por cima do assunto, se nao os seus espiritos nos persiguirao para sempre ...
PS2: Alguem disse num outro comentario que Samora tinha em mente abrir o mercado mocambicano a economia mundial (concordo plenamente), mas eh ridiculo dizer que Samora queria negociar com a Renamo ... meu Deus quais sao as suas fontes historicas, Samora e Marcelino dos Santos nunca negoceariam com "bandidos armados" ... Por favor deem credito a Chissano por aquilo que ele fez

Laude Guiry

Paula Araujo disse...

A concorrência vai fazer bem à LAM. Vai deixar de viajar fora dos horários, de vender mais bilhetes do que lugares, de praticar preços inacreditáveis.
Quando vejo os preços de low cost na Europa (ex. Euros 60 + taxas aeroporto de Lisboa para Londres = cerca de 2.100 mzn) pergunto como é possível que continuemos a pagar os preços da LAM.
Venha, não uma, mas 5 novas companhias de aviação para bem dos consumidores.
Paula

umBhalane disse...

http://athiopia.blogspot.com/2008/12/sua-devolve-milhes-desviados-por.html

Anónimo disse...

Nestes comentários mistura-se muita informação confusa. Simango não foi reeducado por ser pro-capitalista. Essa é uma informação capciosa. Simango foi reeducado porque:
a) se meteu numa guerra pelo poder dentro da Frelimo;
b) Opós-se activamente ao projecto de independência total, completa e imediata (queria referendos, eleições, numa altura em que a Frelimo se achava com legitimidade revolucionária;
c) Negociou intervenção militar das potências militares racistas da região para impedir a tomada do poder pela Frelimo. Chegou a mandar um comunicado de guerra, ignorado pela imprensa da altura, no qual dizia que o seu movimento armado tinha morto milhares de soldados da Frelimo;
d) Foi actor bastante activo no movimento que se organizou na então Lourenço Marques, tomou a rádio maçambique e foi responsável por uma vaga de violência que provocou derramamento de sangue.
Existem fontes credíveis que afirmam que Urias Simango via-se a si próprio como Maoista. Um deles é Nkomo, o seu biógrafo. Ora, um Maoista não é adepto da economia de mercado.
Simango era um homem de acção e sucumbiu como homem de acção porque o seu projecto político pessoal foi derrotado naquele contexto de violência revolucionária.
Os que cobram o sangue de Simango deveriam, também, cobrar o sangue de Mondlane, de Muthemba (que morreu após espancamentos brutais) de Nkakhomba (que morreu assassinado pelas costas).
Todos estes homens, incluindo Simango, morreram no contexto de uma surda guerra pelo controlo da Frelimo.
Houveram mortes horrendas de ambos os lados. Todo esse sangue deveria ser cobrado, se é que se quer ser justo.
Não é verdade que Nkavandame morreu por defender a economia de mercado. Isso é revisionismo de história. Nkavandame:
a) foi o responsável directo pelo assassinado cobarde e traiçoeiro de Paulo Samuel Nkakhomba;
b) descobertas as suas maquinações, Nkavandame desertou das fileiras da Frente de Libertação de Moçambique, entregou-se aos portugueses e guiou a soldadesca colonial nos ataques às bases da Frelimo.
Podemos não gostar. e sei que muitos não vão gostar, mas estes são os factos.
Sei que muitos vêem nestes indivíduos os seus herois. Pois é com estes factos que os devem assumir como vossos herois.
Viriato Tembe

Reflectindo disse...

Caro Laude Guiry, excelente o teu texto e sobretudo muito integral quanto ao que estamos a discutir. É bom assim, usar o tempo para escrever coisas importantíssimas para uma reflexão. Quanto a Chissano, sempre defendi que ele fez a sua parte a qual lhe deu o mérito. Ele teve os seus erros e possívelmente continua a tê-los, mas isso não nos dá o direito de lhe retirarmos o que lhe merece. O poder já deixou, nem que alguém venha a dizer que lhe foi forcado, mas ele é diferente de tantos outros dirigentes que nunca o querem largar.

Caro Viriato TEMBE, que bom em nos fazer lembrar a história oficial, mas olha não dizes integralmente como ela era contada naqueles primeiros anos da independência. Aquilo que fomos induzidos cantar, digo.

Mas sem te ofender, pelo visto, tu és um bom seleccionador do que te agrada e talvez muito mais. Portanto, para ti não havia na Frelimo, nos anos 60 e 70 quem ideializasse a economia do mercado, não haviam os que defendiam a burguesia. As lutas eram pelo poder e não haviam projectos? Mas depois do poder???? Se um grupo tinha um projecto de construcão do socialismo/comunismo, o outro não devia ter um projecto diferente e possívelmente contrário? Mas o termo ambicão pelo poder é também oficioso. Infelizmente os contadores dessa história já agora não querem ser confrontados em PÚBLICO. Acho que seria a melhor coisa se esses ainda no poder acusassem os seus vítimas (a propósito, onde estão esses assaninos? Ainda vivos?), mesmo que postumamente. Achados culpados, ajudariamos ao Viriato Tembe na sua proposta de cobrar-lhes o sangue dos seus "vítimas".

Agradar? Para bem te dizer, estas estórias que NÃO SÃO FACTOS, aliás que são factos à la Sérgio Vieira, não me agradam não. Para mim, casos destes deviam ser tratados pelo Tribunal Internacional, em Haia. É pela razão que levanto quando o tal de MARXISTA-NEOLIBERAL, vem mostrar publicamente que estou na sua LISTA NEGRA para amanhã Ele me acusar que assassinei o VIRIATO TEMBE como pretexto para me queimar vivo??? É isso? Então, que me acusem quando vivo para eu puder me defender.

Anónimo disse...

Reflectindo,
Está a negar que Nkavandame desertou para o lado dos portugueses? Está também a negar que Simango participou do movimento dos ultra-colonialistas que tomaram a rádio moçambique e desencadearam a canificina do 7 de Setembro de 1974? Está a negar que Simango escreveu um comunicado de guerra em que afirmava estar a liderar um movimento que havia dado morte a milhares de soldados da Frelimo? Está a negar que ele se assumia como Maoista e, por essa via Marxista e comunista?
Se nega isso consulte as suas fontes de história. Estes não são factos de Sérgio Vieira. São factos da história.
Dizer isso não é defender que ele deveria ter sido morto. Creio que ele, Mondlane, Nkavandame, Muthemba, Nungo, Nkakhomba e muitos outros deveriam estar vivos.
Há vítimas do grupo vencedor, é verdade. Mas há vítimas também do grupo derrotado. É mistificação da história vir aqui dizer-nos que eles eram um cordeirinhos inocentes. Eram políticos com ambição. Mandaram matar também.
Viriato Tembe

Anónimo disse...

senao for morbidez, tai dhlakama com dhla minusculo, desertou do exercito português, desertou do exercito da frelimo e nao està morto alias matou milhares de moçambicanos fora de Mtelele

Anónimo disse...

nao do exercito de frelimo dlhakas foi expulso por erro grave

Reflectindo disse...

Caro Viriato Tembe,

preciso é saber quem escreveu essa história de que me recomendas? Podes me dar a bibliografia? Já leste outras obras para comparar as tuas fontes? Tens certeza de quem matou quem? Tens actas da justica que confirma isso? Achas que o difícil é acusar alguém que tenha morto alguém mesmo que seja para omitir o verdadeiro assassino?

E agora que podemos discutir sobre o conteúdo do que se estuda, está incluso no courriculo o que contas?

Olha, nas outras obras que leio há muita contradicao em relacao a história oficial.

Quanto ao Urias Simango, falas do tanto sem comecar pela usurpacao e violacao dos estutos da frelimo pelo tal grupo vencedor, porquê? Se Urias Simango tinha alguma inspiracao moista, será o mesmo que estava contra a economia do mercado?

Estás a contar o que te agrada e como estás no lado dos vencedores, proponho-te a sugerires lá no quartel para se abrirem os arquivos e comecarmos discutir a história de Mocambique com muita seriedade.

Reflectindo disse...

Caro Viriato Tembe

Apenas para acrescentar sugiro-te uma luta para a criacão duma Comissão da Verdade e Reconciliacão.

Concordas comigo?

Anónimo disse...

Caro Viriato Tembe ... Ohh Viriato Tembe!!! Tu tens que abrir a tua mente ... Tens que sair la dos arquivos historicos ... "A tua mente eh lavada em cada boa nota que tiras" Azagaia

Mas tenho que dar-t algum credito por saber ler e escrever, tu aumentas as nossas estatisticas ... mas tiro-te merito por nao saber analisar

1. "Simango foi re-educado porque se meteu numa guerra pelo poder dentro da Frelimo"

Para responder a esse ponto 1 eu pergunto-te o que eh a Frelimo ... alias, o que era a Frelimo de 1974? Era uma Frente de libertacao de Mocambique; hehehe ... eu tambem sei ler ...

E o que era a Frelimo de Mondlane, aquela de 1960? Era uma uniao dos varios movimentos Mocambicanos que tinham como objectivo a independencia completa e irreversivel de Mocambique atraves de frentes diplomaticas (intelectual) e armadas, e que apos a independencia iria desintegrar-se para dar vagar a eleicoes livres e justas em que todos mocambicanos originarios poderiam participar (Mas, espera ai, essa eh a Frelimo de Mondlane? mas nao foi esse um dos pontos que inumeraste como possivel causa da morte de Simango ... hey, podemos silogisticamente inferir que se Eduardo Chivambo Mondlane estivesse vivo ele teria que ser "re-educado"?)

2."... a Frelimo se achava com legitimidade revolucionária;"
Eu nao sei se escreves isto como ponto de concordia, ou so para contextualizar-nos. Mas o escrito auto-derrota-se ... entao, sem comentarios ... A priori ficaria tentado a chamar isto de ambicao desmedida ... but once agian, eu nao posso julgar-lhes, porque como o Reflectindo disse e bem, da nossa historia so sabemos o que nos eh dito "... que bom em nos fazer lembrar a história oficial, ... Aquilo que fomos induzidos a cantar"

As acusacoes de sabotagem militar que atribuis a Simango, insere-se naquilo que os britanicos chamam de "winner takes all". Tu acreditas que Urias Simango foi cumplice no assassinato de Eduardo Mondlane? Serio? Se nao acreditas entao so deverias ter escrito o teu primeiro ponto ...

"Simango foi re-educado porque se meteu numa guerra pelo poder dentro da Frelimo"

E nao foi isso que acabamos dando a Renamo? o direito de concorrer pelo poder em Mocambique? ... a Dhlakama, um individuo bem menos educado do que Urias Simango ... Bem vivinho da silva, vivendo nos melhores bairros da nossa urbe ... e vamos la calcular o numero de mortes nas suas costas

Caro Viriato, nao eh ideal entrar numa dialectica sobre a historia de uma Frelimo secreta e com uma disciplina partidaria incomparavel. Eu, tu e todos nos sabemos que certamente tais segredos serao enterrados com eles.

Como comecaste eu termino:

"Nestes comentários mistura-se muita informação confusa"

Caro Viriato, na historia de Mocambique "ha muita informacao confusa", e eh em busca dessa verdade que nos estamos, nos somos amigos do saber ... tu pareces satisfeito com a versao oficial

Laude Guiry

Anónimo disse...

Laude e Reflectindo,
Leiam a biografia de Simango, escrita por Barnabé Lucas Nkomo. Confirma todas as informações que aqui coloquei, ainda que tente justificar o procedimento. Nesse livro hão-de encontrar outra coisa que eu não disse. Simango e seus amigos, dentro da Frelimo criou uma organização sediciosa chamada MRUP, que tinha como objectivo subverter a Frelimo por dentro e tomar o poder.
Como se castiga a sedição, a traição e a aliança com o inimigo num contexto revolucionário? Como é que as guerrilhas que lutaram contra Hitler na Europa tratavam de fenómenos como estes. Com base nos direitos humanos?
O problema é que, muitas vezes, nós queremos avaliar decisões tomadas num contexto de euforia revolucionária com aquelas que se tomam no contexto de um Estado de direito consolidado.
Apontem-me uma única guerrilha no mundo que não tenha fusilado os seus "traidores".
Para aqueles que dizem que Simango foi eleito vice-presidente pelo segundo congresso, acrescentar este dado: Simango concorreu contra Mondlane naquele congresso. Concorreram em listas e projectos diferentes. Simango foi derrotado nessas eleições. Foi Mondlane que, num gesto de unidade e de harmonização, indicou Simango para vice-presidente. Não foi através de nenhuma eleição de congresso. Para aqueles que gostam de fontes: Barnabé Lucas Nkomo, que não pode ser acusado de "Marxista", "Frelimista", pois é da Renamo e profundo admirador do velho nacionalista morto em Niassa.
Viriato Tembe

Anónimo disse...

é o 1°livro que leste na tua vida ou o quê

Reflectindo disse...

Caros Viriato Tembe e Laude Guiry

Esta conversa que já não tem nada a ver com o tema do post terá que continuar duma ou doutra forma. Zangue-se ou não Carlos Serra, terei que provocá-lo no meu blogue. Contudo, atendendo e respeitando o conforto dos leitores e comentadores deste blogue, eu gostaria de propor que um tema sobre o assunto fosse reaberto, sim, reaberto no Diário de um Sociólogo.

Caro Viriato, acho-te de mau leitor de Barnabé Nkomo ou assim te considereria se eu não te achasse de excelente seleccionador. Mas fazes aqui uma excelente analogia(?) ao dizeres o que o Hitler fazia o que não sei quem (?) o fez também aqui em Moçambique. O facto é que até a morte de Eduardo Mondlane, Uria Simango era vice-presidente da Frelimo. O que os estatutos da Frelimo diziam? Também fazes bem ao reconheceres que entre Eduardo Mondlane e Uria Simango não haviam lá grandes problemas. Laude Guiry escreveu sobre o ideial de Mondlane no Moçambique pos-independente e coincide com o que dizes. Quer dizer, eu interpreto que a Frelimo devia sempre ser entendida como uma união de movimentos de resistência contra o colonialismo português. Afinal quem estava contra este ideial? Seria Uria Simango, o fundador de um dos movimentos de resistência ou os que viram só a Frelimo seu ninho (sem ofender)? Se não fosses seleccionador, começaria por reflectir as razões da criação de tal triunvirato. Talvez tenhas dito ao nos dizeres que era apenas(?) Mondlane que queria Simango seu vice. É isso? E segundo o que afirmas a quem logicamente pode-se atribuir o assassínio de Eduardo Mondlane?

Abraço

P.S. A pergunta do último anónimo é excelente

Anónimo disse...

Concordo com a dica do Reflectindo ... podemos dialogar ... mas deixem-me chegar a Mocambique e ler o livro de Barnabé Nkomo. preciso de uma semana no maximo ...

Viriato ... nao posso dizer se tens razao ou nao, se colocas os factos como tal ou interpretas-te-os a teu bel prazer, terei que ler o livro. Nada melhor do que um debate educativo. Mas obrigado pela dica ... fa-lo-ei

Laude Guiry

Reflectindo disse...

Caros

Outro livro relevalente na história da FRELIMO ou seja na história política de Mocambique desde os anos 60 é: Mozambique: The Tortuous Road to Democracy cujo autor é Joao M. Cabrita. Foi publicado em 1998 e é de fácil acesso em muitas biblotecas de muitos países. O seu autor é também acessível. O livro já tem a versão em Português.