30 junho 2006

Um texto sobre democracia traduzido por Iolanda Aguiar

Bom dia Professor

Saiu este artigo no jornal Le Monde de hoje a propósito do livro "A Democracia" do italiano Luciano Canfora.
Achei-o interesante e por isto traduzi-o, dei-me ao trabalho de traduzir (o que não é o meu prato forte), uma parte do artigo. Mas ao entrar rapidamente em seu blog, não sabia onde colocá-lo, acresce o facto de que não fiz comentário algum, por falta de tempo. Entretanto, julgo que é uma informação a partilhar. Por isto deixo-o ao seu critério.
Aqui vai:

A história no prisma de Canfora

Antes mesmo de aparecer em França o livro do italiano Luciano Canfora, sobre a democracia, foi alvo de uma grande polémica na Alemanha, onde foi recusado pelo editor C.H. Beck, de Munique, mas o texto foi editado por Papyrossa, um editor de Colónia.
(...)
Segundo Daniel Vernet (autor do artigo publicado no Le Monde de hoje, EM VEZ DE DE SER BOCOITADO O TEXTO SOBRE A DEMOCRACIA MERECE UMA DISCUSSÃO SÉRIA. Canfora percorre a história da Europa desde a antiguidade até aos nossos dias. Para ele, aquilo que é costume chamar democracia, pelo menos na sua forma liberal representativa e parlamentar, não é mais que um modo de dominação de grupos dos possuidores sobre os que não possuidores. A verdadeira democracia resulta, escreve ele, “da preponderância (temporária) dos não possuidores ao longo da luta pela conquista da igualdade”.
Através da história, a democracia existiu raramente. Em todo o caso ela não existiu na Grécia antiga, contrariamente ao que se preconiza. Não se encontra autor grego algum que faça elogio da democracia, afirma Canfora. Somente as traduções e as interpretações duvidosas permitem citar o contrário, diz ele, referindo-se a Tucídedes e Péricles.
(...)
Finalmente, para o nosso autor, as democracias “populares” poderiam ter sido verdadeiras democracias se os dirigentes comunistas não tivessem acreditado que o seu sucesso eleitoral do início revezado por “avanços sociais”, lhes conferiria uma legitimidade permanente. Eles acabaram desabando sobre o peso das suas contradições internas e da propaganda ocidental, deixando lugar ao que os Gregos apelariam uma “constituição mista”, o poder de uma oligarquia regularmente legitimada pelo povo. A liberdade, diz Canfora, lamentando, “l’a emporté sur la liberté. Est-ce bien sûr ? Et si c’était vrai, faudrait-il le déplorer?”

(Daniel Vernet in Le Monde, 30/6/06)

Saudações cordiais
Iolanda Aguiar
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Obrigado, Iolanda!

1 comentário:

Anónimo disse...

"A Democracia é o pior sistema político. Exceptuando todos os outros" (Platão).