Como sugestivo título “Povo pobre em ilhas de luxo”, o jornalista Jorge Rungo do semanário “Domingo” mostrou como à volta dos luxuosos hotéis e lodges das quatro ilhas do arquipélago do Bazaruto, na província de Inhambane, cerca de 4.000 pessoas vivem na pobreza, pescando, bebendo cerveja (utxema) fabricada a partir de seiva da palmeira brava e, no caso dos homens, casando com o maior número possível de mulheres (violando-as mesmo, segundo o jornalista) para que elas e os filhos os auxiliem na faina pesqueira.
A essas pessoas falta muita coisa, de escolas a unidades sanitárias. E escreveu Jorge Rungo: “(…) no arquipélago do Bazaruto há mais pistas de aterragem do que escolas, hospitais e outras infra-estruturas sociais” (edição de hoje, p.2).
Enquanto isso, actores de cinema, gestores de multinacionais, vencedoras de concursos de beleza, políticos, etc., frequentam as unidades hoteleiras do arquipélago, banham-se, viajam em iates e deslocam-se em viaturas com tracção às quatro rodas (idem).
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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