Uma secção da Polícia Militar interpelou ontem um jovem estudante da Escola Secundária 12 de Outubro na cidade de Nampula, mesmo em frente à escola, por ele calçar sapatos supostamente militares. Intimado a acompanhar os militares ao quartel, o jovem recusou, apoiado por colegas. Gerou-se uma discussão, um dos soldados, de 23 anos, puxou da pistola e disparou para o peito do estudante, que se encontra sob cuidados intensivos da sala de reanimação do Hospital Central de Nampula, para extracção da bala. O soldado argumentou que os jovens “proferiram palavras injuriosas dizendo que nós não tínhamos nível académico suficiente para procedermos daquela maneira” (“Notícias” de hoje, p. 5).
Este é um exemplo da arbitraridade cruel, da vertigem brutal surgida de uma espécie de pulsão emocional compensatória (possivelmente fruto da acusação de insuficiência académica).
Em fracções de segundo, um jovem militar transformou-se no grande e brutal carrasco.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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