01 outubro 2014

Eleições 2014 e balística política: representações sobre adversários (6)

Sexto número da série. Como já observei, esta série é tributária dos relatos e das análises que vão surgindo na imprensa sobre a construção política dos adversários. Em certos órgãos de informação - escritos, radiofónicos e televisivos - os intelectuais de plantão tudo fazem para salientar as virtudes do seu partido e demonizar tudo que venha do lado adversário, num processo que provavelmente vai agravar-se à medida que nos aproximamos da data das eleições. O que é, afinal, clássico e universal. Num dos seus livros, Michel de Certeau escreveu que o conflito é inerente à vida social e que toda a sociedade se define pelo que exclui, que toda a sociedade se forma diferenciando-se. Formar um grupo é criar, ao mesmo tempo, estrangeiros. Uma estrutura bipolar, essencial a toda a sociedade, cria um "fora" para que exista um "entre nós"; fronteiras, para que possa existir um país interior; "outros" para que o "nós" possa tomar forma. Temos assim uma lei, a lei do grupo - asseverou Michel - que é, também, um princípio de eliminação e de intolerância. União e diferenciação crescem e marcham a par. Cartune reproduzido com a devida vénia daqui.

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