Procuradoria-Geral da República na posse da identidade dos polícias do esquadrão da morte que executou três cidadãos no bairro da Costa do Sol, arredores da cidade de Maputo.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
12 comentários:
Aproveitando a deixa, o Professor viu a actuação brutalmente desumana de um polícia e um guarda comunitário contra um jovem que não queria acatar a proibição de estacionar a sua bicicleta num hospital de Cabo Delgado? A TVM, em atitude incrivelmente inédita, mostrou as imagens, verdadeiramente chocantes, em tempo aparentemente real e sem qualquer alerta para os espectadores quanto à brutalidade a que iam assistir.
Infelizmente não vi...
Foi no telejornal de ontem, numa peça com muito, muito tempo de imagem, e a câmara, que visivelmente não era de nenhum amador, parecia estar mesmo em cima da cena. Acompanhou o arrasto pontapeado e coronhado do jovem até ao que creio ter sido uma cela. O local do incidente não parecia ter muita gente.
Penso tratar-se de um episódio a ser analisado a vários níveis, mas o meu espanto perante a atitude quer do polícia e do guarda quer da TVM foi tão grande que nem sei o que dizer. Pela informação dada no início da peça, fiquei com a ideia que o jovem morreu.
Isso é grave. Mas é interessante saber-se que isso foi mostrado pela TVM, regra geral muito circunspecta no que a esse tipo de fenómenos concerne. O fenómeno é chocante, mas está remetido para um caso e não para casos sistemáticos sistematicamente mostrados pela TVM. De qualquer das formas, recorde-se que o Ministério do Interior reconheceu há dias os desmandos cometidos pelos jovens da polícia comunitária (uma unidade acabou de ser formada para actuar no bairro Polana-Cimento aqui em Maputo). Eu próprio sei disso na sequência do diálogo mantido com moradores de bairros periféricos no estudo que dirijo sobre linchamentos. Abraço.
Agora a PGR precisa se proteger. No Brasil quando isso acontece eles são ameaçados e correm risco de vida.
O que diz Roseane deve ser tomado em conta.
Ainda sobre o caso do hospital - de Pemba, creio - há muitas questões que podem ser simples coincidências, é verdade, mas que talvez mereçam ser consideradas, tanto da parte do polícia e do guarda comunitário(que, na peça, agiram em perfeita sincronia) como da parte da TVM: a tremenda violência para o que pela peça parece ser uma desobediência simples à autoridade,o polícia não impedir a filmagem (estando a câmara aparentemente tão perto, se é que estava), o tempo dedicado à peça, a não filtragem na edição, o não alertarem-se os espectadores para a violência, e a própria singularidade do caso na estação televisiva estatal.
Sem dúvida dados a ter em conta!
A TVM voltou a referir o caso do jovem, que de facto morreu(uma crudelíssima matança, digo eu) e informou que os dois policiais estão presos. A acompanhar novamente no telejornal.
estarei atento, obrigado.
O caso do jovem foi em Mueda e não em Pemba, e agora no telejornal foram nitidamente evitadas as imagens mais violentas. Não se viram nem os pontapés nem as corunhadas.
Mas afinal o jovem morreu ou não? Fiquei novamente com a dúvida, pois um amigo, idoso, me tinha dito que sim dito que sim, citando o resumo noticioso da TVM. Se dei aqui uma informação errada, as minhas desculpas. Mas alguém terá visto as várias notícias com mais atenção?
Também ainda não consegui apurar.
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