06 fevereiro 2015

Renamo: desobediência civil como estratégia política (7)

Sétimo número da série. Permaneço no ponto 3 do sumário proposto aqui, a saber: 3. Níveis de operacionalização, igualmente no subponto 3.2. Cesarismo. O presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, é um líder vincadamente cesarista, a vários níveis. Por exemplo, gosta muito de falar de si próprio. Esta paixão por si próprio, quase narcísica, tem duas modalidades: a da primeira pessoa do singular "(eu sou o mais forte" ou "eu não irei permitir") e a da terceira pessoa do singular ("O Dhlakama vai ganhar" ou "O Dhlakama não vai permitir"). Decididamente, Friedrich Nietzsche estava enganado quando um dia escreveu que "falar muito sobre si próprio pode também ser um meio de se ocultar." Mas, mais importante, é o permanente recurso de Dhlakama à ameaça castrense, directa ou indirecta, regra geral rude. Mesmo quando afirma "Não vamos regressar mais à guerra", deixa claro algo como "Mas se eles nos provocarem vão ver o que acontece". Há na Wikipédia uma boa definição do cesarismo, a saber: "Cesarismo (de Júlio César) é um conceito utilizado por diversos autores para definir um sistema de governo centrado na autoridade suprema de um chefe militar e na crença em sua capacidade pessoal, à qual são atribuídos traços heróicos. Este líder, surgido em momentos de inflexão política, se apresenta como a alternativa para regenerar a sociedade ou conjurar hipotéticos perigos internos e externos. Por isso, este tipo de governo costuma apresentar elementos de culto da personalidade." AquiSe não se importam, prossigo mais tarde.
Adenda 1: Do cesarismo de Dhlakama: "O líder do partido Renamo deixa claro que “não há guerra” mas não vai tolerar provocações. “Quero deixar claro aos comunistas da Frelimo se tentarem provocar a Renamo, tentarem disparar para a Renamo, juro pela alma da minha mãe que a resposta não será aqui no norte (...) agora é aquecer lá, nos prédios lá, lá em Maputo onde estão os chefes”. Aqui.
Adenda 2: segundo o "Verdade/Facebook", Dhlakama autoproclamou-se herói. Aqui.

1 comentário:

Sir Baba Sharubu disse...

Quantas ja sao as republicas MOZ ?
A Republica Autonoma do Norte de MOZ(RANOMO)do general Chipande, aquele
dos poucos tiros bons que MOZ jamais disparou.
A RACEMO(Centro) do pai Afonso, heroi e chefe da oposiçao que nunca a fez.
A RENEMO(Republica dos Negocios MOZ) do general Guebuza.
REMOBI(Republica MOZ da Bacia do Incomati). Esta é a minha e tem a capital na Moamba.
Chissano e Mocumbi, que ja deram muito pelo engrandecimento de MOZ, antes e depois da independencia, recusaram republicas. Ainda bem.