Sexto número da série. Permaneço no ponto 3 do sumário proposto aqui, a saber: 3. Níveis de operacionalização, agora no subponto 3.2. Cesarismo. Os partidos políticos da oposição são, em princípio, mais propensos ao cesarismo. Por quê? Por que isso está na sua natureza? Não, porque, por hipótese, não estão a gerir o Estado. Um partido que controle o Estado tem, em princípio, mais possibilidade de distribuir, descentralizar e disfarçar o cesarismo central por múltiplas pequenas unidades na cadeia de comando, (1) amortecendo os protestos e os choques através da distribuição e rotação de recursos de poder e prestígio e/ou (2) punindo diferenciadamente os protestos através da rede de aparelhos de segurança. A hipótese aqui proposta deve ainda tomar em conta a eventual experiência militar na vida dos partidos. No caso vertente, concernente à desobediência civil, o cesarismo de Afonso Dhlakama, presidente da Renamo, impera de forma absoluta e mediática. Se não se importam, prossigo mais tarde.
Adenda às 07:04: eis uma das facetas cesaristas de Dhlakama: "O líder do partido Renamo deixa claro que “não há guerra” mas não vai tolerar provocações. “Quero deixar claro aos comunistas da Frelimo se tentarem provocar a Renamo, tentarem disparar para a Renamo, juro pela alma da minha mãe que a resposta não será aqui no norte (...) agora é aquecer lá, nos prédios lá, lá em Maputo onde estão os chefes”. Aqui.
2 comentários:
Todas as revoluções são inconformismo em relação a um status quo. Geralmente um inconformismo civil.
Podendo não ser pelos carris de Dlakhama , o comboio da desobediência civil está em formação na sociedade moçambicana.
PS A relatividade do conceito de herói faz com todos possamos sê-lo em alguma coisa.
Afinal deve ser o nosso mais íntimo desejo de sermos monarcas que no
Dhlakama autoproclamou-se herói.
Congratulations, Mozambique.
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