05 fevereiro 2015

Política e Capital não têm "tribo" (3)

"A categorização dos povos africanos em “tribos” remonta ao período da colonização e ainda hoje pode ser lida nas páginas dos jornais, pois os conflitos africanos chegam às salas de redação do mundo todo com manchetes prontas, geralmente provenientes das agências de notícias norte-americanas ou européias.” Aqui.
Terceiro número da série. Prossigo com as hipóteses. Tal como em outros tempos se procurava ex­plicar os efeitos do vinho pelo espírito-do-vinho, o fogo pelo flogisto e os efeitos do ópio pelas suas virtudes dormitivas, também no caso dos países africanos se procura explicar o comportamento político pelo "espírito étnico". Veja-se, por exemplo, o caso das eleições moçambicanas. De cinco em cinco anos procura-se que o espírito etno-regional explique os resultados eleitorais. Pega-se nas cartas étnicas coloniais, sobrepõem-se-lhes em papel vegetal os resultados eleitorais, adicionam-se-lhes meia dúzia de "reflexões teóricas" e de "trabalho de campo" e pronto, o prato étnico está pronto a servir. Lá onde os resultados não encaixam, faz-se literalmente apelo aos acidentes de percurso. Entretanto, temos um novo presidente. E o espírito étnico já está no ar. Assim, um analista terá dito o seguinte sobre Filipe Nyusi: "[...] Nyusi representa também interesses dos makondes, da etnia dele, dos antigos combatentes, que têm também agendas próprias e interesses muito próprios que em condições normais não são compatíveis com os interesses de Guebuza." Aqui. Se não se importam, prossigo mais tarde.

1 comentário:

nachingweya disse...

O que conduz à conclusão de que a UNIDADE NACIONAL é apenas uma união por justa-posiçao de várias etnias para benefício de uns poucos malabaristas e não um projecto de aglutinação dos Moçambicanos em torno de uma Pátria para todos.