02 novembro 2013

Nenhum rio é violento quando as margens não o comprimem

"Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem." - uma extraordinária fórmula extraída de um poema de Bertolt Brecht, fórmula que tenho usado com frequência aqui e em livros meus.
Permiti-me adaptá-la da seguinte maneira: nenhum rio é violento quando as margens não o comprimem.
Vem isso a propósito das manifestações que se realizaram quinta-feira em Maputo, Beira e Quelimane. Nessas manifestações as pessoas expressaram de forma directa, sem rodeios, o que sentiam em relação à sua segurança e aos seus sonhos. Mais: deram ao país e ao mundo um extraordinário exemplo de civismo, de educação.
Provavelmente teríamos tido um quadro sombrio caso os gestores do poder tivessem tentado proibir ou perturbar as manifestações. Mas felizmente isso não sucedeu.
Por outras palavras: nenhum rio é violento quando as margens não o comprimem, nenhum povo é violento quando o poder político não os oprime, nenhuma manifestação é violenta quando não se atribui malevolência a quem se manifesta.

2 comentários:

José Corvo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Salvador Langa disse...

Ora aqui está, nem mais caro Prof. E depois temos os bons e os maus,só que poucos nos dizem quem são os feios.