04 novembro 2013

A "nobre mentira" de Platão

Generosos e sistemáticos anúncios nos jornais e nas televisões do país, dão conta da existência de estabelecimentos de ensino primário e secundário privados oferecendo excepcionais meios de ensino, aprendizagem e recreação. Sem dúvida que essa aposta na qualidade deve alegrar-nos muito. O problema começa quando comparamos o que privadamente é oferecido no mercado com o que existe nas escolas estatais. Uma diferença pungente que faz evocar a "nobre mentira" de Platão.
De acordo com uma história aparentemente fenícia citada por Platão, haveria que ensinar nas escolas a «nobre mentira» (sic) de que os seres humanos vieram ao mundo todos irmãos mas feitos de metais diferentes, a saber: o ouro para os que deviam comandar, uma mistura de ouro e de prata para os auxiliares e uma mistura de ferro e de bronze para os trabalhadores. Como a vida se poderia encarregar de misturar os metais, haveria, então, que vigiar todo o processo de montante a juzante e pôr rapidamente cobro a qualquer tipo de alteração da ordem social. [Platon, La République. Paris: GF-Flammarion, 1966, pp. 166-167].

1 comentário:

nachingweya disse...

O problema começa quando quem toma o comando é apenas barro dourado com punhos de ferro. Aí ai do ouro e ate do bronze.