17 janeiro 2010

A arte de resistir às palavras


Nem sempre é fácil resistir às palavras açucaradas, do tipo considerado neutro, em toda a sua sedução. Uma sugestão: de Pierre Bourdieu, leiam uma entrevista inserta no seu livro "Questões de sociologia", com o título "A arte de resistir às palavras", aqui.

5 comentários:

ricardo disse...

Temos 1/4 de milhao de ENARCAS para socializar em Mocambique. E que votam disciplinadamente na mesma ementa a cada 5 anos.

Se contracultura forem manifestações que vão contra os valores vigentes de uma época. Sejam eles positivos ou negativos, penso que sintetizei a definicao que o douto entrevistado DIZ SER MUITO DIFICIL.

E neste caso, MC Roger e Cia manifestam-se contra o establishment de alguns intelectuais conhecidos (O Oraculo de Delphos domestico) da praca. Por isso, ele e um paradigma da contra-cultura urbana. Mas se me pedirem para classificar o que faz. Ai sim, trata-se de outra conversa.

Tomei a liberdade de transcrever tambem este texto:

"...Teorias sobre contracultura, seu nascimento, como ela está presente na cultura atual. São muitos os textos sobre esse meio alternativo de produzir arte e ideias, como muitos também são os movimentos inseridos nesse contexto: PROVOS, HIPPIES, BEATS, ANARQUISMO. Depois de um tempo lendo as teorias e o que era produzido, arrisco dar o palpite de que não existe teoria certa que determine o nascimento da contracultura, já que ao meu ver, as atitudes são a maior característica desse meio alternativo. Bem simples, existiu atitudes de contestação de idéias presentes na "dita massa", existiu contracultura.
Da contracultura à cultura de massa, o caminho é subtil. "Movimentos" desse tipo não estão preocupados em explicações ou em teorias que os PROVEM SER verdadeiros, eles existem como forma de contestação de idéias e discursos empregados para manter uma massa alienada sob controle. Incomodar aos acomodados que insistem em ser burros, mostrar a classe dominante - nos dias atuais diria aos políticos e detentores de poder público -que nem todos estão cegos ao que acontece e apesar de parecer aquela estória do beija-flor tentando apagar o incêndio é através de movimentos contestatórios ditos algumas vezes contraculturais que se está conseguindo fazer um pouco a diferença.
Atitude e arte, consciência através da cultura. Contracultura não é uma ideologia nostálgica para ser lembrada pelos mais velhos, é uma atitude a ser vivida.

Luciano Dantas

in http://www.contrac.hpg.ig.com.br/a_editorial_contracultura.htm "

Abdul Karim disse...

A questao da contracultura 'e muito interessante...

Unknown disse...

Ricardo,

"E neste caso, MC Roger e Cia manifestam-se contra o establishment de alguns intelectuais conhecidos (O Oraculo de Delphos domestico) da praca. Por isso, ele e um paradigma da contra-cultura urbana. Mas se me pedirem para classificar o que faz. Ai sim, trata-se de outra conversa."

Não considero o MC Roger um contraculturalista.

Porque se não vejamos, qual é a cultura dos moçambicanos?

venerar, sublimar,atitude passífica, tolerante, tímido,ignorante do lado mau das coisas, etc... esta é a cultura do moçambicano incluindo os mesmos intelectuais "rebeldes sem causa", inculcado pela inculturalização feita pela colonização com a ajuda da igreja católica e outras igrejas usando o "cristianismo de opressão", infelizmente o poder no seu geral de hoje galvaniza, cristaliza, renova esta forma cultural de estar!através de promoções e repressão dos que horam, e os que apoiando-se da ciência saiem fora desta rede respectivamente.

veja a população de Gaza, não estam preocupado com a falta de tudo quanto vivem! quando chegar a vez entregam o voto a quem devia ter proporcionado! as razões não importam, culturalmente (imobilidade mental) é assim...

Portanto, o MC Roger é um imobilizado mental, é um culturalista dogmático,orgânico, ideologizado em absoluto, com o agravante de não ter aproveitado as oportunidades de aprendizagem científica que o Governo da FRELIMO oferece aos moçambicanos piora o culturalismo sego dele. a falta de modestia é a caracteristica primordial dos pouco alfabetizados.

Sabe, "o amante da pátria" não pertence à classe dos ignorante porque o segundo pelomenos tem noção do seu carácter. coptados, foram os cientistas moçambicanos de ontem que não foram rebeldes quando deviam ser! com a Geração da viragem verdadeiros contraculturalistas os que fizeram a cultura moçambicana de passíficos olham-se à nora e correm contra os ponteros...

Pensa comigo

ricardo disse...

Tenho para mim duas coisas devem ser apartadas aqui.

Uma e um problema de dificil resolucao chamado "sindrome de Estocolmo" e que afecta a maioria da populacao Mocambicana. A todos os niveis, responsavel muito em particular pelo que acontece em Gaza, mas tambem aqui perto na MATOLA.

Outra, e a contra-cultura urbana (sublinho urbana) que MC Roger, mas tambem a Dama do Bling, a Lizha James e todo esse sub-produto comercial descartavel que apareceu a contrapor o que era o establishment cultural ate entao: Mucavele, Xidiminguana, etc. Porque, com efeito, o que esses jovens fizeram foi exactamente no sentido contrario a essas formas culturais ate entao aceites como representativas dos mocambicanos, o que, tambem, era muito discutivel. Assim, segundo a definicao que avancei, defendo tratar-se contra-cultura urbana. Poderao dizer-me que o MC Roger em particular alinha-se demasiado com o poder. E verdade, mas como disse, o que esta em causa para mim e a manifestacao cultural e nao, como alias tambem defendo, classificar o que ele e, como conduz o seu BMW, ou mesmo como se veste quando vai a retrete.

Unknown disse...

Muito bem ricardo, obrigado por esta contribuição.

"o que esta em causa para mim e a manifestacao cultural e nao, como alias tambem defendo, classificar o que ele e, como conduz o seu BMW, ou mesmo como se veste quando vai a retrete."

Concordo com a atitude rebelde do MC Roger quanto à pimbagem da sua "música".

Agora, (posso estar equivocado) quando a mulher muçambicana se veste da capulana quando vai às cerimónias familiares ou de Estado é uma manifestação cultural, quando conduz o seu marido é uma contracultura porque o homem (macho) na nossa cultura é que dirige a carroça.

Concordo também com o mal "sindrome de Estocolmo" mas a razão devia ser nossa preocupação. não compreendo o facto de os bimbeiros serem os melhores patrocinados pelas companhias políticas e económicas do nosso país! agora sim foi mais perceptível.

obrigado mano