15 julho 2008

Zimbabwe: líderes religiosos criticam eleição presidencial

Segundo a BBC, pela primeira vez líderes religiosos do Zimbabwe pronunciaram-se sobre os resultados da eleição presidencial de 27 de Junho e disseram que não reflectem o desejo do povo, que as pessoas foram sujeitas a violência multilateral. Confira aqui. Se quer ler em português, utilize este tradutor. Obrigado ao Ricardo, meu correspondente em Paris, pelo envio da referência.

14 comentários:

Ivone Soares disse...

Já o (falecido)Papa João Paulo II dera mostras de quão importante é o papel da Igreja pela forma engajada como insurgiu-se contra o Comunismo, graças a Deus ele testemunhou a queda do muro de Berlim, oxalá possamos todos nós testemunhar a queda dos regimes ditatoriais que teimam em afogar as populaçoes em pobreza e desgraça.

Xiluva/SARA disse...

Esses servos de Deus devem estar ao serviço do imperialismo...

Anónimo disse...

Acho complicado opiniar sobre religião, mas no fundo sempre tem algum interesse por trás...

Carlos Serra disse...

Guilherme, a Sara é um irónica "terrible"...

Anónimo disse...

A selecção criteriosa das opiniões dos zimbabweanos sobre as eleições! Será que o seu correspondente em Paris não encontra referências de outras entidades, com outro tipo de opiniões sobre o Zimbabwe.

A manipulação não está só na mentira aberta. Ela está presente na forma como se seleccionam e se apresentam os acontecimentos.

E neste caso sinto que está a haver uma grande dose de manipulação.

GM

Anónimo disse...

Caro GM,

Tem toda a razão, talvez a fonte mais citada aqui no blog sobre o Zimbabwe é o Herald de Harare e essa manipulação deve acabar. Apoiado!

Anónimo (que remédio)

Sir Baba Sharubu disse...

And the Mozambique churches, have they already commented on the ZIM situation ?

Carlos Serra disse...

Not yet I think, sir baba.

Anónimo disse...

Caro GM

Pode ser seleccão ou não de opinião dos zimbabweano, mas gostaria saber o que você acha daquelas eleicões. Gostaria que as nossas fossem como aquelas do Mugabe?

Abraco reflectindo

Anónimo disse...

Caro Reflectindo

A crise do Zimbabwe ultrapassa o problema eleitoral. A questão lá não é quem vai governar. As eleições são apenas um apéndice. O que os zimbabweanos devem resolver tem a ver com a questão da terra.

Quando os líderes de África ficam do lado de Mugabe não o fazem por causa dos seus olhos bonitos. Quando os británicos ficam do lado de Tsvanguirai não o fazem, também, por ele ser bonito. As duas partes estão divergentes num ponto fundamental: a terra.

Quando o Zimbabwe se entender nesse aspecto haverá paz naquele país. Muita genta só está a ver aqui uma crise eleitoral. A crise é muito mais do que isso.

Há algum factor divisivo no nosso país que possa conduzir àquele nível de polarização que vemos hoje no Zimbabwe? Confesso que não sei. Houve no passado a desconfiança de que a Renamo poderia querer devolver os prédios aos portugueses. Este é um assunto que poderia conduzir a algum tipo de polarização. Creio, todavia, que hoje por hoje, nenguém acredita que a Renamo possa devolver os prédios que Samora nacionalizou. Para além disso há algum outro factor de divisão? Repito que, por ora, não sei.

Não havendo um factor devisivo, as disputas eleitorais têm pouco potencial de levar a uma crise nacional. Fica um assunto dos políticos para o qual eles têm de arranjar uma solução que os satisfaça.

Quantos processos democráticos foram subvertidos no mundo porque determinados interesses (fundamentais) não haviam sido acautelados? Alguém se lembra da Argélia? Alguém se lembra do Hamas, na Palestina? Os interesses fundamentais podem ser de natureza económica, geo-estratégica, religiosa, política, etc.

Democracia é igual em África, no Médio Oriente, na Europa... Os que hoje estão na vanguarda da condenação de Mugabe por ter subvertido o processo eleitoral, eles próprios procederam do mesmo modo na Argélia e na Palestina quando seus interesses foram ignorados.

É pena que vocês, Reflectindo, vejam esses actores políticos como modelos de democracia. Não o são e nunca o foram!

GM

Reflectindo disse...

Caro GM

Obrigado pela tentativa de resposta, mas lamento que não respondeste as minhas perguntas. Porém, baseando-me no teu comentário, dá para continuarmos a falar do assunto. Volto brevemente.

Anónimo disse...

Caro Reflectindo, ao invés de responder se queria ver Moçambique na situação do Zimbabwe, preferi conjenturar sobre o que é que poderia tornar isso possível.

Os povos não entram em guerra porque o desejem, caro reflectindo. As guerras surgem quando essa é a única maneira que resta de harmonizar interesses divergentes. O que está a acontecer no Zimbabwe ultrapassa Mugabe. O ideal seria que, ao mesmo tempo que se lhe remove, as questões sobre o acesso à terra e outros recursos naturais ficasse resolvido. Resolver esse assunto significa que, por exemplo, a raça deixa de ser o único critério de acesso.

Mesmo que corra o risco de me repetir, caríssimo amigo, deixe-me reiterar que aquilo lá é um conflito económico.

GM

Anónimo disse...

Esse tipo de conflitos provoca o sofrimento do povo? Claro que provoca! O povo do Zimbabwe está a sofrer? Claro que está a sofrer? Seria bom que deixasse de sofrer? Claro que seria bom que deixasse de sofrer!

Há duas maneiras de "deixar de sofre": Uma é capitular e desistir de lutar pelo que é justo (neste caso, a terra e os recursos naturais do país). Outra é porfiar na luta, apesar do sofrimento, e vencer! Foi o que fizemos aqui contra os portugueses. Sofremos, porfiamos e vencemos. Foi o que fizeram os zimbabweanos na II CHimurenga. Sofreram, porfiaram e venceram.

GM

Reflectindo disse...

Caro GM

Desculpe-me, por causa de tempo que me falta nao estou conseguindo a manter o diálogo que pretendia e que penso ser possível fazê-lo consigo. Sempre agradeco-lhe pelas pistas de reflexão.

Eu acho que as eleicões do Zimbabwe obrigam-nos a reflectir em relacão a democracia no continente africano e todos nós deviamos estar prontos para responder se aquelo tipo de eleicões haviamos ou não de aceitar em nosso próprio país.

Fazer golpe de estado do tipo, justificando que só ele é quem deve resolver os problemas do Zimbabwe é também inaceitável. O facto de Mugabe não querer largar a lideranca do Zanu-PF é suficiente para compreender a razão do golpe de estado que passou por uma farsa eleicão. Este facto obriga-nos a reflectir sobre não só Mugabe, mas também sobre muitos políticos. É falacioso pensar que uma única pessoa, ainda muito velha, seja a solucão dum país. E, estamos por exemplo a falar de uma pessoa que já estagnou o país.

Ainda bem, meu caro GM, que escreveu que "no passado houve desconfianca que a Renamo ia devolver os prédios nacionalizados aos portugueses. ISTO QUE ESTOU A REFLECTIR E DESENVOLVEREI UM DIA NO MEU BLOG. Desconfianca é uma fantasia que se cria para desestabilizar o adversário/inimigo. Isto já experimentámos em Mocambique desde a luta armada. As calúnias/propagandas durante a guerra civil passavam por isso. Pessoalmente estou admirado que não vejo os tais portugueses na bancada da Renamo. Agora se nunca vimos no manifesto da Renamo escrito que se vencesse as eleicões devolveria os prédios aos portugueses mas se usava como uma propaganda para desestabilizâ-la, porquê no futuro não se encontrará uma outra fantasia? Lembro-me ainda de uma fantasia criada em Mocuba, em 2003, em relacão ao Centro Carter... Isto apenas para dar um exemplo.

A criacão de fantasias para se encontrar a divergência entre os maiores partidos em Mocambique é a coisa mais provável, meu caro amigo. Fantasias como a Frelimo é marxista e a Renamo é ao servico do Ocidente, havemos de ouvir e já ouvimos. Acho que fazemos mal quando acatámos estes discursos fantasiosos que basearmo-nos nos manifestos dos partidos.

Pessoalmente, não concordo definitivamente que exista algum africano, pelo menos político, que queira a recolonizacão de África. Existem sim, diferentes pontos de vista sobre como resolver os problemas do continente e dos países. Nisto o processo democrático é um instrumento para avaliar os melhores pontos de vista.