27 março 2009

Pessoas e chouriços

Da crónica semanal do jornalista Fernando Lima no "Savana" desta semana e com o título em epígrafe: "Montepuez e Mongicual não têm como raiz um problema de impreparação policial. As raízes das mortes sádicas e brutais nestas duas localidades derivam de um conflito que, para muitos, não acabou em Outubro de 1992. Enquanto não enterrarmos estas raízes de ódio e violência nada garante que casos semelhantes não se voltem a verificar. Enquanto as forças da lei e ordem não forem formadas à margem da cartilha partidária, a mesma que enforma os funcionários do Estado e do aparelho judicial que é suposto ser independente, nada garante que notícias funestas e de índole semelhante invadam as nossas casas por via da telefonia e televisão. Enquanto não formos todos cidadãos iguais no mesmo país."

13 comentários:

Anónimo disse...

Professor,

Ao Fernando Lima,

Caro Lima,

Nunca seremos cidadaos iguais no mesmo pais.
esse Governo nao aceita ser igual ao POVO.

Esse Governo ja vem com Lojas Francas para Dirigentes e Estrangeiros, desde o tempo em que o meu avo era vivo.

so para citar mais alguns disparates desse Governo:

i) No final de ano, na STV, a primeira Ministra vinha de boca cheia a dizer que "era normal roubar" referindo aos 7 milhoes do distrito.

ii) Dizia tambem que Mocambique nao vai sofrer com Crise Financeira Mundial "por nao estar esposto a ela"

iii)" a media da dependencia de doacoes no O.E.nos ultimos 4 anos desceu 1 %" dizia a mesma Ministra.

um trimestre passado e vemos:

i.a)Onde roubar 'e normal, niguem vai preso, logo, imponidade para ladroes e cadeia para POVO, como temos POVO 'a mais e pobre, ASFIXIAMO-LO, pedimos doacoes para cadeias, e depois comemos as doacoes, afinal ROUBAR 'E NORMAL - disse nos a nossa primeira Ministra.

ii.a)Hoje diz que a Crise Financeira Vai nos Apertar, afinal ou ela 'e simplesmete Incompetente ou estupida tambem, ao garantir que o POVO e o EMPRESARIADO fosse enganado, tirando a possibelidade de se precaver da Crise em tempo util- esta no Governo ha 20 anos pra ai... desde que o meu avo era VIVO.

iii.a)Se a Media desce 1% em 4 anos, vamos levar 216 anos para deixarmos de depender de doacoes- ela diz isso com Sorriso e Competencia Analitica de 1 Ministra com passagem pela chefia do Ministerio das Financas.

Lima, voce acredita mesmo que mocambique podera ser PAIS, com esses Palhacos no PODER.

MDM podera ser solucao, fazer PIOR que esses BANDIDOS, 'e quase IMPOSSIVEL.

Tenho Dito

MZ

Anónimo disse...

Professor,
A abordagem do MZ é carregada de ódio e não contribui em nada para solução do problema.

Acho que o MZ seria feliz se, no lugar de fazer este triste comentário, colocasse o manifesto eleitoral do MDM.

O Fernando Lima faz um apelo para que a reconciliação nacional seja efectiva. Acho que é não com discursos do MZ que chegamos lá.

Orlando Jaime (Antropólogo)

umBhalane disse...

Caro Mz

Calma, também não é assim!

A situação melhorou bastante!

Leia lá, por favor, e me diga se melhorou ou não.

"Nos últimos quatro anos : Produção nacional superou importações - segundo Luísa Diogo, falando no Parlamento na sessão de perguntas ao Governo"

Fonte: Moçambique para Todos (blogue)

Está a ver?

Anónimo disse...

Não tarda nada, aparecerá o Reflectindo a defender o MZ.
Juvenal

Reflectindo disse...

1. Juvenal, já te disse é muito que não gosto nada das tuas provocacões. O que me parece é que queiras minha resposta. Já me parece não ter outra escolha para um provocador e quem falta respeito aos outros como o Juvenal.

2. O tal de Orlando Jaime que me parece aqui conselheiro é extraordinário. Leia aqui o que andou a escrever. Fala aqui de quê?????????

3. Fernando Lima escreve o que todos sabemos e já dissessemos em vários blogs, embora haja quem negue, mas sem nos provar o contrário com argumentos que nos vencam.

Anónimo disse...

Caro umBhalane,

a situacao melhorou mesmo? onde? em mongicual?

Caro Orlando Jaime,
Odio? porque? por dizer simples o que todos voces tambem veem?

Deveria eu sentir me apaixonado pela Primeira ministra? por ela me tratar a mim POVO como ignorante, rir-se na STV e dizer que tambem sou ladrao?

devria sentir-me feliz, porque EU POVO, sou asfixiado? sou cortado orelhas? sou obrigado a passar fome com melhorias lidas e nunca vistas? Venderam o MEU PAIS, e devo ficar FELIZ?

o facto do SR ser antropologo... eu que nem sei o que significa, deveria perguntar-lhe... a sua Antropologia deixa-lhe CEGO e FELIZ com o pais que tem? o tal de ODIO 'e porque eu POVO gosto de sentir-me assim?

MZ

Reflectindo disse...

Prof Serra, não tenho como resistir em pegar o texto de Fernando Lima para arquivar também no meu blog. É que passei/passámos toda a semana a discutir sobre as causas da chacina de Mogincual e há gente que procura negá-las. Fernando Lima diz e começa o seu artigo naquilo que tenho apontado mesmo neste Diário de um sociológo. Não admiro que Juvenal me provoque falando em defender MZ e não em concordar com Fernando Lima quanto à natureza e caracteristica de vingança e ódio.

Lima conta sobre o que se assistiu na Zambézia e eu digo o que aconteceu na escola e centro internato onde eu era director, onde os meus anos com idade a partir de 10 anos, alunos da escola primária vizinha com idade de 7 anos, mães com crianças com idade inferior a 7 anos do bairro, profesores, missionários católicos, muculmanos, todos os moradores daquela zona foram forçados a assistir a execucão de dois ditos "madjubas". Os dois missionários (um padre e uma irmã) professores revoltaram-se e pediram-me que eu escrevesse uma carta à Ministra de Educacão, na altura a Graça Machel, perguntando-lhe se ensinar a violência era a missão duma instituicão de ensino. Eles prometiam não voltarem a ensinar sem que recebessem a resposta da Ministra.

Resisti em escrever tal carta por medo como muitos podem perceber e a própria diocese de Nampula achou que obrigar-me a fazer isso era expôr-me a um perigo...

Um outro caso, é que naquela região o ódio e a vingança não começaram com esta chacina. Em 1984 saiam soldados do Monapo, seguindo a estrada para Angoche que passa por Liupo com missão de matar-se tudo que fosse animal, pois que os “bandidos armados” se transformavam em macacos, ou pássaros (crença, não é???) quando se apercebessem da presença dos homens da FPLM. Pode-se imaginar aqui quantos camponeses que não foram às aldeias comunais foram mortos. Mais uma vez os missionários de Carapira, em Monapo tiveram que reagir perante o administrador do distrito do Monapo.

Em Muecate aconteceram casos idênticos, casos em que os vítimas foram camponeses (mulheres, velhos, crianças), mas deixem-me parar por aqui...

Para o Juvenal entender bem, felizmente nunca fui soldado da FPLM nem guerrelheiro da Renamo. Digo felizmente porque eu não consigo ver sangue a jorrar. Sou muito sensível. Mas também se não fui soldado foi graças a minha profissão, a de professor, e na altura já existia algum acordo entre o Ministério da Educação e o Ministério da Defesa Nacional. Não estou a condenar quem foi soldado ou guerrilheiro.

Também é bom que o Juvenal quem talvez estava no camarote VIP, eu já fui atacado pela Renamo, numa madrugada e sai da janela só de calção. Mas também já fui ameaçado por soldados das FPLM por eu nunca aceitar que eles viessem fazer e desfazer na minha escola. Nessa altura o SENHOR Juvenal devia estar no camarote VIP onde costuma estar.

Anónimo disse...

Professor,

Eu sou POVO, para MIM lutaram, por MIM governam, mas a MIM me MATAM, a MIM me ASFIXIAM, a MIM me fusilam, Em meu nome PEDEM, Em meu nome COMEM,a MIM so DOR.

Hoje nao me OUVEM, porque dizem-se DOUTORES, eu Continuo MACHAMBEIRO,OPERARIO,MOTORISTA,DESEMPREGADO, PORTADOR DE HIV, ESFOMEADO.

Sou chamado de DESGRACADO, por aqueles em que AUTRORA escolhi para me ORIENTAR, GOVERNAR, TRABALHAR.

SOU POVO, da FRELIMO, de RENAMO, e de OUTROS PARTIDOS. quando falo, dizem sou IGNORANTE, quando choro, dizem ESTA MENDIGAR.quando GRITO sou DOUTRO PARTIDO.

SAO MEUS os que nao me OUVEM, SAO MEUS os que me fazem passar FOME, quando eles estao BARRIGUDOS, sao MEUS esses que estao no PODER.

Entao quem eu SOU?

Sou o POBRE POVO.

sou EU que os pus no PODER.

Nao me DESPREZEM senhores DOUTORES.foi vos dado CONHECIMENTO para me PROTEGER. usem-no para MIM.

peguem nos LIVROS, voltem a ENSINAR o CORRECTO, fazendo o CORRECTO, por MIM e para MIM.

Voces sao MEUS. EU SOU POVO.

MZ

Anónimo disse...

Fico feliz por ter publicado este artigo. Há quem faça de conta que certas coisas nunca aconteceram, mas o passado faz parte da nossa história, negá-lo seria o mesmo que não querer aceitar os factos passados e aprender com os erros cometidos, desta forma evitando-se repetir os mesmos. Isso seria o mesmo que negar que o Holocausto alguma vez tivesse acontecido. Por mais doloroso que seja, convém recordar esses eventos chocantes do após independência. Quando G. Nabi foi executado juntamente com outros, em plena praça pública, muita gente foi obrigada a assistir, mesmo mulheres e crianças, quem tivesse a má sorte de estar conduzindo ou transitando perto da área, foi obrigado a assistir à execução destes 'ladrões'. Houve pessoas que desmaiaram de choque, mesmo mulheres grávidas estavam presentes. Se se deparasse com o portador de uma AK-47, primeiro esperava-se que o cidadão tremesse de medo, em vez de se esperar respeito, em circunstâncias normais. Nós, jovens a entrar na adolescência no após independência, nunca iremos esquecer as atrocidades cometidas durante o regime de S. Machel. Se ele foi um dos maiores heróis moçambicanos, então o nosso conceito de herói deve estar muito deturpado. Na era dele, vivia-se num clima de desconfiança, de opressão, de perseguição, de carencia de bens básicos, tinhamos o cartão de racionamento, onde poderiamos adquirir 1 kg. de açúcar por mês, 1 kg. de arroz por mês, ½ litro de óleo, por cada membro do agregado familiar, etc. - mas nem sempre isto tudo era garantido, houve alturas em que até faltavam alguns destes bens básicos (mas às altas patentes e amiguinhos da Frelimo nada faltava, tinham o seu cartão e a sua loja especial onde podiam adquirir o seu rancho mensal), do tempo de falta de cuidados básicos de saúde, Graça Machel era Ministra da Educação e o sistema de ensino simplesmente entrou em colapso total, etc. Havia falta de liberdade religiosa, não podiamos reunir-nos em células de oração, etc. O tempo livre dos jovens era passado em reuniões de grupos dinamizadores (que para mim eram desanimadores), ou na OMM, ou em reuniões politicas nas escolas, ou lavando casas de banho e limpando as escolas, ou capinando/machambando aos fins de semana. Houve pessoas que desapareceram, que até hoje a familia não sabe do seu paradeiro e assume que tenham morrido ou sido executadas, sem julgamento ou qualquer tipo de processo aberto na esquadra ou Policia. Um primo meu foi simplesmente encontrado morto, no seu quarto, com uma bala na cabeça. Tentaram abafar tudo, dizendo que ele se tinha suicidado, mas sabemos que não é verdade, pois temos provas em contrário. Ele foi 'silenciado' porque simplesmente ocupava um cargo de relevo e sabia 'segredos de Estado' que lhe foram confiados, e como se decidiu casar com alguém desconhecido e que não era membro da comandita da Frelimo, foi-lhe negado esse direito, ele só poderia contrair matrimónio com alguém da mesma 'troupe'. Eu nunca esquecerei, embora na altura ainda fosse muito jovem, vi a dor estampada no rosto de uma mãe ao ter de enterrar o seu filho mais novo, e o sofrimento dos seus irmãos e restante familia. Isto tudo convém recordar para que erros destes e semelhantes não se voltem a repetir, e para que um dia venham dizer que tudo isto nunca aconteceu, que são puras invenções de pessoas reacionárias. Eu vivi e convivi com tudo isto, jamais esquecerei, a mim ninguém me poderá provar o contrário.
Cristina

Anónimo disse...

Que ódio. Não sei como podem construir algo com tanto ódio. Felizmente que são poucos. Só que estão em todos os blogs.

umBhalane disse...

Caro Mz

"Caro umBhalane,

a situacao melhorou mesmo? onde? em mongicual?"

Em resposta às suas questões, por favor, vá à fonte que lhe indiquei, e passe a publicidade, Moçambique para Todos.

Foi lá que vi as referências.

Lá encontra parte das respostas.

umBhalane

Reflectindo disse...

Acho interessante isso de assassinos que se fazem passar de vítimas. Mahmood Mamdani tem aqui um terreno fértil de estudo, se os mocambicanos têm o receio, tal igual têm no estudo da nossa História. Mas uma coisa, aos poucos o povo está se despertando e sabe das verdadeiras causas das mortes nas celas e das prisões arbitrárias: vinganca e ódio.

Anónimo disse...

Caro umBhalane,

esta explicado.

MZ