4. Crença na legitimidade dos gestores das forças do invisível. Escrevi no número anterior que podemos considerar três tipos principais de curandeiros: os adivinhos, os comunicadores e os herbanários. Passo ao terceiro grupo. Os herbanários - falo dos sérios - herdam e aplicam uma enorme fonte empírica de conhecimento sobre curas através da flora. Talvez se possa dizer que eles são os verdadeiros "médicos tradicionais".
Com a vossa permissão, prossigo mais tarde. Foto reproduzida daqui.
(continua)
Adenda: "Para se ter uma ideia, na África do Sul, enquanto há um médico para cada 20 mil habitantes, existe um curandeiro para cada 500 pessoas." Aqui.
Adenda 2: um trabalho do antropólogo Paulo Granjo intitulado "Saúde e doença em Moçambique", aqui.
Adenda 3 às 6:52: a história que dá origem a esta série (atribuição de um marido-espírito a uma jovem de 15 anos) está melhor contada no portal da Rádio Moçambique, aqui.
Adenda 2: um trabalho do antropólogo Paulo Granjo intitulado "Saúde e doença em Moçambique", aqui.
Adenda 3 às 6:52: a história que dá origem a esta série (atribuição de um marido-espírito a uma jovem de 15 anos) está melhor contada no portal da Rádio Moçambique, aqui.
3 comentários:
De acordo consigo. Mas a verdade é que eles não trabalham só com ervas.
Também comunicam com os espíritos...
A Cura empírica em África é provavelmente algo que nos acompanha desde o aparecimento do primeiro habitante do continente negro. Por isso, é inevitável convivermos com ela.
O que é de se lamentar, é a falta de uma abordagem mais racional dela, à semelhança do que fizeram os povos orientais com a Acunpuctura, o Kamasutra, o Yoga, etc. todas elas hoje aceites como complemento à medicina convencional no mundo ocidental, trazida pelos colonos para África.
Esse é o ponto essencial a reter. Os rituais, as crenças e outros esconjuros podem perfeitamente ser desmontados ou confirmados caso haja uma abordagem sistémica do fenómeno.
Moçambique, segundo sei, tem um departamento governamental - mal equipado e assessorado - que lida com a chamada medicina tradicional (mesmo esta denominação é questionável...) que nenhum doador apoia regularmente (e nem o fará nunca, já se vê). Consequentemente nem um jornal de parede é publicado sobre um assunto do mais absoluto interesse nacional!
Com efeito, é a AMETRAMO quem mais visibilidade tem quando se trata de falar destes assuntos. E com ela, todo caleidoscópio espiritual que acompanha o verbo. E isto, quando o negócio de ervas medicinais africanas na Europa é um maná para a indústria farmacêutica mundial. Mas com isso, perde-se uma oportunidade de, por um lado, de acesso universal pela população de ervas e de eficácia 100% comprovada. Eu por exemplo, tratei familiares e amigos, com duas ervas comuns em Moçambique. Uma para a Hepatite B. E outra para as Pedras dos Rins. Empiracamente, porque nem medicina estudei. O certo é que curei, quando os médicos já se preparavam para uma intervenção cirúrgica. Também aprendi que este doseamento empírico é uma espada de dois gumes, podendo até converter-se num problema de saúde pública, como é o caso do uso frequente da Khakhana, que cura Hepatite A e é um excelente depurador do sistema digestivo. Todavia, se tomado em excesso (de acordo com a fisiologia do paciente) diminui drasticamente o teor de glicose no sangue. Mas isso pode-se tornar num problema muito sério se estivermos a falar de diabéticos, ou doentes com Hepatite B.
Por isso, neste particular, bom seria se fossemos como os chineses...
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