23 janeiro 2012

Angola: a terceira alternativa

O mais recente texto de Marcolino Moco, em seu portal, aqui. Postagens anteriores neste diário, aqui. Imagem reproduzida daqui.

3 comentários:

Salvador Langa disse...

Angolano corajoso.

Marta disse...

E que sabe pensar...

ricardo disse...

Muita parra. Pouca uva. Poderia ter dito o que disse em dois parágrafos...o seu decálogo político "pau para toda colher" que ninguém, vivendo fora de Angola poderia no seu juízo normal recusa-lo. Justamente, porque no que respeita à opinião pública e pluralismos da informação, Angola nunca foi um estado "normal" na SADC. Temos imensos exemplos disso. Cito alguns. Um ministério de Informação. Uma única rádio em cadeia nacional. Três canais de TV, dois públicos e um privado, todos do mesmo patrão. Nenhum canal de rádio e televisão estrangeiros em sinal aberto. E por aí em diante...

Marcolino Moco é um homem íntegro. Mas é politicamente ingénuo, ou faz-se. Porque realmente, até um leigo percebe que o poder político em Angola gira em torno da figura de Eduardo dos Santos, que tal como Kadhaffi ou Houphouet-Boigny, se desmoronará imediatamente após o passamento físico deste, o que poderá suceder a todo o momento. Este acordo bilateral com Portugal é um dos exemplos mais escandalosos do Eduardismo-Científico que governa em Luanda. Outra coisa que Moco parece esquecer, são as contas mal ajustadas do 27 de Maio no MPLA, que periodicamente surgirão até ao desaparecimento físico daquela geração. E para terminar, não conheço nenhum exemplo no mundo de alguém que tenha vencido militarmente um adversário político, com o patrocínio da comunidade internacional, e que tenha cedido o poder quando instado a fazê-lo por opositores políticos (internos e externos) mais fracos. Na minha opinião, esse é que deveria ser o foco da atenção de Moco nas suas reflexões.

Questionar incisivamente: o que seria Angola se Zé Dú desaparecesse como Kim-Jong-Il? De nada vale falar de uma "minoria" que tolhe a paz social e não nomeá-la explicitamente. Se calhar, porque iríamos perceber que Moco também faz implicitamente parte dela(??). Assim como o Tonet, e tantos arautos anti-Zedú (porém, não anti-establishment, digo eu). O que na verdade, pouco difere da realidade de qualquer parte do mundo. Onde normalmente, é nas classes dominantes onde surgem as vozes dissonantes sempre em defesa das causas das classes dominadas, mesmo sem nunca terem tido o cuidado de viver com elas, tornando-se assim inevitável, que sejam apregoados de "invejosos", "apóstolos da desgraça", etc. e tal. E eu não estou a escrever na água, procure-se saber quem são os que se manifestam activamente contra o regime de Luanda hoje. São jovens, intelectuais e outros das famílias mais renomadas daquele país. Até parecem querelas da nobreza mal resolvidas...

Povo mesmo, só aquele que serviu de carne para canhão durante 40 anos de guerra civil. E esse sobrevive como pode nas ruas e campos de Angola.

Ainda que doa a Moco ler isto, eu considero que Zedú é um político com grande visão estratégica e que soube exactamente o que deveria fazer para levantar Angola após vencer Savimbi. O problema é que isso só foi possível por empenho mais de Zedú, do que dos seus ministros. E esse é que é o ponto. Porque é que teve de ser assim?! Dez anos depois, podemos até argumentar que os resultados económicos estão longe de serem socialmente inclusivos, mas é inegável - e isso posso até desafiar Moco a rebatê-lo - que Angola não teria realizado um programa de reabilitação e crescimento económicos tão robustos se fosse somente pela cartilha do FMI e Banco Mundial e outros que também afinam no decálogo "pau-para-toda-colher" de Moco. E o melhor exemplo disso, somos nós, Moçambique. De melhor aluno do FMI/Banco Mundial e caso de sucesso até ao ano 2000, caímos para o estágio actual onde rivalizamos com a Guiné-Bissau...

Mas a memória é curta, como sempre.