Prosseguindo esta série fotográfica sobre Tete, da autoria do jurista e ambientalista Carlos Serra Jr. A cerca de 20 quilómetros da cidade de Tete está a Igreja de São José de Boroma, construída em 1885 e em processo de triste deterioração. Se quiser ampliar a imagem, clique sobre ela com o lado esquerdo do rato.
Adenda às 6:09: confira também aqui.
11 comentários:
Mete pena ver a pintura a sumir.
Como se ve, nao foi pela falta de uso que a mesma caiu no desmazelo total...
Sera por falta de dinheiro? Convenhamos. O Vaticano e o estado mais rico do globo. Contudo, e sempre um pobre Estado. Vide agora o que sucedeu nas jornadas mundiais da Juventude em Espanha. Ate para uma cerimonia religiosa, os ateus e muitos catolicos tiveram de pagar uma fatia dos seus impostos. Estara o Vaticano a pensar em exigir um DIZIMO aos fieis Tetenses?
Não concordo. O comentário aflora alguma imprecisão dos factos.
É verdade que o Vaticano já foi, em tempos idos, o Estado mais rico do mundo.
Actualmente, como disse em comentários anteriores, o Vaticano está preocupado em alimentar os pobres em consequência das políticas irresponsáveis das principais economias mundiais e não só.
Qual a instituição que actualmente salva vidas em Portugal, na Espanha, na Itália, Grécia? É a Igreja Católica através das Cáritas Diocesanas assim como através de outros organismos adstritos.
Além do mais, fala-se do dizimo! O dizimo dos crentes não chega SEQUER para pagar a energia. Faça uma ronda pelas igrejas (Católica) e veja na vitrina a receita. Eu já fiz. Há gente que oferece 1 mt. É verdade.
E a filosofia da Igreja Católica de resto é diferente de outras ceitas, ela sobrevive apenas de caridade, num "Vale de Lágrimas" onde os pobres é que se fazem à missa.
Quanto à igreja, é possível ver pelas imagens que trata de uma construção Manuelina( basta ver pelas paredes altas e grossas e o simbolismo religioso) denunciam a usura. A usura pode ter como consequências a acção do homem ou do tempo. Um edifício, dizia a Professora Antónia Conde, começa a estragar-se a partir do dia da sua inauguração.
Para reabilitar um edifício histórico como vemos na imagem, com centena de anos, não é tarefa fácil, requer estudo, especialização e não só.
1. Estudo e análise do edifício
a) Preenchimento de ficha de observação sensitiva;
b) Sondagens com processos mecânicos e electrónicos;
c) Diagnóstico das patologias detectadas
2.a) Intervenção mínima, não intrusiva;
b) Intervenção reversível;
c) Utilização de materiais testados e compatíveis com os pré-existentes;
3. Elaboração do Caderno de Encargos para o concurso dos projectos de arquitectura, conservação e restauro e engenharias. Deve conter:
a) Condições contratuais
b) Condições jurídicas
c) Condições financeiras
d) Condições técnicas, ETC, ETC, ETC.
Não se pode violar estes requisitos. Os que tentaram não cumprir com estas regras viram alguns edifícios ruir-se na Ilha de Moçambique.Parecendo que não, mas é verdade/
E eu pergunto, onde é que a Igreja Católica vai buscar dinheiro para tudo isto? Mas o Estado NÃO, o Estado tem a ganhar com o turismo, por isso cabe ao Estado (não se esqueçam que o património apesar de pertencer a Igreja Católica está no território Moçambicano onde a terra pertence exclusivamente ao Estado)a sua reabilitação.
Zicomo
PS: Em nenhuma obra de património utiliza-se o termo restauração, salvo se for uma estampa brasileira. A utilização do termo "restauração" para os professores que tive dava direito à reprovação.
Repetindo:
RESTAURAÇÃO- s.f. acto ou efeito de restaurar, reparar, consertar, renovar; reparação, restabelecimento de forças depois de fadiga ou doença, conserto, reaquisição de uma coisa perdida; periodo da historia de Portugal que começou com a revolução de 1 de Dezembro de 1640 e terminou com a assinatura de paz com a Espanha em 1668;periodo da história da França que decorreu desde a deposição definitiva de Napoleão Bonaparte até à proclamação da Segunda República (nas duas últimas acepções grafa-se com inicial maiúscula) ( Do lat. testauratione,«id»)
RESTAURO:s.m. restauração (Der. regr. de restaurar)
[sic: Dicionário de Lingua Portuguesa
Porto Editora, 8ª edição revista e actualizada, 1999, J Almeida e Costa e A. sampaio e Melo pag 1426]
PORTO EDITORA
Rua da Restauração, 365
4099-023 PORTO
PORTUGAL
Tel:(351)22 608 8300
Fax:(351)22 608 8301
Email: pe@portoeditora.pt
www.porteditora.pt
PS:Em cinyanja 'obrigado' pronuncia-se e escreve-se ZIKOMO
Por razão ou razões que ignoro, não foi possível fazer entrar o comentário d eum leitor anónimo, pelo que forço a entrada, assim:
"Cabe ao ESTADO ?
Quem é o Estado? Somos, nem mais nem menos que todos nós!.
O Estado, NÓS, com os impostos que pagamos (receita) apenas conseguimos financiar menos de 50% do que consuminos (despesa).
Logo, deixemo-nos de fantasias: o Estado, neste momento, tem outras prioridades.Turismo ? sim são receitas que podem vir de fora, MAS, o Estado deve preocupar-se mais em criar condições para apoio á PRODUÇÃO."
Se não é o Estado a tratar não é pelo menos ele a exigir? Estado não é todos não.
Existem dicionários à venda de História de Arte nas livrarias portuguesas que podem esclarecer a dúvida do meu interlocutor, custa cada obra 800 Euros. Também pode adquirir os dicionários de arte de autoria do luso-moçambicano Afonso de Almeida Brandão.
Em última análise, veja com o mesmo propósito, as obras de João Brigola ou da Françoais Choay “A Alegoria do Património”.
Penso eu que a Gulbenkian ofereceu às escolas Moçambicanas uma dezena de exemplares de algumas destas obras. Consulte e verá que a forma recomendada pelos especialistas da área, tratando-se de Património, é o termo correcto é RESTAURO.
Não disse em nenhum momento que a palavra "restauração" estava errada. Disse e repito, em Património, usa-se o termo "restauro", salvo certa estampa (publicação) brasileira. Portanto, para mim este assunto está arrumado, se o meu interlocutor quiser insistir está à vontade em o fazer, mas não terá o meu afecto.
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Se o Professor Serra me permitir, gostaria de emitir este desabafo: Fico admirado com tamanha despreocupação e falta de informação que as pessoas têm em relação ao Património Cultural. Ainda que traga exemplos de alguns países europeus e africanos, algumas pessoas insistem (continuam) com a mesma ideia primitiva. Percebe-se.
Para quem não conhece o potencial desta área e as receitas que ela trás para os países, sobretudo para as economias frágeis, é normal ouvi-los dizer "o Estado tem outras preocupações". Valha-me Deus!
Desde quando é que as preocupações do Estado acabam? Comprar 4X4 aos deputados é preocupação? Que seria de Portugal, da França, da Espanha, de Cabo-Verde, do Senegal, do Gana, do Egipto, se os governos não apostassem nesta área? Já que o nosso Estado não pode salvar estes patrimónios (de Boroma), dizem alguns, o que recomendam? Deixar destruir-se.
Por amor de Deus, haja bom senso.
Existem websaites dos governos provinciais e em alguns casos distratais criados por uma equipa de técnicos da extinta xxx, que eu próprio fiz parte durante dois anos, que era para mostrar ao país e ao mundo o património cultural existente no nosso belo país, infelizmente, volvidos 3 anos desde a sua criação, estão lá apenas discursos políticos...
O mesmo não acontece com os websaites dos países que citei acima. Portanto, é uma questão de moralidade em relação à história.
Perguntei noutro dia quantos turistas visitam a Ilha de Moçambique? Meia dúzia.
Porquê? Basta entrar no site da UNESCO é fácil perceber que dos patrimónios mundiais classificados o nosso país aparece na cauda devido aos vários factores, entre eles a conservação.
O ICOMOS tem estado a dizer, em geral, que a má conservação dessas relíquias podem levar à desclassificação.
O papel do Estado é de arranjar recursos para salvar o património (material, imaterial e integrado) do país por forma a incrementar o progresso turístico e cultural.
Mas no nosso país, MATA-SE O TALENTO E PRIVILEGIA-SE OS SABICHÕES DA POLÍTICA. O LEITOR NÃO IMAGINA A DOR QUE SINTO, COMO TÉCNICO DE PATRIMÓNIO, AO VER ESTAS IMAGENS. E NÃO SÓ: TER QUE VER O TRABALHO INICIADO PELO MESTRE MALANGATANA A PERDER-SE NAS BRUMAS DO TEMPO, PARA DEPOIS, DAQUI HÁ VINTE ANOS, OUVIRMOS DIZER QUE O GOVERNO CRIOU UMA COMISSÃO DE SERVIÇO PARA SALVAR O MESMO PATRIMÓNIO QUE HOJE DEIXAM MORRER. ALGUNS AQUI, DIRÁ O TEMPO, ATÉ FARÃO PARTE DESSA EQUIPA.
Zicomo
passaei mais algumas fotos antes de entrar no Zambeze e chegar a Chifunde.
O Banco Ambrosiano (http://pt.wikipedia.org/wiki/Banco_Ambrosiano) era dirigido do Vaticano. E nao era um Banco qualquer... Por isso, que se venha dizer que o Vaticano e pobre, ou que os monges de pes descalcos se alimentam de pao e agua e outras coisas. Que para mim, quem deveria reabilitar aquele templo e o seu proprio proprietario e com o seu proprio dinheiro (http://www.revistabula.com/posts/livros/o-paraiso-fiscal-da-igreja-catolica). E no caso, a Igreja Catolica que la celebra missas e cobra ofertorios todos os dias as almas sedentas de pobres fieis Tetenses.
Ja repararam que desde a Independencia em 1975 a Igreja Catolica nunca construiu um templo novo em Mocambique?
Mas no entanto, tem construido ou reabilitado seminarios, escolas, creches, centros de saude, etc. Ate criou uma universidade (Universidade de Sao Tomas de Mocambique). Porque? Porque dao lucro. Logo, a lei do mercado e ganancia tambem imperam no VATICANO. Se BOROMA fosse FATIMA e tivesse uma auto-estrada para os fieis la irem em penitencia, com os seus dizimos, certamente, ja la haveria uma Basilica como a de Yamoussoukro e nao uma Igreja a cair aos bocados.
> Confesso que fico um pouco à margem desta discussão, pois nunca precisei de ir à casa de Deus para com ele "conversar", e faço-o com alguma frequência, para tentar entender a razão desta passagem, onde à nascença somos condenados a morrer.
> Se Ele não nos visita fisicamente, apenas o faz em espírito, porque não procedermos de igual modo: "on line"!
> Por isso, não me impressiona a monumentalidade dos templos, embora não seja indiferente - obviamente que seria interessante manter este património artístico e cultural - mas impressionam-me bem mais as carências de bem-estar do homem.
> Uma das formas do Estado participar, indirectamente, na reabilitação de monumentos de interesse histórico-cultural, seria ajustar a Lei do Mecenato.
Embora na prática sejamos todos nós a pagar, pois, "ninguém dá nada a ninguém", donde, os mecenas exigirão contrapartidas (deduções fiscais, etc.). Penso que podem encontrara-se equilibrios.
Querem que se ajuste a Lei do MECENATO (em "que?" nunca ninguem se refere. Mas acredito que desejem algumas isencoes fiscais. E assim, oficializa-se a lavagem de dinheiro), ou entao que se faca uma Concordata com os religiosos. Ainda que se saiba, todos eles (ate os falsos messias) tem ja isencoes fiscais.
Portanto, como me referi anteriormente. Tudo e afinal, uma questao de MERCADO. Das almas neste caso. O que a IURD faz numa palhota e muito mais rentavel do a Igreja Catolica faria num templo Manuelino a cair aos bocados.
Pois entao, assumam-no.
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