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Esta manhã, defronte de uma embaixada, numa rua algures desta hoje chuvosa cidade de Maputo. Dois avisos advertem os automobilistas de que não deverão estacionar as viaturas na zona reservada e muito menos nos passeios. Zona reservada e especialmente passeios estão ocupados com viaturas, vários 4x4. Surge de repente um Mercedes último modelo, uma avantajada senhora condu-lo, estaciona mesmo em frente à escadaria da embaixada, no passeio, dificultando ainda mais o acesso e a saída dos peões. A senhora sai com um cartão de banco para ir a uma ATM, sai devagar, pesadamente, sem olhar à volta, completamente à vontade em seu reinado de poder absoluto, hobbeseano. No carro ficou a sua enorme maleta de mão, cabedal puro, vidros fechados, um visível alarme ligado. Como sinto que por vezes a vida é leviatã!
2 comentários:
Retratos comuns da sociedade maputense.
Com efeito, a Polícia (Trânsito e Camarária) parece ter-se especializado mais em extorquir turistas na Quadra Festiva ou a multar ciclistas pasmados por circularem a 150 km/h(!).
Sempre me intrigou o modo selectivo como se reboca um infractor para o parque do Município num maranhal de veículos mal estacionados. Inclusive, já me pús a cogitar sobre quanto custa por todos os dias a "temível furgoneta" rebocadora a circular, 4 guardas armados, combustível e sobressalentes de lés a lés por Maputo inteiro, 365 dias por ano!
Mais valia usar bloqueadores de pneus, como aqueles do aeroporto de Mavalane, certamente mais baratos e fáceis de usar. Os quais, poderiam ser transportados por guardas em bicicleta ou até motorizadas.
Estou certo que o volume de receitas cresceria. E o respeito pelas regras de trânsito também.
Os parquímetros, para determinadas zonas a identificar pelo Município, também são uma saída airosa. Viver em cidade tem os seus custos. E quem tem carro, pode pagar. Quem não pode, anda a pé ou de transporte público.
Mas há outra faceta maputense que o V. relato mostra. O uso da ATM para encorajar o saque de NUMERÁRIO da Banca Comercial. Quando, em outros países, o Cartão de Crédito é o veículo preferencial nas transacções financeiras, uma vez que reduz o custo da emissão do Dinheiro pelo BANCO CENTRAL. Entre nós, a pouca fiabilidade do serviço, o vazio legal do mesmo e as taxas obscuras que aparecem no extracto bancário, afugentam o mais optimista dos clientes.
E porquê?
Porque a ATM viria a pôr a nú a falta de liquidez da nossa Banca Comercial. Mesmo com a limitação de quantias a sacar. O recurso ao "NÃO HÁ SISTEMA" é o que mais ordena, quando a procura é grande.
Quantas vezes é o dinheiro depositado " a la minute" que salva o dia dos desesperados funcionários bancários, que não sabem mais o que dizer a um funcionário público, exaltado, que naquela sexta-feira, pelas 15h30, é mandado voltar na segunda-feira, porque o Cartão está bloqueado ou ainda não foi entregue. Tudo por causa da liquidez deficitária da nossa Banca Comercial.
É uma situação que nenhum Banco moçambicano ainda é capaz de suster.
Que bom ainda se espantar com este tipo de situação. Isso é privilégio dos que ainda sonham. Dos jovens.Dos que acreditam que ainda é possível mudar determinadas situações.
Que bom Professor ainda se espantar.Felicito-o por essa sua capacidade sempre renovada
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