16 janeiro 2010

Ali é primeiro-ministro

Já são conhecidos os primeiros nomes do novo governo do país: por exemplo, o primeiro-ministro é Aires Ali (ex-ministro da Educação, na imagem) e a ministra da Justiça mantém-se, é Benvinda Levy. Logo que puder, darei conta de outros nomes - fonte digna de crédito acaba de me informar que a Rádio Moçambique revelou a primeira-vaga de nomeações no seu noticiário das 12:30.
Adenda às 16:16: a lista dos novos ministros e vice-ministros pode ser conferida em "Outras notícias", aqui. Para os governadores, aqui.
Adenda 2 às 16:38: da Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane, saíram dois vices: Arlindo Chilundo (historiador, Departamento de História, também é director da Escola Central do partido Frelimo) para vice da Educação e Marcelino Liphola (linguista, Centro de Estudos de Línguas Moçambicanas, ex-director do Centro de Estudos Africanos) para vice dos Antigos Combatentes.
Adenda 3 às 17:21: creio que a grande novidade é a nomeação do poeta Armando Artur para ministro da Cultura.
Adenda 4 às 17:24: 29 ministros e 23 vices. Corrijam-me caso tenha contado mal.
Adenda 5 às 18:24: um leitor deste diário recordou, nesta postagem, um poema do poeta Armando Artur - agora ministro - cuja primeira estrofe é a seguinte:
Adenda 6 às 19:27: o citado poema de Armando está num blogue de poesia com o título "Moçambicanto", em postagem de Novembro do ano passado, aqui.
Adenda 7 às 19:48: recordar o que, há dias, afirmou Filipe Paúnde, aqui.
Adenda 8 às 11:06 de 17.01.2010: Luís Covane, ex-vice da Educação e Cultura (ministério agora dividido em dois) e regular porta-voz do anterior governo, não aparece na lista dos nomeados.

14 comentários:

Aderito Magumane disse...

@ verdade online também tem fala do mesmo assunto...

umBhalane disse...

Quando a pátria que é nossa

Quando a pátria que é nossa
É assim esgravatada e repilhada
Até aos limites do seu interior
Por gente nossa e despudorada

Quando a pátria que é nossa
É assim regateada ao preço da gula
E ganância, por gente que jurou
Defendê-la com bravura e valentia

Quando a pátria que é nossa
É assim extorquida e ameaçada
Por gente sem dó e auto-esconjurada
Que não olha a meios senão a fins

Quando a pátria que é nossa
É assim leiloada em praças obscuras
À taxa diária do sangue, suor e lágrimas
De milhões de braços, e uma só força
Por gente ilustre e de colarinho branco

Quando a pátria que é nossa
É assim assaltada pelos flancos da sua
Beleza e contornos da sua geografia
Por gente forasteira de si própria

Quando a pátria que é nossa
É assim deixada à deriva e ao relento
E à mercê dos párias do nosso maior
Descontentamento colectivo

Quando a pátria que é nossa
É assim atraiçoada por essa gente sem
Nome, que se aliança com mercadores
De insónias e arautos do caos e do mal
Em troca do fútil e do asco
Todo silêncio e todo exílio serão

Sempre iguais a pátria que é nossa!

(Armando Artur)

ricardo disse...

A previsivel Renovacao na continuidade.

Continuaremos a ter um governo "em campanha eleitoral permanente". Isto e, se ALGUEM ainda nao se habituou ao estilo de governacao da legislatura anterior, restam-lhe duas alternativas:

a) Ou junta-se a eles e espera a sua vez;

b) Ou pega nas malas e vai-se embora de Mocambique.

Adeus oposicao. Ficara tudo no museus das ideias (ou blogs) sob anonimato.

Continuo a achar que ha ministerios a mais, mostrando que em Mocambique, a acomodacao politica esta em primeiro lugar. Depois vem os interesses da Nacao. E acho ate um improperio nomear um dos arquitectos do descalabro do nosso sistema de Ensino Basico novamente ministro da Educacao!

Duvalierismo puro...

Anónimo disse...

Ricardo falou e disse!

BMatsombe disse...

Que poema que poema minhas senhoras e meus senhores...

umBhalane disse...

"Anónimo disse...
Camarada Presidente,

Li e reli atentamente o seu Compromisso pessoal, como candidato presidencial.
Dessa leitura nasceu este poema que gostaria de partilhá-lo aqui com os internautas:


O teu compromisso,
Camarada Presidente,
É dum filho de África
Que desde a sua mocidade
Entregou-se ao sonho
Dos moçambicanos
E da sua geografia.

O teu compromisso,
Camarada Presidente,
Alteia a nossa auto-estima
E estimula sobretudo
A nossa auto-superação.

O teu compromisso,
Camarada Presidente,
Reacende a urgência de viver
O destino que se esconde
Nas nossas próprias mãos.

O teu compromisso,
Camarada Presidente,
É a certeza que se renova,
Constantemente,
Na nossa querença colectiva.


Bem-haja, Camarada Presidente.
A vitória é certa!

Armando Artur

02/10/09 14:07"

http://armandoguebuza.blogspot.com/2009/09/mocambique-explorando-outras-formas-de.html

Anónimo disse...

Nada é permanente, excepto a mudança (Heráclito)

Reflectindo disse...

Ricardo disse aqui uma coisa importante. Mais do que outra coisa o novo governo mais serve para uma campanha permanente da Frelimo. A seriedade está nos três poderes do Estado.
Tenho dito o mesmo e até tenho dito que nos municípios, a Frelimo está fazendo campanha eleitoral e provando as suas cartas através dos seus administradores/representantes do Estado. Mas atencão para a oposicão, pois em tudo isto há uma armadilha para a oposicão. Se a oposicão copiar actos negativos da Frelimo, por exemplo, o tribalismo e regionalismo na lideranca, aí será o seu fim. Posso estar enganado, mas acredito que um partido com visão clara sobre a unidade nacional, poderá ter sucessos.

Mais uma vez há prova que no nosso país não há interesse pela ética e moral. Por exemplo, nunca esperei que alguém envolvido no caso Aeroportos viria a ser nomeado para fazer parte deste elenco. Mas o mesmo nota-se na Assembleia da República onde assumidos desviadores de donativos foram promovidos. Não podemos esperar que um governo sem ética e moral possa combater a corrupcão e roubos nas empresas públicas.
Noto que uma pessoa com alto nível ético e moral, pelo menos até 2004 quando era governador(a) duma província ficou de fora desta vez.

Anónimo disse...

Eu previa professor que o PM seria do Norte na "Trovoada Étnica".
Com este roque o AEG mata vários problemas: O Étnico, tira a espinha da sua garganta (a Lulu), alinha um forte aliado e amigo, etc...
Um abraço,

Reflectindo disse...

Não conheco Armando Artur, mas pela sua escrita me convence ter moral suficiente para dirigir o Ministério da Cultura, um ministério que julgo bem como parte do da Educacão. Parabéns!

Na minha opinião, seria bom que se diminuissem os ministérios ao invés de se aumentarem. Um ministério é mais dispendioso que uma secretaria de estado.
A formacão do novo governo prova que o que disse Armando Guebuza no dia 14, foi apenas um discurso, o esbanjamento continuará para Mocambique manter-se pedinte.

ricardo disse...

Um mosquito é uma pequena criação da natureza para nos fazer pensar melhor sobre as moscas.
André Guillois


Deixei de reflectir sobre os textos da geracao Charrua quando me apercebi que as melhores tiradas foram pinceladas a luz de Baco.

E principalmente descobri nas minhas andancas que o Poeta e o Homem nunca sao a mesma pessoa.

Por isso, nao estou tao surpreendido com o que me e dado a ver, senao na previsao de imaginar o MC ROGER a gerir um pelouro qualquer ligado a Juventude ou a Contra-Cultura Urbana (novo ministerio).

Mas, a ver vamos, porque ainda ha vagas por preencher...

Reflectindo disse...

Concordo consigo Ricardo, mas ao pedirmos contas a Armando Artur teremos que usar o seu o ser poeta o qual suspeito que tenha sido um dos mérito. Mas sei perfeitamente do que Ricardo diz, pois um dos recém-nomeados já disse em debates que mudava de personagens.

Caro anónimo, tem razão e ganhou pelas suas previsões. O Primeiro-Ministro seria do norte. Eu, em voz baixa, previa que seria um do norte ou do centro, pois tão estúpidos (desculpem-me pelo termo) não são os frelimistas. Mas aqui o Ricardo justifica: uma campanha eleitoral contínua. A Frelimo tinha que usar as pastas governamentais para atacar ou seja, cobrir desde já todas as frentes - todas as regiões, todas as províncias, todas as camadas sociais, a mulher, a juventude, etc, etc.
Repito, os poderes do estado só são três: o executivo dirigido por Guebuza, o legislativo dirigido por Verónica Macamo e o judicial dirigido por Pondja. A seguir destes temos: o Administrativo chefiado por Machatine Munguambe e o Constitucional dirigido por Luís Mondlane...
Mas meus caros, estejamos com muita atenção, esta postura pode não ser apenas devido ao espírito regionalista e tribalista da liderança da Frelimo e o facto de quadros como Eduardo Nihia ter ficado sem “dentes”, devido a fraqueza da Renamo. Creio que tenha sido uma táctica política para cortar os pés do MDM. Guebuza é um estratega, um comissário político muito flexível. E a própria Frelimo tem muitos estrategas. A Frelimo deve ter entendido que a única forma de cortar as pernas do MDM é acantonando-a na Beira quanto muito em Sofala. E isso passará por MDM imitar à Frelimo, por exemplo, concentrando a liderança do partido na Beira e possívelmente entre familiares, para justificar que a Frelimo faz o mesmo. Recordemos que Dhlakama fez o mesmo ao preterir Daviz. Segundo ele, a Frelimo havia preterido Comiche. E, Afonso Dhlakama foi mais longe, ao afirmar em Quelimane que a liderança da Renamo passava por guerrilheiros porque na Frelimo era o que acontecia.
Portanto, se o MDM não fizer o contrário da Frelimo, isso que significa ALTERNATIVA, em 2014 a Frelimo estará sòzinha na Assembleia da República, precisamente como é nas Assembleias Provincias.

ricardo disse...

Novamente a tempestade etnica.

Esse, pode ser um grande assunto na elite urbana, estudada e com pretensoes de ascensao social.

Mas asseguro-vos que, de um modo geral, nao e um discurso permanente para a maioria da populacao.

Por isso, devemos compreender essa redistribuicao de poder como assunto das elites da FRELIMO.

A grande questao e saber se isso e estrategia contra a oposicao. Penso que nao. Para mim, e estrategia de consolidacao do poder na FRELIMO. O que e mais ajustado, porquanto a oposicao esta embalsamada no museu da ideias politicas.

Porquanto esta, tem sido reactiva e nao proactiva. Ate hoje, ela "reage" aos estimulos da FRELIMO. Nao se lhe concebe "ideia propria" - por exemplo, falar da eleicao UNINOMINAL, um tema fracturante. Defender a distribuicao efectiva do poder, nao pelos cargos de circunstancia, mas pelo acesso as fontes de riqueza. A Beira e um excelente exemplo em que o "poder economico" e comandado de MAPUTO (nao por maputenses). Em NACALA passa-se a mesma coisa. Em PEMBA, QUELIMANE, TETE, LICHINGA idem. Que iniciativa e concedida aos LOCAIS para alem das lamurias na AR? Aqui mesmo levantei e exemplifiquei, com alusao a experiencia Germanica, o numero excessivo de ministerios nos Governos deste pais desde 1975, quando o principal problema burocratico do PAIS e a falta de coordenacao entre ministerios. Onde ate se chega ao ponto de se criar uma profusao de "Unidades Tecnicas" quando o ministro "nao confia" num director nacional - Mas e este o discurso da oposicao?!

Portanto, ela nao e a principal preocupacao de Guebuza.

Guebuza governara em campanha, porque foi uma formula resolvente que deu certo na I Legislatura. Permitiu-lhe manter e consolidar o poder. E afastar varios incomodos, como J. Chissano e Cia. E finalmente, a D. Lulu para assim arrumar a questao A.Silva e com isto, sinalizar para dentro (Juridico) e para fora (Doadores) que ele esta "comprometido" em endireitar a Justica, afinal, a principal arma de arremesso contra a FRELIMO.

Chilundo, aparece na Educacao para nos dizer que o Ensino sera ainda mais liturgico, quase Duvalierano, como alias sempre foi o pensamento do novo titular da Educacao sobre o Sistema de Avaliacao do Colono que segundo Martins "... o CHUMBO era uma maneira que os Colonos usavam para impedir os negros de ascender socialmente...". E uma mensagem ao Juiz Marroa de que esta na hora do show acabar. Porque agora as contas sao outras.

Mas esta II Legislatura e ainda um Governo que reflecte desconfianca de Guebuza para com muitos dos seus pares na FRELIMO. Por isso, coloca nas posicoes-chave correlegionarios de longa data. E ate familiares sanguineos ou co-sanguineos. Com uma maioria absolutissima na AR, nao haveria necessidade disso. Mas havera, porque as PROPOSTAS TREMENDAS de mudanca da Lei Mae que por ai veem irao revolver muitos tumulos ate na Praca do Herois.

Nem imagino do lado da oposicao...

Anónimo disse...

Questionário:

Lá para o meio do mandato o poeta terá:

a) 1 Prado

b) 1 Cherokee

c) 1 Hummer