Escreve o Magazine Independente desta semana, em trabalho do jornalista Vasco da Gama, que, na sequência de um protesto sexta-feira passada dos antigos guerrilheiros da Renamo em Nampula, no decorrer do qual teriam feito refém o secretário-geral do partido, Ossufo Momade - agora em parte incerta, segundo o semanário -, "as exigências dos ex-guerrilheiros iam para além de uma simples explicação dos desaires eleitorais, mas que gostariam de saber sobre o seu futuro e quando a Renamo ascenderá ao poder, para lhes garantir emprego, tal como lhes havia sido prometido no tempo da guerra" (p. 2).
Ora aqui está uma coisinha simples, que vale bem mais do que montes de compêndios de ciência política: a política serva para arranjarmos emprego. Mas emprego em sentido multidimensional.
Sem dúvida que gente há que anda na política com espírito missionário, independentemente do destino das suas almas. Mas parece-me sensato defender que, no geral, andar por sistema em partidos e em eleições significa tentar chegar lá onde habitam não os deuses distantes, mas os humanos, os prosaicos recursos de poder, os cargos, os empregos, as remunerações, as prebendas, as sinecuras, as comissões, o prestígio, os altares de comando e patronagem.
Não tenho qualquer dúvida de que enormes e fatigantes estradas de reverência se abrem todos os dias para chegar aos ouvidos e à benemerência dos gestores da Pereira do Lago e da Praça Maringué. Não são campanhas de educação cívica, não, mas autênticas campanhas de educação física. Próximas as eleições legislativas e presidenciais, acabadas as autárquicas. Uns entram, outros continuam na eterna e afanosa espera.
Por que haviam os ex-guerrilheiros da Renamo de ficar atrás na corrida?
2 comentários:
Caro Prof.
Se encontrar um "cidadão" livre está perante um Homem exepcional.
Vamos lá, deixe-me ter um pouco, só um pouco de ironia...
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