Sociólogos: amanhã é o dia da nossa mesa-redonda ("A sociologia em Moçambique"), não vos esqueçais, 9 horas, campus universitário, anfiteatro do Departamento de Sociologia (novas instalações).
Mas o convite é, naturalmente, extensivo a todos os cientistas sociais.
Até amanhã, então!
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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6 comentários:
Em busca do ‘Homo sociologicus’!
Em mesa-redonda debateríeis amanhã a sociologia em Moçambique.
Não seria escusado colocar uma questão ontológica sobre a existência da sociologia em Moçambique. Existe sociologia em Moçambique? Isto para não falarmos de uma sociologia Moçambicana, assim como existem as sociologias Britânica, Francesa, Americana, Brasileira etc caracterizadas por tradições sui-generis de colocar o social em questão. Assim se configura, basicamente, o espaço da geopolítica do conhecimento sociológico no universo.
A formulação do tema proposto para a mesa-redonda é neste aspecto neutral com relação a uma possível resposta para aquela questão. Não emite doxa alguma com relação a existência ou não da sociologia em Moçambique.Atitude Prudente. Mas permite que iniciemos uma reflexão sobre o nosso lugar no espaço da produção desse bem cultural que é a sociologia no nosso pais.
Carlos Serra afirmara, e com razão, suponho, em “Combates Pela Mentalidade Sociológica de 1997” que não existe tradição de sociologia no país. Na altura quase me rebelava, pois achava-me na condição de sociólogo de um país sem sociologia. Hoje, porém, sinto que essa é mesmo a nossa condição. Sociólogos de um país sem sociologia! Não seremos muitos de nós sociólogos por definição? Produto da legitimação ritualista das graduações de cursos de sociologia oferecidos em faculdades vocacionadas na inflação de estatísticas de graduados em sociologia e outros cursos...no cumprimento de planos estratégicos, como o para o combate a pobreza absolutista (?). Engenheiros sociais!
Quantos de nós pensamos, efectivamente, sociologicamente? Quantos de nós durante ou após os anos de socialização académica desenvolvemos o “Habitus sociologicus”? Quantos de nós nos espantamos com o social, o familiar, e o questionámos na sua constituição? Quantos de nós tem a predisposição para achar estranho o lugar comum? Quantos de nós tem curiosidade sobre a vida social e o torna em seu objecto de estudo? Quantos de nós, enfim, nos tornamos “Homo Sociologicus”? Por outra, em quantos de nós habita um “homo sociológicus”? Os nossos DOUTORES SOCIÓLOGOS e TELESOCCIÓLOGOS que habitus cultivaram?
Perguntai-me quantos “homo consulturescus” nos habitam que saberei responder!
Bem-haja a iniciativa da mesa redonda.
Patrício Langa
Creio que a mesa-redonda foi interessante, mas duas horas é lamentavelmente pouco para tanta gente presente, tanto interesse, tanta pergunta.
Dados e Factos: Primeiros Sociólogos Formados em Moçambique!
Durante a mesa-redonda, sobre a “Sociologia em Moçambique”, organizada pelo departamento de sociologia da UEM, interpelei abruptamente Filimone Meigos por se ter referido a sua turma como tendo sido a primeira de sociologia a ser formada pela ex-UFICS. Esse dado não corresponde a verdade factual. Resultante da minha reacção, Meigos reconheceu seu erro e corrigiu-se reformulando a sua colocação rebuscando num exercício de reminiscência, desnecessário, uma lista de docentes da primeira geração da Ex-UFICS.
A história da Ex-UFICS esta ainda por ser feita. Para que fique registado nos anais dessa mesma história alguns dados e factos devem ser tratados com rigor. Um desses dados e factos é referente a PRIMEIRA TURMA dos PRIMEIROS GRADUADOS de SOCIOLOGIA pela EX-UFICS, pela UEM e pelo país independente.
Os primeiros sociólogos formados em Moçambique saíram de uma turma de vinte e poucos estudantes que terminado o Bacharelato em ciências sociais em 2000 optaram pela sociologia no prosseguimento da licenciatura. Antes de 2000, não existia na Ex-UFICS o curso ou a opção de sociologia, limitando-se as licenciaturas a Administração Pública e a Antropologia. Antes de 2000 não existia na Ex-UFICS sequer um currículo de sociologia, facto que resultou na participação dos estudantes na elaboração do currículo para a sua própria formação. O curso de sociologia só fora reconhecido e aprovado pelo Conselho Universitário em 2002 após muita luta por parte dos estudantes que se viam na eminência de terminar a formação num curso ilegal. Estes são detalhes, mas detalhes importantes na identidade dos primeiros graduados em sociologia neste País.
Por ordem defesa licenciaram-se no dia 18 de Setembro 2002 os Primeiros Sociólogos Formados em Moçambique (PSFM), todos sob supervisão do sociólogo Elísio Macamo: Ibrahimo M. Chaleca, Patrício Langa, Hélder Jauana, Sebastião Estêvão e Norton Pinto. É claro que o País já contava com indivíduos formados em Sociologia, mas repara-se, todos formados no estrangeiro.
Patrício Langa
Dizia por ordem de defesa
Caro Patrício
A discussão que estás a levantar vale só por isso,contudo, é uma espécie de nihilismo. De qualquer modo, acho que o teu texto merece um reparo. Merece-o porque cabe bem, por analogia, naquela estória do fulano que come o guarda napo e limpa a boca ao bife. Confusão existencial que só pode ser acolhida pelas discussões pós modernistas, ou se quiseres recuar no tempo, surrealistas. De modo que não é essa a discussão que quis levantar quando falei na mesa redonda. Tão pouco rectifiquei o erro uma vez que não existia tal erro, como o dizes.Achei grave teres encaixado à posteriori a formulação "primeira turma dos primeiros graduados" e teres metido isso na minha bem educada boca, só para eu ser como tu limpando a boca ao bife. Não foi isso que eu disse. O que eu disse, e repito, foi: Eu faço parte da primeira turma de sociologia da UFICS. Nem era para me referir ao mito fundador uficsiano que tanto insistes em puxar e pô-lo a frente dos bois. Era simplesmente para dar o pontapé de saída,queria mesmo começar já que se avizinhava o presente contexto do futebolístico mundial. Aliás, o que indicam os manuais de retórica é que tens que começar com alguma gracinha com graça.
O resto é puxa-puxa ligado ao mito fundador com a agravante de quereres pôr a carroça a frente dos bois. Sendo eu dessa primeira turma, e tendo eu bebido toda essa matreirice, fica tu com a taça que eu nem sequer estou a jogar: prefiro esperar para ver como S. Tomé, quando a minha horda de uficsus dinossaurus entrarem no debate.Ou seja, a primeira turma!
Filimone Meigos
Caro Meigos
Em nenhuma passagem do meu breve texto de esclarecimento dos factos tive a pretensão de des-qualificá-lo. Pretendi e pretendo esclarecer factos que me parecem ser de relevância, não só para o meu ego mas, para o próprío sentido da “história da sociologia” no nosso país. Os adjectivos e a terminologia rebuscada que Meigos usa na sua reacção a minha intervenção em nada contribuem para esclarecer os factos que pretendo esclarecer. “Nihilismo”, “confusão existêncial”, “discussões pós-modernistas” etc, a que propósito usa todo este arsenal? Para matar um persevejo bastam duas unhas!
Não existe justificação alguma que legitime a distorção dos factos, muito mesmo a pretensão de se introduzir um argumento numa mesa-redonda. Fazer piada para atrair atenção dos nossos interlocutoress não é pecado algum. Pecado é faze-lo distorcendo os factos. O Meigos, amigo e colega por quem tenho muito respeito, insiste nessa distorção quando reafirma que: “
O que eu disse, e repito, foi: Eu faço parte da primeira turma de sociologia da UFICS”.
Esta afirmação é falsa! É falsa porque quando o Meigos saí da UFICS para presseguir com a sua formação no exterior não existia o curso de sociologia na UFICS. A primeira turma de um curso de sociologia na UFICS, na UEM, em Moçambique, só existiu em 2000. E dessa turma, se a memória não me atraiçoa, não consta nenhum Filimone Meigos. Não há nisso nenhum mito fundador. Não há nisso nenhum artefacto resultante dos meus delírios e imaginações. Há nessa afirmação o reconhecimento de um facto. Não confundais a primeira turma de ciências sociais na UFICS com a Primeira turma de Sociologia na UFICS. Não posso acreditar que para Meigos a distinção entre Ciências Sociais e Sociologia seja supérflua, mesmo considerando que a sociologia é parte das CS.
Bem haja
Patrício Langa
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