05 novembro 2013

Diário de campanha (1)

"O grande actor político comanda o real pelo imaginário", escreveu um dia Georges Balandier. A propaganda eleitoral visa seduzir e dirigir a opinião pública, levá-la a acreditar no imaginário oferecido, a tomá-lo pelo real imediato ou futuro. O seu fundamento assenta na imagem que as pessoas são levadas a construir desse real. Para isso, uma das estratégias dos programadores da teatrocracia eleitoral consiste em levar os leitores potenciais a acreditar e a aceitar o poder do candidato, o seu prometido poder de poder. Para gente carenciada, a propaganda-espectáculo é potencialmente hipnótica (imagem do CIP).
(continua)
Adenda às 7:52: "Temos indicação que em vários municípios desde os primeiros minutos desta terça-feira começaram a ser colados cartazes de campanha."
Adenda 2 às 9:52: Podemos considerar dois tipos candidatos eleitorais: o candidato-aspirina e o candidato-antibiótico. O que é um candidato-aspirina? Um candidato-aspirina é aquele que não tem qualquer intenção de alterar o coração e as regras de funcionamento de um país ou de uma cidade, propondo, apenas, medidas destinadas a remendar ou a melhorar o que já existe, aspirinas para suavizar a febre social, acalmar pequenas dores. Quanto mais aspirínica for a alma, mais o seu candidato socorrer-se-á de lemas pomposos do género "Comigo o país será outro"; quanto mais dependente de um partido, menos inovador será.
Adenda 3 às 9:55O que é um candidato-antibiótico? Um candidato-antibiótico é aquele cuja intenção primordial é a de alterar o coração e as regras de funcionamento de um país ou de uma cidade no sentido genuíno de melhorar a condição social dos seus habitantes, especialmente dos mais carenciados, o que significa também melhorar o meio-ambiente. Em lugar de ser pensado, o candidato-antibiótico pensa; em lugar de ser o peão vegetativo de um partido, é uma mais-valia pensante para esse partido; em lugar de favorecer colegas, amigos, companheiros de jornada e parentes, favorece os que não têm quem os favoreça e defenda; em lugar de ser a voz dos poderosos, torna-se a voz dos deserdados e esquecidos. Isso significa que o candidato-antibiótico tem de ser íntegro e corajoso.
Adenda 4 às 11:36: o "@Verdade" criou um portal eleitoral, aqui. Apreciação: excelente.
Adenda 5 às 11:38: temos, já, a "guerra" dos panfletos.
Adenda 6 às 20:55: se o candidato da Frelimo na cidade de Maputo promete construir um metro de superfície, o candidato do MDM em Chimoio promete não fazer comícios e estar lá onde está o povo.

2 comentários:

Salvador Langa disse...

Pode crer há "aspirinas" por todo o lado.

Unknown disse...

o grande problema é que ainda são poucos que conseguem distinguir o candidato aspirina do antibiótico. com tanta fome, pobreza, taxas elevadas de analfabetismo, os aspirinas facilmente enganam o povo. vamos todos fazer a diferença e eliminar (ou reduzir) os candidatos aspirinas. vamos fazer a diferença nas urnas.