09 abril 2013

O aguilhão da história (sobre o assassinato do taxista moçambicano) (24)

"(...) a nossa preocupação no que se refere aos moçambicanos na África do Sul tem a ver com a extrema violência com eles tem sido tratados quando cometem crimes. Isto aconteceu agora, foi um caso excepcional, admitamos, mas também temos tido conhecimento de que os caçadores furtivos normalmente são mortos." - ministro Oldemiro Baloi
Vigésimo quarto número da série. Permaneço no sétimo número do sumário proposto aqui, a saber: 7. A história da dependência moçambicana como colónia laboral. Escrevi no número anterior que quer a exportação oficial de mão-obra para as minas e farmas sul-africanas, quer, progressivamente, a emigração espontânea, beneficiaram não apenas o lado comercial e estatal-colonial em Moçambique, mas, também, os chefes locais. Dois fenómenos contribuiram (e continuam a contribuir) para a dependência moçambicana como colónia laboral: o imposto e o lobolo. O imposto esteve inicialmente (até cerca de 1885) concentrado nos Estados de Maputo, Gaza, Matola e Moamba, com os príncipes locais cobrando impostos aos seus súbditos na forma de uma parte dos salários ganhos na África do Sul. Com a vossa permissão prossigo mais tarde.
(continua)
Adenda: o vídeo a seguir contém imagens chocantes, aqui.
Adenda 2 às 7:34 de 05/03/2013: ouvidos ontem pela estação televisiva STV, camionistas moçambicanos que escalam a África do Sul queixaram-se de constantes maus tratos por parte da polícia sul-africana. Eles não gostam dos Moçambicanos - eis o resumo das intervenções.
Adenda 3 às 00:54 de 11/03/2013: este acontecimento trágico é propício não só ao sensacionalismo baixo-preço de certa imprensa, das redes sociais e dos blogues do copia/cola, como, também - estudem as televisões locais -, aos jogos políticos em geral e a certos jogos eleitoralistas em particular.
Adenda 4 às 00:51 de 22/03/2013: um trabalho no Sowetan (obrigado ao FL pelo envio da referência), com o título abaixo: