09 janeiro 2012

Kim Jong-il, multidões, desespero e problemas de análise (8)

Oitavo número desta série, dedicada ao estudo das reacções populares à morte do presidente norte-coreano e, em particular, de certas reacções na imprensa ocidental sobre a autenticidade das primeiras.
No quarto número coloquei a hipótese de que somos produtores de três coisas: desconfiança, territorialidade e classificação. Prossigo no ponto da classificação.
No caso aqui em análise, classificar significa atribuir a outrem um atributo, positivo ou negativo, perigoso ou inofensivo, belo ou feio. Por hipótese, quanto mais forte for a disputa por hegemonias estratégicas, mais forte será o apelo às classificações carregadas de forte densidade moral e expurgativa.
Nota: confira o seguinte título disseminado por muitos portais: Cenas de desespero no funeral de Kim Jong-il. Imagem reproduzida daqui.
(continua)

6 comentários:

Salvador Langa disse...

Cada lado cria o "eixo do mal" do lado contrário.

Anónimo disse...

Acho que para muitos ocidentais estas manifestacoes sao de facto estranhas. A maneira como as pessoas se comportam e gerem as suas vidas nos paises ocidentais é bastante diferente. Cada um luta por si pelos seus objectivos e mesmo pelas coisas de primeira necessidade.
Mas, talvez as manifestacoes de dor que parecem ocorrer na Coreia do Norte (CN) sejam reais. Na verdade para a gente da CN que esta fechada para o mundo, so conhece o seu lider e o ve como um Deus que lhe pode dar e tirar tudo, estas manifestações não seriam estranhas. A sua morte pode mesmo significar uma grande perda, até pessoal. É como se na actualidade os Cristãos tivessem que voltar a presenciar a morte de Jesus. Seria o desespero total. Por outro lado, pode ser que as pessoas sejam obrigadas a comportar-se desta maneira sob pena de represalias (que para os ocidentais é mais obvio, dada a sua cultura e abertura para o mundo).
Em todo o caso, para mim também sao manifestações excessivas e me parecem fabricadas. Digo isto influenciado pela maneira como fui educado e pelas possibilidades que tenho de obter informação...
Lá, quem sabe...?

TaCuba disse...

Se calhar há quem pense que a sua maneira de chorar é a única verdadeira...

Marta disse...

Digam lá, mas aquela gente não tem direito a ser autêntica? Vocês já estiveram na Coreia do norte? Viram o quê? Quanto tempo ficaram? Ou só lêem os jornais?

Xiluva/SARA disse...

Sim, quem sabe realmente desse povo???????

ricardo disse...

Volto a perguntar: Qual é o único ponto de referência dos norte-coreanos? Eis a questão.

"Dai-me um ponto de referência, que eu moverei o mundo" (Arquimedes).

Efectivamente.