09 agosto 2011

Dhlakamismo: Clausewitz à moçambicana (10)

Um pouco mais da série, sempre trabalhando com hipóteses.
Permaneço no quarto número do sumário, a saber: o conflito enquanto campo estruturante da política.
O comum de nós analisa a política enquanto exercício moral, enquanto repositório casuístico. No nosso alfobre de argumentos entram estruturas predicativas do género: isto não pode ser assim, tem de haver cultura de Estado, etc. O ideal para não poucos de nós seria uma plataforma de ideias e de práticas iguais, muito certinhas, muito didácticas, muito disciplinadas.
Porém, a realidade é diferente. O conflito é o campo estruturante da vida e, naturalmente, da política.
Num dos seus livros, George Simmel deu-nos a conhecer duas histórias: (1) uma terrível guerra ocorrida durante décadas entre dois partidos irlandeses, que se bateram por todo o país por causa de uma disputa surgida na identificação da cor de uma vaca; (2) perigosas revoltas surgidas na Índia devido à rivalidade de dois partidos que ignoravam tudo um do outro salvo que um era o partido da mão direita e o outro, o partido da mão esquerda (Le conflict. Paris: Circé, 1992, p. 41).
Ora, no nosso país o problema não tem a ver com a modéstia da cor de uma vaca ou com as mãos, mas, de forma bem mais complexa, com a história e com o controlo do Estado.
Sobre Clausewitz, confira aqui.
(continua)
Nota: pode acontecer que eu modifique algo no texto.

1 comentário:

Salvador Langa disse...

Devo confessar que me ri a sério com as histórias das lutas.