Mais um pouco desta série.
Escrevi no número anterior que, "quando se trata de política, surgem de imediato duas formulações críticas no mundo terra-a-terra do senhor-de-todos-os-dias: (1) a popular, daqueles que manuseiam considerações do género isso é coisa de políticos, esses tipos estragam-nas a vida, políticos só pensam neles, políticos só fazem malandrice, política é para encher barriga, mandar é resolver apenas os problemas deles; (2) a erudita, daqueles que, em seu imenso conforto afirmado como neutral, dizem que isso de política não é comigo, devemos manter-nos afastados da política, ciência não é política."
Como se pode reparar, no fundo estamos perante a mesma posição: a de que a política é coisa indigna que deve ser afastada das nossas preocupações. Os políticos, especialmente quando gerem Estados, adoram esse tipo de entorpecente, de abdicação. Por quê? Porque, entre várias razões, estimam que o entorpecente faça efeito sempre que se pretende passar por universais, interesses que são meramente particulares, campo por excelência da ideologia. Prossigo brevemente.
(continua)
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