Quinto número da série. Por que tenta a polícia transformar António Muchanga em herói? - esta foi uma pergunta formulada pelo jornalista Paul Fauvet aqui. Essa pergunta é o pretexto para esta série. Prossigo com as hipóteses. Escrevi no número anterior que o herói de certos círculos políticos, Afonso Dhlakama, recebeu mais um aditivo após a campanha eleitoral do ano passado: o de messias. Herói e messias em que sentido? Comecemos pelo heroísmo. Nos círculos citados, Dhlakama foi abundantemente construído como herói (ele próprio se auto-estimou nesse sentido), como caudilho destemido, como esforçado cavaleiro andante que deixou o conforto de Maputo para viver no mato, lá onde moram as dificuldades, lutando vitoriosamente, comandando os guerrilheiros do seu exército privado contra o poder central, com o pensamento nos pobres, nos fracos, nos direitos humanos, na democracia e na melhoria da vida dos Moçambicanos. Aguardem a continuidade da série. (mapa abaixo reproduzido com a devida vénia daqui)
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
2 comentários:
"... Dhlakama foi abundantemente construído... como esforçado cavaleiro andante que deixou o conforto de Maputo para viver no mato..."
É ele o nosso Dom Quixote ?
No mato....Onde mora o Povo.
No mato.... De onde se constrói a libertação desde os tempos da luta armada contra o colonialismo português.
O meio rural não é mato. Onde moram pessoas não é mato. Mato, se ainda existe isso depois dos chineses, deve ser próximo do que são as Reservas Naturais onde vivem animais selvagens, mesmo esses, artificiais porquanto se desalojam pessoas para os preservar.
PS: Nos anos 80 , para melhorar os rendimentos decretados pelo década 4/80, havia correntes que defendiam o subsídio de isolamento. A resposta de Marcelino dos Santos foi: Moçambicano isolado de que em Moçmbique? Isolado era aquele que deslocado de Trás os Montes ou Algarve para trabalhar no Niassa! Durante a era colonial! Resultado: só veio haver subsídio - com outro nome- muito depois , com Machungo primeiro ministro
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