O discurso do Presidente Filipe Nyusi na tomada de posse ontem tem merecido muita atenção, num largo espectro que vai da euforia à precaução, do elogio à dúvida. Uma análise de conteúdo superficial mostra, de imediato, por hipótese, uma crítica à governação anterior. Com precaução, com muita precaução, pode acontecer que Nyusi recupere algumas das coordenadas samorianas e por essa via - resamorizando um pouco a governação - tente ganhar uma legitimidade popular que ainda não tem (imagem reproduzida daqui).
Permitam-me recordar-vos Samora Machel falando em 1974:
Permitam-me recordar-vos Samora Machel falando em 1974:
"Queremos chamar atenção ainda sobre um aspecto fundamental: a necessidade de os dirigentes viverem de acordo com a política da Frelimo, a exigência de no seu comportamento representarem os sacrifícios consentidos pelas massas. O poder, as facilidades que rodeiam os governantes podem corromper o homem mais firme. Por isso queremos que vivam modestamente com o povo, não façam da tarefa recebida um privilégio e um meio de acumular bens ou distribuir favores. A corrupção material, moral e ideológica, o suborno, a busca do conforto, as cunhas, o nepotismo, isto é, os favores na base de amizade, e em particular dar preferência nos empregos aos seus familiares, amigos ou a gente da sua região fazem parte do sistema de vida que estamos a destruir." (Excerto do discurso de Samora Machel quando da tomada de posse do Governo de Transição em 1974). (imagem reproduzida daqui)
Adenda às 21:08: leia aqui.
Adenda às 21:08: leia aqui.
1 comentário:
O contexto actual não permite uma resamorização da governação . Nem na referência samoriana de 1974-1976 em a popularidade de Samora é genuína e nem na referência samoriana de 1980-1986 em que muitas pessoas começaram a questionar a sensatez do rumo que se estava a seguir.
Nyusi vai ter que escolher o seu caminho sem se esquecer de que a corrupção acomoda os interesses de pessoas com poder, isto é, que podem.
Sendo que o primeiro governo é mais ou menos o governo da recompensa ao trabalho eleitoral e equilíbrio das sensibilidades de grupos , teremos que esperar um pouco pela meritocracia , se lá chegarmos
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