Décimo nono número da série. Trabalhando sempre com hipóteses, permaneço no quarto ponto dos seis pontos sugeridos aqui, a saber: 4. A concepção elitista do eleitor mata-borrão. Mantenho-me no quinto exemplo referido aqui: A tese do eleitor-estatística. Escrevi no número anterior que o eleitor-estatística é um dos mais paradigmáticos exemplos da morte dos eleitores reais. Antes de prosseguir, permitam um pequeno parêntesis sobre a origem da estatística. Ela nasce com as cidades europeias cheias de operários reivindicando melhores condições de vida. O objectivo último da estatística é o de contribuir para domesticar a ordem social nascente, controlar a mudança social, vigiar os operários, domar as “classes perigosas” (expressão cunhada entre os séculos XVIII e XIX). Casando-se intimamente com a sociologia e com as preocupações das burguesias nacionais europeias, a estatística cumpre o seu papel de parteira científica da ordem pública. Com efeito, especialmente no século XIX, os inquéritos aos “pobres” multiplicam-se. Tudo se pretende saber deles: o que comem, o que bebem (especialmente o que e quanto bebem), o que fazem, como se divertem, quais os seus hábitos sexuais, etc. E o momento nuclear aqui é a estatística criminal. Mais tarde, em 1925, nos Estados Unidos, lá onde a estatística se tornou quase, em certas correntes sociológicas, a sociologia por excelência, Park e Burgess, na sua "Introdução à ciência da sociologia", escreveram: “Todos os problemas sociais são problemas de controlo social”.
(vide Serra, Carlos [dir], Eleitorado incapturável, Eleições municipais de 1998 em Manica, Chimoio, Beira, Dondo, Nampula e Angoche. Maputo: Livraria Universitária, 1999, pp.43-243)
(vide Serra, Carlos [dir], Eleitorado incapturável, Eleições municipais de 1998 em Manica, Chimoio, Beira, Dondo, Nampula e Angoche. Maputo: Livraria Universitária, 1999, pp.43-243)
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