17 dezembro 2014

Busca do sagrado pronto-a-vestir

Uma pedra angular do culto da personalidade é a busca do sagrado, do sagrado terreno, do sagrado profano, do sagrado pronto-a-usar.
Assim, seres humanos como nós são idolatrados como se deuses fossem, são ritualmente colocados em pedestais sacralizados, reverenciados como se de entidades supra-humanas fossem, cumprimos cegamente - e, quantas vezes, alegremente - as suas ordens, reproduzimos mimeticamente os seus dizeres. Seus escritórios, seus carros, seus adereços: tudo isso é matéria de culto ferveroso e permanente. Um mercedes último modelo, por exemplo, torna-se um altar em nossas almas sequiosas; o seu utente, um pequeno deus adorado.
Em múltiplas oportunidades da nossa vida diária, seja no contacto físico, seja através dos órgãos de informação, estamos confrontados com o incessante culto sacro-chefal. Esse culto tanto é produto dos mecanismos ideológicos (entre os quais está compreendida a produção do medo social) postos em acção pelas hostes burocráticas dos chefes, quanto das nossas necessidades e dos nossos interesses.
Por hipótese, quanto mais fraco é o coeficiente de crítica social, mais forte e indiscutível é esse culto, mais reverencial, mais idolatrante é a sociedade.

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