A distância social é menos a medida de separação entre duas coisas do que o conjunto de avisos e interditos, visíveis e invisíveis, externos e internos, erguidos a cada momento pelos dominantes face aos dominados. Cada dominado aprende, desde que nasce, a conhecer e a temer os dominantes e suas práticas, os gestores do poder político e seus símbolos. Os césares habitam locais situados a cautelosa distância dos dominados, resguardados e vigiados em permanência. Contudo, o mais decisivo dos interditos não é o símbolo físico - a casa especial, o castelo, o palácio, a muralha, o aviso escrito, os membros da segurança, a etiqueta sinalizadora - mas o conjunto interiorizado e rotinizado de reverências e de medos, o conjunto de muros psicológicos que habitam os dominados, tornados hábitos desde a mais tenra idade. A distância está especialmente dentro dos dominados, são estes, afinal, que a produzem e reproduzem.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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