("Diário da Zambézia" digital de hoje. Amplie as imagens em epígrafe clicando sobre elas com o lado esquerdo do rato). Em 2008 publiquei neste espaço um texto em três números com o título "A guerra dos dons e dos créditos: CMB oferece ambulância e balneários", aqui, aqui e aqui. O fenómeno então ocorrido na Beira pode ter uma morfologia diferente, mas o conteúdo é o mesmo: a ambulância é um bem eleitoral, um bem político, estamos verdadeiramente perante uma luta de trincheiras políticas entre o poder municipal e o poder estatal, entre o local e o global (a esse propósito e igualmente para 2008 neste diário, sugiro a leitura de um trabalho intitulado "A competição política dos dons", aqui).
Permitam-me recordar-vos o que, no terceiro e último número da série da guerra dos dons dons e dos créditos, escrevi, a saber: "O que se passa na Beira [poder-se-ia perfeitamente substituir Beira por Quelimane, CS] mostra claramente que uma democracia é tão mais viva quanto mais poderes estiverem em competição permitindo aos cidadãos quer a escolha dos produtos de utilidade social mais legítimos, quer a aferição dos que lhe são dados como oferta política prepositada e sem sua consulta. Um gestor político é tão mais legítimo quanto mais souber provar que o produto que oferece é, efectivamente, pretendido pelos governados e/ou por eles qualificado como bom, como eficaz. Mas mais fundamente ainda: quando uma luta política se faz sem apelo a líderes salvacionistas imediatos, a líderes carismáticos julgados portadores de curas milagreiras instantâneas, esse democracia é boa. Significa que os cidadãos sabem encontrar embaixo, entre várias possibilidades, soluções que os messias dizem estar em cima, apenas a cargo deles. E na Beira [uma vez mais poder-se-ia perfeitamente substituir Beira por Quelimane, CS] temos inegavelmente um caso notável: o de um poder estatal com décadas de gestão política exclusiva confrontado com um poder municipal pequeno mas prestigiado: este ensina aquele a democratizar-se, aquele ensina este a pré-estatizar-se. Aplicar a força na competição política com o poder municipal minoritário no mar estatal, não só o robustecerá quanto legitimirá ainda mais os produtos que ele oferece aos cidadãos." Aqui.
1 comentário:
Sabem que os g40 sempre gostaram de dizer que a oposição só sabe falar, mas quando ela faz coisas logo caem-lhe logo em cima os pesos pesados. Ora aqui está a vida.
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