25 outubro 2013

Cenários pós-Santungira (4)

Quarto número da série. Prossigo no primeiro dos cinco pontos do sumário proposto no número inaugural, com a indicação expressa de que em todos eles apenas terei em conta pequenas hipóteses que, absolutamente, precisam ser testadas. 1. O significado de Santungira. Na verdade, a academia política da qual falei no número anterior foi montada na Gorongosa, rude em seu ambiente, pobre em seus meios. Ao luxo de Maputo, Dhlakama opôs a pobreza franciscana de Santungira, protegido por um grupo de guerrilheiros fiéis. Aqui, como que reactivou a memória guerrilheira dos anos 70 e 80 do século passado de Garágua em Manica e da Casa Banana na Gorongosa de Sofala. O dirigente partidário que tinha ensaiado a diplomacia na bela Julius Nyerere de Maputo foi substituído pelo neoguerrilheiro de Santungira, um neoguerrilheiro envelhecido, mas vigoroso na memória dos sangrentos tempos antigos, herdeiro sem saber das virtudes frugais de Esparta, herdeiro, eventualmente também sem saber, das proezas do guerrilheiro Cambuemba que soube tirar partido das montanhas da Gorongosa oitocentista na luta contra a Companhia de Moçambique, ele, Dhlakama, que, depois de sair de Maputo e antes de fixar-se em Santungira, viveu algum tempo na imensa Nampula de afirmada história matriarcal. Entro num quadro social onde tudo parece patético e irreal, onde tudo é contraditório. Por quê? Se não se importam, prossigo amanhã.
(continua)

3 comentários:

nachingweya disse...

Como seria se Dhlakhama continuasse na casa da Julius Nyerere e tivessem ocorrido as tais provocações em Gorongosa? As FAM iam persegui-lo?
Companheiros, eu espero estar enganado para o bem da democracia- deficitára sim, mas de raiz genuina- mas ainda não tive elementos para descartar que foi adoptada a solução Savimbi em Satungira. Secreta, Silenciosa e sem vestígios; provavelmente executada por mercenários estrangeiros enquanto as FAM estavam em redor a disparar tiros de coro para distrair enquanto lá se chacinava e limpava tudo muito bem limpo. A propria presidencia aberta naquela região com o ministro da defesa a integrar a delegação, a selecção de Chibabava para se anunciar a vitória sobre Satungira... faz-me não excluir de que talvez Dhlakama seja o D. Sebastião dos seus seguidores. Sempiternamente esperado entre as brumas das serras de Gorongosa. Ate ao dia em que um representante da Renamo Urbana desejoso de colher os sucos de Alcacer Quibir de Satungira nos dirá que o Presidente da Renamo não resistiu a uma grave malaria...blá..bla...
(A ascensão e queda de Dlhakhama, Presidente da Renamo, o Pai da Democracia em Moçambique pode ter traços similares à historia de D. Sebastão, Rei de Portugal, o Desejado.

Salvador Langa disse...

É importante saber da tendência de dividir as coisas em bons e maus, bons só dum lado, maus só do outro lado. É necessário encontrar um "feio" para misturar as águas.

José Corvo disse...

Hoje descobri a existência deste Blog muito bom e com muitas ligações úteis para se conhecer e compreender Moçambique.
Tenho críticas a fazer, dúvidas a esclarecer e coisas que gostava de saber e ou aprofundar.
Cumprimentos