30 outubro 2013

Cenários pós-Santungira (9)

Nono número da série. Prossigo no primeiro dos cinco pontos do sumário proposto no número inaugural, com a indicação expressa de que em todos eles apenas terei em conta pequenas hipóteses que, absolutamente, precisam ser testadas. 1. O significado de Santungira. No número anterior propus nove tipos de problemas que têm contribuído para reconduzir a Renamo ao aguilhão do seu nascimento e da sua vida castrense. Abordo os primeiros três. Os resultados eleitorais de 2004 e 2009 são um sério percutor na recondução indicada. Com efeito, Afonso Dhlakama e a Renamo perderam as eleições de forma significativa, mas ficou o registo de numerosas irregularidades. Por outro lado, em 2008 a Renamo cometeu um erro político: anunciou publicamente que o seu membro Deviz Simango seria substituído por Manuel Pereira como candidato do partido à presidência do município da Beira nas eleições autárquicas realizadas a 19 de Novembro. Isso, quando, publicamente também, tinha anunciado que Deviz seria o candidato. Este acabou por concorrer como independente, ganhando folgadamente. Mas não só: em Março de 2009, Simango apresentou o seu próprio partido, o Movimento Democrático de Moçambique, produto de uma fractura na Renamo, consumando, assim, a cissiparidade política. Se não se importam, prossigo amanhã nos restantes pontos.
(continua)
Adenda às 14:50: multiplicam-se na internet as informações sobre ataques armados nas zonas centro (Sofala) e norte do país (Nampula). No tocante a órgãos de informação, por exemplo, aquiaquiaqui e aqui. Enquanto isso, a "Rádio Moçambique" reportou no seu noticiário das 15 horas que há mortos e feridos num ataque registado esta manhã a uma coluna entre Muxúnguè e a ponte sobre o Rio Save, na província de Sofala.
Adenda 2 às 15:55: citado pelo "mediaFAX" de hoje, António Muchanga da Renamo afirmou "haver vários aproveitamentos políticos da tensão político/militar prevalecente no país, para denegrir a imagem do partido, associando este partido aos sucessivos ataques que tem como principal palco de acção, a província de Sofala."
Adenda 3 às 16:10: informação no "The Herald" zimbabweano aqui e no "Mail&Guardian" sul-africano aqui.
Adenda 4 às 16:58: "Rádio França Internacional", aqui.
Adenda 5 às 18:59: "Verdade"/Facebook aqui.
Adenda 6 às 20:11: ataques e raptos são as duas manchetes da estações televisivas locais. Entretanto, reduziu o movimento de transportadores na principal terminal do país, localizada em Maputo, dado o receio do que pode acontecer na estrada.
Adenda 7 às 20:18: no jornal português "Público" de hoje:
Adenda 8 às 20:28: a Renamo criou um sistema de comunicados no seu portal, o último datado de hoje, aqui.

2 comentários:

nachingweya disse...

Atenção que em lugar de uma Renamo Renovada, puramente cosmética na desejável face democrática da Tirania em gestação, pode estar a gerar-se uma Renamo Rejuvenescida pela seiva da ostracização social e desigual distribuição do ónus da pobreza.
Dhlakama, vivo ou morto, pode não estar "por ai a falar sozinho", caríssimos Senhoras e Senhores.

Salvador Langa disse...

Imagino a trabalheira que deve dar fazer este tipo de análise e busca de informação séria.