28 outubro 2013

Cenários pós-Santungira (7)

Sétimo número da série. Prossigo no primeiro dos cinco pontos do sumário proposto no número inaugural, com a indicação expressa de que em todos eles apenas terei em conta pequenas hipóteses que, absolutamente, precisam ser testadas. 1. O significado de Santungira. No número anterior deixei a seguinte pergunta: o "regresso à história" tem a ver com uma ADN exclusivamente guerreira, com uma espécie de movimento peristáltico irremediavelmente castrense? Esta é a forma como a Renamo tem sido sistematicamente construída em certo imaginário, nacional e internacional. Mas a resposta é negativa. Sem dúvida que, com base em pessoas insatisfeitas com o rumo político do país pós-1975,  a Renamo foi uma uma quinta-coluna produzida e mantida durante vários anos pelos serviços de inteligência da antiga Rodésia do Sul e da África do Sul da era do apartheid, mas é um produto que acabou por se moçambicanizar, por se tornar autónomo, por liderar eleitoralmente uma parte do povo do país. A partir de 1992 iniciou a desguerrilhação, procurando transformar-se num partido político clássico do tipo liberal, mas com um interior doutrinário de direita, fortemente conservador e, também, frequentemente populista. Em 1999 esteve muito próximo da Frelimo nos resultados eleitorais, quer nas presidenciais, quer nas legislativas. Mas um conjunto de problemas especialmente ocorrido entre 2004 e 2010 terá contribuído para reconduzir a Renamo ao aguilhão do seu nascimento e da sua vida castrense, com um primeiro clímax em Nampula (onde Dhlakama fixou residência em 2010 saído de Maputo) e um segundo, mais pleno, na zona sofalense da antiga guerrilha, em Santungira (onde Dhlakama fixou nova residência em 2012). Que tipo de problemas? Se não se importam, prossigo amanhã.
(continua)

2 comentários:

Salvador Langa disse...

E se não forem eles?
http://www.opais.co.mz/index.php/politica/63-politica/27584-sangue-em-muxungue-.html

José Corvo disse...

E se não forem eles? Faz lembrar o velho ditado: quem não quer ser lobo que não lhe veste a pele.