São várias, sentadas num pedaço de relva do jardim esta tarde, vão bula bulando enquanto têm um olho nas crianças de outrem à sua guarda e o outro tentando sondar na alma o que estão a fazer seus reais filhos, lá nas casas dos subúrbios. Riem, brincam, estas chamadas empregadas domésticas, são solícitas, amam tanto os filhos distantes quanto estes filhos-do-salário. Mais logo, quando o dia penumbrar, nesta cidade de Maputo, rumarão para suas casas em chapas sem regra nem respeito, farão a comida, tratarão docemente dos filhos uterinos e, quando noite andada, deixar-se-ão amar pelos maridos ou pelos amantes, sem um queixume, sem um protesto. Quem delas sabe, quem as respeita?
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
1 comentário:
Entendo uma certa "ternura" por quem lida com crianças, mas, pragmaticamente, trata-se de um emprego como qualquer outro;
A enfermeira da pediatria trata das crianças também ... e tem os filhos em casa; a secretária, a economista, a socióloga, etc., etc., concentram-se nos seus trabalhos ... com os filhos em casa, entregues a um familiar, a uma bá", a outra criança.
A questão parece-me ser se a "Bá" tem ou não um salário adequado, ou seja, ao mínimo definido por lei; estou convicto que, infelizmente, na maioria dos casos, aufere menos!
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