02 abril 2010

Fractura social (5)


Mais um pouco da série.
A nossa capital, Maputo, por exemplo, é, cada vez mais, de forma imponente, de forma visível, um exercício pleno de fractura social: um centro de recursos de vida luxuoso e protegido, uma zona intermediária de grupos sociais de relativa estabilidade e uma periferia de deixados-por-conta em seus bairros pobres. Isto sem falar das zonas habitacionais de luxo na periferia.
Adenda: foto reproduzida daqui; sobre Maputo, recorde aqui.
(continua)

5 comentários:

Anónimo disse...

Prezado professor; não é muito diferente do Brasil, país onde resido e que você já visitou por algumas vezes. Ademais, essas fraturas sociais têm tudo para aumentar nos próximos anos, em consequência da 'outra crise', a social, já que a econômico-financeira tem recebido prioridade dos Governos.

Paulo - Brasil

Armando disse...

As fracturas sociais agora, são maiores que no tempo colonial.

ricardo disse...

Professor...

Penso que em Maputo, mas também na Beira, Lichinga e outras urbes importantes do país, atingimos deadlock (impasse?).

Se por um lado, a urbanidade moderna constrói e amplia-se na zona centro e baixa da cidade. Na periferia, a urbanidade rural tenta sobreviver como pode.

Nas suas séries "Roubo do Desenvolvimento" há testemunhos interessantes. Mas pensemos apenas num problema bastante simples.

O sistema de drenagem de águas pluviais.

Ambas urbanidades necessitam dele. Mas há aqui uma evidência. Esta urbanidade moderna nasce de um processo de acumulação de riqueza que implica no aumento do efectivo da urbanidade rural, com a erosão de empregos, aumento de impostos e outras formas de absorção de riqueza. Por seu turno, a urbanidade rural, sem o sistema de drenagem, também é penalizada, porque perde a pequena acumulação amealhada. Mas é esta mesma urbanidade rural, que entope a drenagem, ou até, rouba as tampas metálicas da tubagem municipal, para transformá-las em instrumentos de produção de riqueza.

Em suma, um ciclo vicioso de muito trabalho, que é objectivamente,para a persistência na pobreza.

Portanto, o caminho só pode ser um. Estimular a saída das cidades. E aquí, o Governo é que deve assumir as rédeas do assunto, porque essa é que é a sua responsabilidade.

Admito que os pólos de desenvolvimento são, no plano teórico, uma abordagem correcta. Mas serão inócuos se aos mesmos não for prevista a rede logística que permita a sua interligação. Só que para isso, é preciso que aprender bem com quem sabe. Como por exemplo, a Alemanha.

Sem esta rede, ninguém se sentirá compelido a descomprimir as urbes. Antes pelo contrário.

Dir-me-ão que isso já está pensado. Concerteza, mas o problema é como fazer...

E quanto a mim, o Governo tem três saídas possíveis, com resultados diferentes:

1. Modelo actual, com finaciamentos mistos (doações + fundos próprios);
2. Crédito Internacional, segundo modelo Cahora Bassa;
3. Subcontratação de serviços de gestão de estradas, pontes e linhas férreas.

Na minha opinião, acho que a opção 2 e parcialmente a 3 seriam as melhores escolhas. A opção 1, é ilusória, porque não cria nada e mantém a dependência.

E muito mais haveria por dizer...

V.Dias disse...

Uma situação que os encontros mensais dos chefes de Estados e de Governos não conseguem resolver. Os conselhos de ministros também não. É o mundo, onde a regra número um é humilhar o mais fraco.

Zicomo

ricardo disse...

Professor...

Combustiveis em Mocambique, por quem os sinos dobram?

http://www.averdadeonline.com/destaques/economia/70-dos-subsidios-de-combustiveis-beneficiam-aos-mais-ricos.html

Aqui esta o verdadeiro busilis das reivindicoes de pequenos grupos, por onde circula a maioria da riqueza deste pais.