03 fevereiro 2010

Sobre rastilhos xenófobos (7)

Vamos lá a mais um pouco desta série (clique com o lado esquerdo do rato sobre a imagem para a ampliar), a propósito de um trabalho publicado no jornal "Público", da autoria de Sérgio Macuácua.
No Xiquelene confrontaram-se duas entidades: por um lado, o conjunto dos vendedores informais, sobrevivendo no dia-a-dia em confronto com a ordem do Estado representada pelos cobradores de impostos e pelos polícias; por outro, o comerciante estrangeiro, o "distante no próximo", como escreveu um dia Simmel.
Obrigados a abandonar o seu local de vida pela polícia para ali ser instalado um contentor-loja pertença de um comerciante nigeriano, os vendedores ampliaram as fronteiras concretas desse comerciante e viram inimigos em todos os comerciantes estrangeiros da área. Por isso assaltaram os seus estabelecimentos. A polícia, essa - na concepção dos vendedores - estava ao serviço da ordem injusta.
Adenda: confira as minha séries com os títulos Os efeitos da borboleta social na África Austral, O papão "nigeriano" que deixa vermes nas mulheres em Maputo, Eles e nós: representações sociais num bairro de Maputo e Notas sobre xenofobia, respectivamente aqui, aqui, aqui e aqui.
(continua)

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