Vamos lá a algumas provocações saudáveis: eu que sou branco na pele e nhungwe na alma, eu que formigo pelas avenidas da vida em busca da minha moçambicanidade mestiça e que conheço verdadeiramente os caminhos plurais do Zambeze, pois então sinto que anda por aí trovoada étnica, etnicamente estratégica, politicamente aspiradora. Anda gente fazendo a agrimensura da raças étnicas, dizem naquele cargo é gente do Sul, naquele de novo gente do Sul, então onde andam os outros, os do Centro e os do Norte? Esta sulização é porque o Guebuza é do Sul. E a competência profissional? Isso é irrelevante, o vital é a competência, a pureza étnica, a questão primeira. Quanto mais vaga a definição, mais sólida a ambição. A busca de representações substancialistas étnicas tem o coração da limalha esfomeada: logo caminha afanosamente para outras direcções, ali é gente negra, ali não há gente branca, daquele lado poderia navegar uma vela indiana, nas entrelinhas da proporcionalidade não ficaria mal um olhar amarelo. E por aí fora.
Adenda: há um livro meu muito procurado chamado Combates pela mentalidade sociológica, deixem-me sugerir-vos que nele leiam a parte II intitulada "Realidades e mitos da etnicidade" e a parte III intitulada "Para um novo paradigma da etnicidade".
10 comentários:
O professor que desculpe, mas parece-me um bocado fora de moda. Qual é o problema que sejamos todos da Frelimo, que sejamos todos pretos, que sejamos todos de Gaza?
O que interessa agora é: qual é a dama da alta política que tem a melhor casa, a melhor mobília? Qual delas é que veste melhor? Qual é o seu estilista?
Agora, se quer provocar mesmo, pergunte: qual é a menos feia? Quantos kilos pesa?
para o anonimo que respondeu ao professor: ALTAMENTE!!! concordo 100% e subescrevo!
Colocando o colonialismo fora da justificacão esfarrapada, porque seria que as competencias só residem no Sul do Rio Save 35 anos depois da independência?
Em meio à trovoada étnica, sente-se a trovoada anónima. Por que será?
Professor e se fosse ao contrario? Se todos os nosso mais altos dirigentes fossem só do centro, ou só do norte o que diriam os do sul? Numa pais com muitas cores é preciso não escolher só uma... e isso é que faz a beleza do mesmo (a rainbow nation!).
Acho a sua provocacao muito interessante!
Anda por ai uma mensagem de celular sobre esse assunto falando dos nossos 3 mais altos dirigentes (PR, AR e TS). Eu acho que quando nós queremos justificar uma coisa usamos termos bonitos e novos como: descriminação positiva, equidade de género, ou regional, etc..... Quando não queremos falamos de competencia (descriminação competitiva, ou pela competencia?).
A melhor pergunta é mesmo a do 3 anonimo.
Mas, para aliviar a pressao, creio que teremos mesmo um PM do norte...
MF
P.S. O anonimato é mesmo pelo calor que um assunto destes desperta!
Bom, se fosse preto na pele, e muzungo na alma, "erava" ministro de Educação!!!
Assim...azar mesmo.
O outro azar azarento é que o Zambeze/Tete é centro-norte.
Quanto à síndrome sulista, já aqui na Lusitânia o paladino nortista, Luís Filipe de Meneses, classificou os outros lá de baixo, de elitistas, sulistas...
É uma velha luta, em várias latitudes...
Pensei no assunto, e "descobri" que é por causa da gravidade - o sul como fica mais baixo, as coisas tendem normalmente, naturalmente, para baixo, e no caso de Moçambique, "é mais pior ainda", Maputo fica "lá" bem baixo - a gravidade, grave, é muito forte.
Naturalmente.
Estou a acompanhar a investidura do PR. Estou a acompanhar discursos em linguas locais daqui do Sul e sem tradução na TV nem mesmo no rodapé.
Ainda bem que por enquanto não há tradução. É que não entendo nada de mandarim.
Vamos lá devagar.
Isto é por fases.
Parece que o Português já foi abolido, ou não há interpretes, pode ser!
A seguir vem o Shi-Inglês.
Só depois o Shi-Mandarim.
Com "carma", deixa andar.
Shiiiiiiiiiiiiii!
Constato que esta e uma discussao limitada a comentarios jocosos.
Pena e que assim seja. Porque estamos a falar de questoes fracturantes que poderao implodir Mocambique no futuro.
Reparo tambem que continua a ser tabu, principalmente nos meios academicos, escapelizar aspectos que fazem a Beira ser uma cidade rebelde e, por causa desse rotulo, estar cada vez mais a margem do progresso nacional.
Ja alguem saiu de Maputo para perceber o que os beirenses pensam sobre o seu tragico destino?
Por isso e melhor nao dizer mais nada.
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