17 janeiro 2012

Sobre a qualidade do ensino em Moçambique (38)

"Eu mesmo tenho frequentemente lembrado que, se existe uma verdade, é que a verdade é um lugar de lutas." (Pierre Bourdieu)
O último número da série, de tema complexo e delicado, trabalhando com o sumário proposto, rigorosamente apenas lançando ideias e hipóteses, procurando continuamente problematizar um tema que requer pesquisa aprofundada.
7. Conclusões.  Durante algumas semanas fui tentando mostrar-vos a complexidade de temas como este da série. Tenho para mim que é possível apresentar duas grandes conclusões, muito primárias: (1) A qualidade do ensino no nosso país é regra geral avaliada no interior de um molde meramente técnico que evacua estudantes e professores do conjunto variado dos seus estatutos e das relações sociais nas quais vivem; (2) Uma real avaliação da qualidade do ensino no país passa por uma pesquisa de natureza estrutural e histórica com base em múltiplos factores que não deve abstrair dos estatutos e das relações sociais referidos (salvo, claro, se formos adeptos da nobre mentira de Platão).
Crédito da imagem aqui.
(fim)
Adenda: "Os debates nos meios de comunicação sobre a qualidade da educação parecem sofrer da “síndrome do cobertor curto”: quando se puxa a reflexão para um lado, esquece-se outros lados do problema. Já dizia o velho Hegel que a verdade é o todo. Parece uma casa em reforma em que se acredita que o problema está apenas no encanamento: troca-se o encanamento, mas o chuveiro continua não funcionando direito. Então, coloca-se de novo o encanamento antigo e troca-se a fiação elétrica. De novo, o chuveiro não funciona. Volta-se a fiação antiga, e vai se consertar o telhado, etc. Depois, alguém dá o veredicto de que a casa não tem jeito, que resiste às mudanças..." - texto do brasileiro Celso Vasconcellos intitulado "O desafio da qualidade da educação", sugerido por Manuel Lobo, aqui.

15 comentários:

Salvador Langa disse...

Professor, hoje poucos lamentam que a mentira de Platão se tenha transformado na "verdade", só penmsar nas propinas, na degração das escolas públicas, etc.

TaCuba disse...

Hoje não se questiona a sociedade que tempos...ou só conhecemos pormenores...

ricardo disse...

Não tenho o hábito de fazê-lo, mas peço desculpa sr. Professor, após um maratonico debate sobre um assunto que sei que domina perfeitamente, esperavam-se conclusões mais interessantes e convincentes de V. parte. Porque afinal, Moçambique tem um problema concreto a resolver na Educação tendo em vista os acontecimentos mundiais dos últimos 60 anos e o horizonte temporal de 20-30 anos, quando a dinâmica dos processos de produção e demandas por meios dessa mesma produção, nos fizerem regredir de Estado soberano no concerto actual das nações para um neo-colónia de Escravatura moderna, motivado pelo nosso analfabetismo funcional. Por isso, esperava deste debate possíveis caminhos prácticos de resolução, que todavia nunca foram apontados explicitamente aqui, levando-nos para esta conclusão de Möbius de analisar o óbvio, o social-comodismo de classe média perdida em vãs filosofias, como se debate de sexo dos anjos se tratasse.
O vosso blogue tem publicado imensos materiais interessantes que nos mostram para onde o mundo caminha. Hoje fala-se de crise do Euro, do Dólar, a extrema-direita, o nuclear, a Al-Qaida. Mas afinal o que têm de comum todos esses eventos? Todos têm em comum duas coisas para as quais não haverá solução pacífica nos próximos tempos:

1- A decadência da Velha Europa e dos EUA, face a realidade actual da sua economia, que foi construída num pressuposto imperial de ser a grande manufactura mundial (pelo pelo poder militar que lhe permitiu dominar as fontes energéticas e matérias primas) e modelo social e filosófico universal (pelo conhecimento e invenção). Hoje, o paradigma transferiu-se para os BRICS. Sem o domínio do conhecimento, nem das fontes energéticas como outrora, a Velha Europa e os EUA assemelham-se ao Império Romano do tempo de Átila, o Huno. É um ciclo civilizacional que se repete.

2- Os BRICS hoje estão na vanguarda do conhecimento, resultado de uma política de Ensino com os olhos postos no exterior (e não no interior!). E porque dominam as fontes energéticas mundiais, produzindo mais, melhor e barato. E a questão que V. coloco é: África (Moçambique) que conclusão é que deveria retirar disto?! Continuará na sua habitual indiferença à espera da sua sorte, ou terá de tomar iniciativa e aproveitar este momento de fraqueza dos senhores do mundo? E como isso se faz? Obviamente com o conhecimento que não temos, visto que fontes energéticas estão aí, ao desbarato.

Por isso é que o Ensino é importante. Sem o Ensino, Cuba, Coreia do Norte, Israel, Maurícias e outros estados mal-afortunados não teriam sido o que são hoje. E não me parece que ficaram 35 anos a procura de explicações nas suas próprias debilidades. Por isso, critico severamente este "paliativo" social proposto aqui, que afinal é a única conclusão deste longo debate. Se esse é o limite crítico da nossa elite intelectual e docente quando se avalia o Ensino que temos, então temos o necessário e o suficiente, para aceitarmos as políticas de Ensino que temos!

Dixit

Marta disse...

http://p.p.urca.vilabol.uol.com.br/pos_coclu.pdf

Carlos Serra disse...

As minhas conclusões são, afinal, propostas de pesquisa.

ricardo disse...

Alguem sugeriu o estudo de Paulo Freire, mas para nao me perder em vas filosofias, coloco-vos a seguinte questao objectiva:

- Ate que ponto e mais vantajoso social e economicamente para o Estado mocambicano continuar a investir e gerir um imenso patrimonio Escolar e um sistema de Ensino centrado na escola basica, do que retomar e fortalecer parcerias com as organizacoes religiosas, drenando estes fundos do OGE para elas e transferindo para estas a competencia de contratar docentes competentes e a gestao operacional do Patrimonio e do sistema de Ensino basico?

Quer-me parecer que estas entidades tem experiencia comprovada nesta vertente de Ensino, alem de transmitirem CARACTER aos alunos que por elas passam. Convido-vos a fazer um estudo comparativo entre as escolas basicas da Igreja Catolica apoiadas pelo UNICEF e suas homologas geridas integralmente com o OGE. Objectivamente, nao percebo porque ainda e TABU para o Estado assumir as entidades religiosas como parceiros directos na gestao do patrimonio Escolar e fomento do ensino Basico e Tecnico Profissional. Isto a guiza da ultima justificacao de NAO CONTRATACAO de docentes licenciados pelo MINED nos ultimos tempos...

E que por vezes, nao e so a escassez de fundos, tambem e a ma gestao e o esbanjamento de fundos em projectos que so servem para acumular papel. E nao estou a defender a PRIVATIZACAO do Ensino e nem sequer uma CONCORDATA, se e que me fiz entender.

Anónimo disse...

Devo esclarecer que a UNICEF em Moçambique não presta qualquer tipo de apoio a qualquer tipo de escola da igreja católica.

ricardo disse...

PARTE 1 - A PROVA

Bem, quando temos reaccoes anonimas publicadas neste blogue, nunca sabemos se estamos a lidar com os "interesses instalados" ou pensadores de carne e osso. Mas porque foi afirmado categoricamente aqui que o UNICEF NAO (ou nunca) presta nenhum apoio a qualquer tipo de escola da Igreja Catolica em Mocambique, talvez me pudesse esclarecer o Anonimo QUE APOIO DO UNICEF e (ou foi) o concedido ao Centro Profissional D.Bosco (EP2), Instituto Filhas Maria Auxiliadora, Centro de Dia Maes de Mavalane, Obra Salesiana - Escola S.Jose de Lhanguene e Diocese de Xai-Xai pelo menos ate ao ano lectivo 2001?...

Obrigado.

ricardo disse...

PARTE 3 - AS CONCLUSOES OBTIDAS PELO UNICEF, GoM, ONGs e Igreja Catolica (2001)

1 - Política e planifição da educação básica

As actividades decorridas no âmbito da educação básica cingiram-se a política e aos planos educacionais do MINED havendo grande enfoque na inserção da rapariga na escola. Programas de reciclagem de professores foram realizados mas ainda persistem défices na qualidade do ensino por falta de motivação por parte dos professores (salários incompatíveis). Têm sido organizadas palestras de sensibilização sobre a prevenção e luta contra o HIV/SIDA tanto para professores como para alunos na maioria das ONG’s mas continuam a ser necessários mais informações e esclarecimentos principalmente para os alunos. Há ainda a necessidade de se criarem formas de transmissão de informações que cheguem de forma clara e objectiva aos alunos (principalmente os adolescentes).

A questão das desistências nas escolas tem sido originada, na maioria dos casos pela gravidez prematura, doenças e, iniciação a feitiçaria.

Algumas actividades culturais e desportivas têm sido realizadas.

O centro profissional Dom Bosco e a Obra Salesiana têm vindo a realizar actividades profissionais com os alunos de modo a ocupar o seu tempo extra curricular. Os cursos/actividades profissionais realizadas incluem corte e costura, ceramica, serralharia, dactilografia, informática, marcenaria, inglês, etc.

2 - Acesso ao ensino primário de qualidade

A Obra Salesiana em particular dá acesso ao ensino de alfabetização a adultos e crianças de ambos os sexos. O programa de ensino do Centro Profissional Dom Bosco abrange somente raparigas.

Todos os alunos pagam propinas e matrículas para ingresso. Estas variam de acordo com os financiamentos que recebem ou com a política de ensino do MINED.

.../...

ricardo disse...

PARTE 3 - AS CONCLUSOES OBTIDAS PELO UNICEF, GoM, ONGs e Igreja Catolica (2001)

3 - Conclusoes Obtidas

ONG’S

No decurso da avaliação verificou-se que todas as ONG’s tinham planos de acção no campo da educação delineados de acordo com as limitações do financiamento do UNICEF. Algumas delas como o Centro Profissional Dom Bosco e a Obra Salesiana foram além daquelas estipuladas no acordo com o UNICEF.

Governo Mocambicano

A única contribuição dada pelo Governo de Moçambique, através do MINED consistia no pagamento do ordenado (metade em alguns casos) dos professores que também fazem parte do programa e o controlo dos programas de ensino que ainda continuavam a ser deficientes.

UNICEF

Os financiamentos dados pelo UNICEF continuaram a ser poucos para a grandiosidade das tarefas levadas a cabo pela maioria das ONG’s. (p.e. o ordenado pago pelo MINED nunca cobriu as actividades extra que os professores realizam com os alunos tais como palestras sobre o HIV/SIDA e outras actividades culturais)

Sobre dois estabelecimentos de ensino geridos pela Igreja Catolica em particular...

A) OBRA SALESIANA

1- Política e planificação da educação básica – o ensino do EP1 que era abrangido pelo programa do UNICF estava centralizado na alfabetização de acordo com os preceitos do MINED.

2 -Acesso ao ensino primário de qualidade – o EP1 de alfabetização abangia as crianças (e adultos) que já tinham ultrapassado a faixa etária indicada para o nível de ensino que frequentam.

3- Impacto em crianças inatingíveis/ carentes – a escola aceitava todas as crianças nas condições acima descritas.

B) DOM BOSCO

1- Política e planificação da educação básica – política e planificação do ensino estava de acordo com o programa do MINED leccionando o EP2. O centro abrangia também algumas classes do ensino secundário de forma louvável considerando as condições existentes (p.e. falta de bibliografia e de laboratório adequados) e pretendia estender este nível até a 12ª classe.

2 -Acesso ao ensino primário de qualidade – a acesso ao ensino no centro era livre mas só para raparigas e com o nível do EP1 terminado. Os professores que leccionavam no centro haviam sido formados pelo MINED (magistério) e por este motivo a qualidade de ensino não diferia muito da das outras escolas (pois faltava dinheiro, digo eu).

3- Impacto em crianças inatingíveis/ carentes – o enfoque aqui eram as raparigas inseridas em bairros onde as possibilidades de ingressar nas escolas públicas eram cada vez menores devido a grande escassez de vagas.

Em suma, fica demonstrado aqui que nem sempre o aumento do volume do OGE determina a melhor qualidade de Ensino em Mocambique. Como se percebe, com o "exiguo" financiamento do UNICEF foi possivel as escolas da Igreja Catolica fazerem muito mais que o estipulado no programa do MINED, que como vimos, limita-se sempre a um papel amorfo de burocrata-mor. Querendo com isto enfatizar, que estamos perante um problema de competencia, eficiencia do sistema, gestao e previsao dos recursos (e nao uma campanha sazonal), pelo que uma parceria mais alargada entre o Estado e as confissoes religiosas focalizada no ensino basico e profissional pelo OGE e uma maior autonomia na gestao patrimonial escolar, contratacao e formacao de docentes e ate dos programas de ensino por aquelas, talvez fosse a nossa melhor saida para melhorar a qualidade do Ensino em Mocambique.

E note-se. Eu nao disse nada aqui que outros paises do mundo nao tivessem ja feito com sucesso.

Obrigado.

ricardo disse...

Ficou por destacar isto tambem:

PARTE 2 - VARIAVEIS DO ESTUDO PARTILHADO PELO UNICEF, GoM, ONGs e Igreja Catolica (2001)


ALUNOS

Aproveitamento escolar: material didáctico; dificuldades na(s) disciplina(s); desistências; causas destas (comunidade); o que se pode fazer na comunidade para reduzir as desistências.

Actividades extra-curriculares: o que tem feito fora da escola; que proveitos têm tido.

HIV/SIDA: o tipo de informacoes que recebem; que informacoes gostariam de receber; o que tem sido feito na comunidade em relação a este assunto.

PROFESSORES

Experiência profissional: capacidade; metodologia; qualidade; intervenção na comunidade para diminuir as desistências das raparigas.

HIV/SIDA: informações existentes; o que tem sido feito; o que se pode fazer mais.

Escola/comunidade: que iniciativas as ONGs tinham em termos de actividades na comunidade; quais os objectivos destes e o que tem sido feito; se iam de encontro com as prioridades do programa do UNICEF/GoM.


DIRECÇÃO ESCOLAR

Experiência profissional: capacidade; metodologia; qualidade; intervenção na comunidade para diminuir as desistências das raparigas.

HIV/SIDA: informações existentes; o que tem sido feito; o que se pode fazer mais.

Escola/comunidade: que iniciativas a ONG tinha em termos de actividades na comunidade; quais os objectivos destas e o que tinha sido feito; se iam de encontro com as prioridades do programa do UNICEF/GoM.

Ligação com o UNICEF e outros doadores/centros: até que ponto tinham sido cumpridos os planos do programa do UNICEF; propostas para o próximo plano; outros apoios; auto-sustentabilidade/comunidade.

Portanto, como mostro aqui, em 2001, ja se havia determinado uma invariante de qualidade do nosso Ensino. Um dos corolarios que estas variaveis determinaram foi a evidencia de que as instituicoes religiosas "dialogavam" socialmente melhor com a populacao do que o representante local do MINED, cuja intervencao limitava-se ao banal e decorativo.

Por ultimo, ate acho a leitura dos textos de Paulo Freire e de muitos outros (parece que esta na moda falar do Brasil hoje em dia)interessante. Mas o momento agora e de agir, pois o modelo socio-economico (e ate matematico se quiserem) do problema ja existe. Agora, novas pesquisas para velhos problemas, isso e que nao...

Anónimo disse...

Caro Sr. Ricardo
Apareci como anónimo porque não consigo fazer publicar o meu nome. A minha graça é Nhantumbo, Azarias Nhantumbo.
Mas já que o anonimato o perturba tanto, faça como os outros - ponha a sua foto, porque, afinal, Ricardos há muitos e qualquer pessoa se pode intitular de Ricardo. O nome, só, é tão anónimo como o anonimato. Vamos ao assunto:

Não consegui perceber qual é a fonte de toda esta informação que aqui colocou, pelo que peço que a refira.

Mas também não consegui perceber em todo os textos, qual é concrectamente o apoio que é prestado pelo UNICEF:(dos seus textos) "UNICEF
Os financiamentos dados pelo UNICEF continuaram a ser poucos para a grandiosidade das tarefas levadas a cabo pela maioria das ONG’s. (p.e. o ordenado pago pelo MINED nunca cobriu as actividades extra que os professores realizam com os alunos tais como palestras sobre o HIV/SIDA e outras actividades culturais)".
É apoio do UNICEF ou do MINED? É apoio do UNICEF a estas escolas ou a ONGs? (É facto que o UNICEF apoia inúmeras ONGs, que talvez trabalhem com algumas destas escolas).

A concluir gostaria de lhe dizer que não percebi porque é que reage com tantas pedras na mão só porque contrariei uma opinião sua(dos seus textos): "se estamos a lidar com os "interesses instalados" ou pensadores de carne e osso". Quem emite opinião tem de saber lidar com opinião. Aprenda com as opiniões diferentes, não ataque aquele que opina. A isso chama-se "Argumento Ad Hominem" e é uma demonstração de fraqueza. Essa tentativa de me diminuir revela muito sobre si, e nada sobre mim.
Entretanto devo dizer-lhe que concordo consigo em que as "Conclusões" do professor são... decepcionantes!
Obrigado.
Azarias

ricardo disse...

Qual e o problema afinal? E ter a minha foto no V. album, ou demonstrar a veracidade do que V.Excia afirmou categoricamente em relacao ao UNICEF? Eu nao me considero anonimo, visto que assino os meus trabalhos na media com o meu verdadeiro nome e documentacao pessoal. Nao vejo porque razao tenho de lhe exibir a XIPALA, por puro exibicionismo ou satisfacao de EGOS anonimos...

Leia portanto com muita atencao o que escrevo (esta escrito em Portugues). Pois o que eu apresentei aqui foi um dos muitos programas de monitorizacao que o UNICEF ja em 2001 demandava para controlar o retorno dos financiamentos que fazia no ensino da primeira infancia. Quiz destacar tambem algumas escolas da Igreja Catolica que dele beneficiaram, visto que isso havia sido posto em causa por si. O apoio na verdade, como pode ler, era financeiro e - por imposicao do GoM - era para ajudar pagar os salarios. Portanto nao diga "MINED", porque a parte que lhe competia este nunca a assumiu devidamente. Isto e, o pouco que os professores recebiam ERA DINHEIRO DO UNICEF, e se V.Excia conhecer "um pouco" da dinamica dos apoios dos doadores sabera como isso e. Nao era de roupa, material escolar e nem sequer alimentar, para isso existe o WFP...
Outros apoios do UNICEF, como leu tambem, eram programaticos na area do HIV/SIDA e do gender gap (rapariga adolescente).

Em suma, o UNICEF ja interveio (e acredito que continue a faze-lo) directamente no Ensino Basico/Profissional em Mocambique, em escolas geridas por varios stakeholders, dentre os quais a Igreja Catolica. E o que ficou demonstrado nesta monitorizacao foi que, com meios financeiros e modelos socio-economicos iguais, as escolas dirigidas por confissoes religiosas nao so cumpriam com o programa do MINED, como ate iam para alem do mesmo, introduzindo actividades extra-curriculares (profissionais), o que vamos combinar, e o munus do ensino profissionalizante e sobrevivencia profissional no mundo contemporaneo. Ou trocando por miudos, em termos de eficiencia Escolar, estas superavam o MINED pelas razoes supracitadas, mas tambem pelo CARACTER (moral) que incutiam nas criancas, e por "dialogarem" social melhor com outros agentes (alunos, pais, docentes e chefes comunitarios), enquanto o MINED estava e esta, mais interessado em rotinas burocraticas e politizacao das massas (lavagem cerebral das criancas) para assegurar a "renovacao na continuidade". E ponto final.

Mas, nem tudo eram rosas. Como leu, o professorado na altura, era essencialmente oriundo do magisterio primario, fazendo com que a qualidade do ensino se mantivesse uniforme quer nas escolas do MINED, quer nas dirigidas pela Igreja, que estas tentavam compensar com actividades extra-curriculares profissionalizantes. Ja o MINED...sempre foi PAGANINI, BORLINI & TURBINI... Acredito que se houvesse na epoca o excedente de professores licenciados que a UP tem vomitado todos os dias, estes profissionais provavelmente tivessem sido contractados por estas escolas da Igreja Catolica. Alias, uma das justificacoes para sua criacao pelo GoM junto dos doadores foi esta. Como se explica que hoje RENEGE o que assumiu, impondo aos doadores a responsabilidade moral de faze-lo - Pagando o salario destes - quando poderia faze-lo no OGE, se este dinheiro nao fosse para orgaos "improdutivos" do Governo?

Mas nao gostaria de terminar sem lhe dizer o seguinte. A personalizacao da sua replica e mais uma confirmacao da categoria da intelectualidade que temos. Heranca colonial do provincialismo luso sem duvidas. Sobre as conclusoes do Professor, ja escrevi o que penso e assunto encerrado, pois a mim interessam-me as ideias e nao as pessoas.

Anónimo disse...

Caro anónimo Ricardo

Fugiu, como eu esperava, a citar a fonte das suas afirmações. Citar uma fonte é dizer: o título do documento, a data, a editora, o ano da edição, etc.

E devo dizer-lhe uma vez mais: o UNICEF não paga salários a professores. Nem sequer nas escolas públicas, e muito menos nas escolas privadas.

O senhor está a fazer afirmações sem bases. E acho óptimo que esse facto se torne público. Agrida, insulte, ameace... mas isso não tornará factos, os seus devaneios.

Segundo as suas afirmações, os outros participantes neste blog que se identificam com foto (o Salvador Langa, o TaCuba, a Marta e o próprio professor Carlos Serra), estão a fazê-lo 'por puro exibicionismo ou satisfacao de EGOS anonimos...". Ou será porque eles não fazem afirmações sem bases e, por isso, não se escondem atrás do anonimato da foto?

Afinal, o sr. estava tão agressivo em relação ao meu anonimato, mas quando me identifiquei não foi capaz sequer de se dirigir a mim na sua resposta. Que falta de chá!

Quanto aos seus novos insultos, só me posso repetir: dizem nada sobre mim, mas muito, muito sobre si. Acho que o sr. não é digno de diálogo. Por isso me retiro.Porque não consigo baixar-me tanto, para chegar ao seu nível.

Nhantumbo, Azarias Nhantumbo

ricardo disse...

Oica, eu faco o possivel para me melhor comunicar na lingua oficial deste blogue. Se ainda assim e incapaz de perceber o que escrevo, pois eu esclareco: PARTICIPEI, LOGO TESTEMUNHO! O resto e assunto de polichinelo...