09 agosto 2011

Césares e cesarismo (1)

Segundo o "Diário da Zambézia" de hoje, o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, proibiu os deputados do círculo eleitoral da Zambézia do seu partido de contactarem os eleitores. Em entrevista dada àquele jornal, Dhlakama é citado como tendo dito que os deputados são indisciplinados (sic).
Um exercício pleno de cesarismo.
Talvez para essa e outras circunstâncias não seja má ideia retomar o que, um dia, escreveu Antonio Gramsci sobre o cesarismo. A minha ideia é a de aprofundar o conceito, tomando em conta o "homem colectivo" e o Estado.
O cesarismo tem sempre a ver com decisões imediatas, arbitrárias, digamos que instintivas. O seu meio é, regra geral, exterior às instituições, à normalidade legal.
Proponho três coisas:
1. O cesarismo não requer caudilhos militares. O césar da actualidade, o neo-césar pode habitar o corpo de um líder vestido de democrata.
2. O cesarismo é tão mais forte e recorrente quanto mais fraca for a estrutura institucional de um país e mais reverentes, acríticas e temerosas forem as pessoas ante poderes e chefes.
3. Todos os partidos políticos têm doses mais ou menos fortes de cesarismo.
(continua)

1 comentário:

Salvador Langa disse...

Esse senhor deve pensar que está num quartel.