12 abril 2010

Espíritos, feitiços e medos (4)


Mais um pouco da série.
O tipo de indagação causal posto em marcha na escola Secundária de Muelé pertence a uma ampla esfera de crenças, oficiantes, interditos e precauções, esfera que começa logo que, bebés ainda, muitos de nós são tratados pelos curandeiros com protectores anti-mágicos.
E esfera que é oficialmente aceite. Por exemplo, tornou-se hábito no país proceder a um contacto propiciatório com os acreditados e receados espíritos antes da construção de edifícios e pontes.
Julgo igualmente saber que é prática de muitos novos chefes mandarem purificar os seus locais de trabalho através de cerimónias propiciatórias, blindando-os contra as investidas de espíritos perniciosos.
Proprietários de chapas e de barracas têm os seus remédios protectores.
E pertence ao mesmo alfobre de fenómenos a crença de que os seres idosos, especialmente as mulheres, podem ser gestores de malefícios, hospedeiros de espíritos nocivos. Daí os linchamentos.
Não é por acaso que existem no país milhares de curandeiros e de clínicas informais de gestão das forças do invisível.
(continua)
Adenda às 19: muito curioso o facto deste tipo de tema não despertar a atenção...

1 comentário:

ricardo disse...

E que salvam as baixas tiragens dos jornais, com publicidade de duas a três páginas exclusivas...