Os centros de pesquisa das metrópoles, antigas e modernas, têm um privilégio: não estudam apenas os seus países, estudam também - e por vezes principalmente - as colónias antigas e modernas. Esses centros de pesquisa, que tantas vezes surgem com um verniz progressista e desinteressado - o que não significa, porém, questionar a honestidade de muitos cientistas -, são, não poucas vezes, habitados por uma alma imperial, declarada ou disfarçada, consciente ou inconsciente. Nos países subalternos, vassalizados em permanência, os centros de pesquisa revestem uma função eminentemente paroquial, caseira: estudam quase exclusivamente o local, a fenomenalidade interna, as coisas da terra. Muito dificilmente há neles departamentos de estudos sobre as lógicas de dominação das metrópoles antigas e modernas - não importam a antiguidade e o hemisfério - , muito raramente as teses de mestrado e de doutoramento das gentes periféricas versam sobre o vasto mundo para além das fronteiras da paróquia, muito raramente abordam a coluna vertebral das metrópoles decisórias e das suas secretas, múltiplas e versáteis chancelarias. Teses cujos conteúdos localistas - em particular quando de conteúdo político - fazem, porém, a alegria e a eficácia recorrente na influência dos centros decisórios metropolitanos. Então, o que muitas vezes surge como produto meramente científico pode ser aproveitado como produto político de vassalização - mental e financeira - pelos referidos centros decisórios. Pode ser e é decididamente aproveitado.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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