07 janeiro 2014

Prismas

Um jornal digital noticiou há dias que "homens armados supostamente da Renamo" foram vistos em Homoíne, província de Inhambane. Não faziam mal, portavam-se bem, mas residentes começaram a fugir.
Um outro jornal digital reportou que um líder comunitário lançou em Pembe, distrito de Homoíne, a história da presença de "homens armados da Renamo", que ninguém afinal viu, nem mesmo uma equipa de reportagem do jornal. Na sequência desse boato, os residentes começaram a fugir.
Um porta-voz da polícia disse à "Rádio Moçambique" que se tratava de um boato provavelmente associado a ladrões de gado.
Alguns jornais digitais apresentaram o ministro da Defesa a dizer que o governo estava preocupado com a debandada populacional em Homoíne.
Hoje já se escreve que a guerra deixou o troço da Estrada Nacional n.º 1 entre Save e Muxúnguè e dirige-se agora para sul, está já em Inhambane, concretamente em Homoíne. Uma agência noticiosa reportou em versão digital que se registaram hoje, de madrugada, confrontos entre o exército governamental e "homens armados alegadamente da Renamo".
Adenda às 18:01: um porta-voz do Ministério da Defesa Nacional, coronel Cristóvão Chume, acaba de confirmar a presença de homens armados da Renamo em Homoíne. O coronel Chume referiu a memória popular do massacre cometido pela Renamo em 1987 naquele distrito. Daí o clima de terror, acrescentou Chume - noticiário da "Rádio Moçambique" das 18 horas.
Adenda 2 às 18:17: recorde este meu texto intitulado "Quatro cenários pós-Santungira e o problema da soma não-zero", aqui.
Adenda 3 às 19:36: grande destaque dado pela "Rádio Moçambique" ao que se passa no país em geral e em Homoíne em particular no tocante aos "homens armados da Renamo". O analista da "Rádio Moçambique", Calton Cadeado, diz ser necessário ouvir também a versão da Renamo.
Adenda 4 às 20:09: a intervenção do coronel Chume pôe em causa as afirmações do governador Trinta de Inhambane e da polícia local, segundo as quais não havia presença da Renamo na região.
Adenda 5 às 20:28: há muitos anos atrás o arquitecto e humorista moçambicano, Mário Mabjaia, terminava um vídeo cómico com esta frase: "A vida é muito complicada".

1 comentário:

Unknown disse...

Realmente há uma trapalhada de informação sem comando. Samora diria "desorganização organizada".

Talvez por causa da idade e da experiência de vida que levo neste "Vale de Lágrimas", já não acredito muito em tablóides. Nem mesmo ao dormir.

De igual modo, não acredito em "ouvir dizer". Neste caso, perfilho São Tomé na frase: "ver para crer".

Já disse e repito, esta guerra é deliberada. Trata-se de uma contenda militar desejada pelos seus autores. Não tira sono ao poder.

E mais, o saudoso Professor José Hermano Saraiva dizia que quando a guerra é justa não há ninguém que lhe fuja. Das guerras feitas, longe e sem razão (...), o povo não pode gostar.

Zicomo