22 janeiro 2014

"Moçambique: uma bomba prestes a explodir?"

Com o título em epígrafe, um texto escrito pelo tanzaniano Nkwazi Mhango (na imagem), publicado no "The African Executive" digital com data de hoje, no qual tenta uma comparação entre Dhlakama/Renamo e Savimbi/Unita de Angola: "A história repete-se. Pode repetir-se no mesmo local ou num diferente mas quase com as mesmas características. Actualmente, Moçambique está sob cerco. A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) está na mata lutando para derrubar a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) no poder." (foto reproduzida daqui)

3 comentários:

nachingweya disse...

Não parece que a intenção da Renamo seja derrubar o governo mas apenas fazer lembrar que existe, que representa uma parte deste povo cuja maioria sofre as sevícias da pobreza.
O fim pode ser igual ao de Angola-muito provavelmente depois da época das chuvas- mas o resultado aqui não será igual ao de Angola.
Matar Dhakhama martirizá-lo-á.

Unknown disse...

Respeito as achegas de Mhango, mas não concordo inteiramente. Há teorias que podem fazer bons diagnósticos da doença, mas não significam a sua cura, tal é o pensamento deste tanzaniano.

Estamos perante contextos históricos totalmente diferentes. O caso de Angola tinha arrebentado até às costuras. Savimbe não leu e nem sequer percebeu os sinais do tempo. Estava obcecado pelo poder a ponto de reduzir à miudeza tudo o resto. Já não tinha o apoio dos interesses dominantes que preferiram "matar a abelha maldita" e aliar-se a uma « ditadura lite » de José Eduardo dos Santos para, em primeiro lugar, fumar fumar o cachimbo da paz, e, em segundo, ter acesso à colmeia de forma moderna: o neocolonialismo.

A nível interno da UNITA, foram fechadas todas as "comportas" da lógica por parte da sua liderança, que até então era uma figura carismática, porque a ambição pelo poder tinha atingido às veias e à medula óssea. Jonas Savimbe não poupou esforços para afastar e derrubar os seus críticos e seguidores. Também é preciso não esquecer o mais importante em Relações Internacionais, NENHUM SISTEMA POLÍTICO É ELÁSTICO, HÁ LIMITES.

É importante também não esquecer que os ideais de Savimbe estavam a perder actualidade, eram erráticos, na medida em que recusava todos os acordos que não o levassem ao poder, daí que serve a frase os sistemas políticos são como tsunamis, a medida que a onda se estende vai perdendo força e não chega sequer no tamanho do tornozelo.

A UNITA tinha riqueza que bastasse para declarar uma segunda república, diferentemente da Renamo que não a tem, por isso chora por mamar.

A UNITA foi vítima da obsessão do seu líder pelo poder, o que não acontece com Dhlakama, que mais não quer do que a divisão das pepitas do ouro e jazidas de petróleo.

Não há nenhum estudo apresentado, porém, é inegável, a avaliar pelo senso comum, que a popularidade e a imagem do Presidente da República está chamuscada.

Nunca antes a Frelimo esteve na corda bamba como agora. As pessoas perderam medo e já nem respeitam os dirigentes.

Há clivagens internas que já não são do fórum interno. Os compadres e comadres estão de costas viradas. Pior, já não há ideologia. Antes a Frelimo era o guia, a bússola e a alavanca, hoje, segundo se ouve, é coveiro dos sonhos, da esperança, das paixões do povo.

Uma verdade : já ninguém chama bandido a Dhlakama. Ninguém o chama de assassino. Hoje em dia, ao contrário do que acontecia durante a guerra dos 16 anos, as investidas da Renamo são aplaudidas e o povo, em lugar de acusar a Renamo, imputa às culpas na actual liderança da Frelimo.

Isto dispensa dois dedos de testa: há qualquer coisa que não está bem.

As manifestações, o caudal que não pára de subir dos raptos e sequestros, a corrupção que apanhou boleia do ascensor da partidarização do Estado, enfim, a doença da pigmentação da cor continuam a penalizar a Frelimo.

Quem disse que os países que nos cercam são verdadeiramente nossos amigos? A experiência de vida prova-me que não. Não conheço uma "floresta" animal que não seja também cercada de abutres.

Zicomo

Salvador Langa disse...

O homem exagera mas algumas vezes os exageros podem levar à porta certa.