“Nenhuma sociedade progrediu sem fazer a sua própria crítica, sem que os seus criadores e pensadores se metessem contra a corrente dos bem-pensantes (…) África tem necessidade de imprecadores.” (Henri Lopès, Mes trois identités, in Kandé, Sylvie (dir), Discours sur le métissage, Identités métisses, En quête d´Ariel. Paris: L´Harmattan, 1999, pp. 141-142)
Há um debate sobre se o Comité Central da Frelimo pode ou não propôr outros nomes além dos três indicados (ao que parece de forma definitiva) pela Comissão Política. Há páginas no Facebook com nomes alternativos propostos por círculos anónimos de opinião do país.
O fenómeno tem provocado dois tipos de reacção: a reacção daqueles que defendem haver uma crise em gestação e, até, já, a possibilidade de uma fractura na Frelimo segundo uns, a possibilidade de uma Frelimo já em processo de dissolução segundo outros; e a reacção daqueles que, severamente uns, moderamente outros, criticam os críticos.
Ainda que por caminhos diferentes, uns e outros vivem acantonados num mesmo princípio, o sacrossanto e substancialista princípio da identidade absoluta, da identidade monárquica, a saber: uma coisa só pode ser ela e não também outra, a lógica formal em sua cristalina pureza, o pitagorismo do Uno indivisível.
Uns pressagiam e desejam a crise, outros temem-na ou julgam-na impossível; uns gostariam de ver a Frelimo em crise definitiva, outros acham isso historicamente antinatural, historicamente impossível. Ambos as trincheiras fazem a defesa da realeza decisória, nadam no mesmo rio no qual a água é a crise doentia, a concepção epidemiológica de crise, a crise como doença a combater.
Por regra pensamos em crise enquanto fenómeno de regressão, enquanto doença, enquanto metástase. Não é a febre um exemplo de saúde afectada? Estar em crise significa, para todos ou quase todos nós, estar mal. Eis exemplos correntes em certos círculos: os valores morais estão em crise, a cultura está em crise, a economia está em crise, o futebol está em crise, a Renamo está em crise, etc.
Porém, crise pode, também, significar, saúde, evolução, vitalidade. No caso dos partidos políticos, quanto mais alternativas analíticas houver, quanto mais possibilidade de escolha de dirigentes houver, quanto mais pluralidade crítica houver, quanto mais debate sobre isso houver, interno e externo, mais rica e desejável é a "crise", maior é o potencial de genuína democracia em curso, maior é a qualidade do crescimento partidário.
Então, em lugar de vermos a crise nos partidos, vejamo-la nos analistas, pensemos, antes, numa real crise analítica, na necessidade de fazer cair a monarquia em favor da república analítica.
Há um debate sobre se o Comité Central da Frelimo pode ou não propôr outros nomes além dos três indicados (ao que parece de forma definitiva) pela Comissão Política. Há páginas no Facebook com nomes alternativos propostos por círculos anónimos de opinião do país.
O fenómeno tem provocado dois tipos de reacção: a reacção daqueles que defendem haver uma crise em gestação e, até, já, a possibilidade de uma fractura na Frelimo segundo uns, a possibilidade de uma Frelimo já em processo de dissolução segundo outros; e a reacção daqueles que, severamente uns, moderamente outros, criticam os críticos.
Ainda que por caminhos diferentes, uns e outros vivem acantonados num mesmo princípio, o sacrossanto e substancialista princípio da identidade absoluta, da identidade monárquica, a saber: uma coisa só pode ser ela e não também outra, a lógica formal em sua cristalina pureza, o pitagorismo do Uno indivisível.
Uns pressagiam e desejam a crise, outros temem-na ou julgam-na impossível; uns gostariam de ver a Frelimo em crise definitiva, outros acham isso historicamente antinatural, historicamente impossível. Ambos as trincheiras fazem a defesa da realeza decisória, nadam no mesmo rio no qual a água é a crise doentia, a concepção epidemiológica de crise, a crise como doença a combater.
Por regra pensamos em crise enquanto fenómeno de regressão, enquanto doença, enquanto metástase. Não é a febre um exemplo de saúde afectada? Estar em crise significa, para todos ou quase todos nós, estar mal. Eis exemplos correntes em certos círculos: os valores morais estão em crise, a cultura está em crise, a economia está em crise, o futebol está em crise, a Renamo está em crise, etc.
Porém, crise pode, também, significar, saúde, evolução, vitalidade. No caso dos partidos políticos, quanto mais alternativas analíticas houver, quanto mais possibilidade de escolha de dirigentes houver, quanto mais pluralidade crítica houver, quanto mais debate sobre isso houver, interno e externo, mais rica e desejável é a "crise", maior é o potencial de genuína democracia em curso, maior é a qualidade do crescimento partidário.
Então, em lugar de vermos a crise nos partidos, vejamo-la nos analistas, pensemos, antes, numa real crise analítica, na necessidade de fazer cair a monarquia em favor da república analítica.
1 comentário:
A página dos artigos de opinião do Noticias de hoje tem uma enorme apologia ao chefe com foto e tudo.
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