Décimo primeiro número da série, dedicada ao estudo das reacções populares à morte do presidente norte-coreano e, em particular, de certas reacções na imprensa ocidental sobre a autenticidade das primeiras.
No número nove propus-vos mais quatro pontos destinados a orientar os textos seguintes. Prossigo no segundo, a saber: 2. Imprensa, "guerra fria", política e manipulação.
Parece-me razoável propôr que não há meios de comunicação independentes de linhas de orientação, de posições políticas, de adesão a certos princípios, de patamares ideológicos. Mas num clima de disputa acirrada de recursos estratégicos e de hegemonias mundiais ou regionais, os princípios orientadores dos órgãos de comunicação tornam-se mais agressivos, mais claros. É neste contexto que política e manipulação se dão mãos. A Coreia do Norte é, a este respeito, interna e externamente, um exemplo paradigmático. Prossigo mais tarde.
Nota: confira o seguinte título disseminado por muitos portais: Cenas de desespero no funeral de Kim Jong-il; confira os 181 comentários a um texto de Carlos Vidal, aqui; estude este documento aqui. Imagem reproduzida daqui.
(continua)
4 comentários:
Se conferirem certos canais na net vão verificar que tudo o que vem da Coreia do Norte é por eles considerado mau e falso.
Claro, o "perigo amarelo" de muitos ocidentais...
Sr. Professor, os pontos que avanca podem ate demonstrar uma certa rotulacao da Coreia do Norte pelos media no geral. Contudo, nao sustentam, nem negam o "porque" do ser norte-coreano, ou sequer, se o que vimos nos ecrans da TV e verdadeiro, ou encenado. A meu ver, e verdadeiro. Pese embora, eu afirme isto dentro dos devidos limites cientificos. E para tal, socorro-me da definicao behaviorismo (ou comportamentalismo) para explicar aquele e outros fenomenos que ao longo dos tempos tem caracterizado o modo de ser colectivo dos norte-coreanos. Com efeito, o termo comportamentalismo, que se usa muito pouco em psicologia, tem em outros dominios designacao mais geral, sendo a explicacao mais logica para aqueles eventos. Isto e, trocando por miudos, todo Homem pode ser moldado a medida dos estimulos que recebe de uma tabua rasa social, cujo comportamento sera tao ou mais homogeneo quanto mais aquela for. Ora, o sistema politico, a cultura e a primazia de Confuncio, criam condicoes naturais para que isto suceda na Coreia do Norte quase institivamente. Diria ate mais: ELES CONSEGUIRAM materializar o que Orwell imaginou no livro "1984" e assumi-lo como modo de vida. Para sinalizar, Chomsky sempre foi um critico acerrimo do behaviorismo. Mas tudo e dinamico na Historia da humanidade. Tempos virao em que a Coreia do Norte mudara, embora nao creio que o seu modo de vida fique identico ao da Coreia do Sul, cuja tabua rasa social ainda e moldada de acordo com o americanismo no auge da era McCharty, ainda que existam hoje muitos mais pontos de referencia para ofuscar o behaviorismo sul-coreano. Socorro-me tambem no caso alemao, onde mais de 20 anos apos a queda do muro de Berlim, os habitantes da ex-RDA com toda aculturacao e perseguicao federal aos antigos simbolos e valores da era Honecker, ainda cultivam os mesmos habitos culturais, musicais, gastronomicos e ate politicos!
Contudo, a Coreia do Norte tem estado em metamorfose constante desde a morte de Kim-Il sung. Isso e indubitavel. Existe uma perestroika "a chinesa" la, a semelhanca de Cuba, Vietname e Mongolia. Li com muita atencao o destaque que mereceu na KCNA a inauguracao de um supermercado em Pyongyang de uma cadeia chinesa, que vende produtos locais e importados (lembrei-me de episodio identico sucedido aqui com o SHOPRITE) e da curiosidade e interesse que isto criou junto do publico em geral, mas sobretudo na elite politico-partidaria. Mas meus senhores, trata-se somente de um pequeno supermercado para os padroes ocidentais. Na Coreia do Norte, e noticia do seculo. Eles tambem, criaram ja a sua versao local do "CPI" chamada Instituto de de Estudos do Sistema Capitalista (!). Portanto, metodicos e cuidadosos como sempre foram, estao fazendo as reformas a sua velocidade e a medida das suas capacidades de sobrevivencia politica.
Note-se porem, a contradicao dialectica entre o behaviorismo norte-coreano e estes dois exemplos sacrossantos do capital puro e duro com que foram obrigados a lidar. Esse e afinal o dilema de todos os ex-comunistas que passam a amar a acumulacao primitiva do capital. E sua perdicao tambem...
'Mas, para muitos, o choro convulsivo nas ruas pode ser uma reação natural, segundo Kerry Brown, chefe do programa asiático do centro de estudos Chatham House, de Londres. Isto porque a morte do líder levanta entre os norte-coreanos questões a respeito de sua identidade, segurança e capacidade de sobrevivência. Para Brown, a Coreia do Norte é uma nação que se sente como se estivesse sempre em estado de guerra e sempre contando com a benevolência e a proteção de seu líder. Mas não sabemos mais a respeito dos sentimentos reais do povo norte-coreano do que sabemos sobre as lutas de poder na elite governante do país. "O controle de informação é tão grande que é possível que eles sintam um choque real. Então é histeria verdadeira, mas não sabemos se é o que nós, no Ocidente, chamamos de dor do luto", disse. Os norte-coreanos podem ter sido informados de que estão sob uma espécie de ataque constante dos Estados Unidos, acrescenta o pesquisador, e que as "grandes vitórias" do passado resultam da eficácia de uma forte liderança, então não seria de se estranhar que a morte do líder em um sistema tão patriarcal não repercutisse na vida das pessoas.
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http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/pranto-de-nortecoreanos-por-morte-de-lider-e-sincero/n1597418667521.html
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