Não consigo saber quem é a autora. O título do blogue é A menina do javali. Qual o conteúdo? Aquilo que ela, a autora do blogue (criado em Novembro do ano passado), observa, sente e analisa lá no Niassa. Ela tem um excelente olhar antropológico. Permitam-me sugerir-vos, para já, a leitura do texto com o título "O Lago e uma (ex) floresta", com extracto logo abaixo:
"Gostava muito ver em particular uma bela floresta nativa logo depois da fronteira entre Sanga e Lago. Havia acácias, Massukos (árvores de frutos), com altura de 15m pelo menos. Muitas canções de pássaros. Enfim, representava a minha ideia de como era a província antes de muito desmatamento para agricultura e lenha. (...) Só que esta vez, ao meu espanto e horror, vi que tinha sido derrubada e destruida. Devastada. Vi uma plataform da empresa que cometeu o crime: chama-se “Chikweti” (que quer dizer “Riqueza”). Chikweti pretende plantar linhas e linhas de pinheiros encima da defuncta floresta nativa. Para depois produzir polpa para papel. Já deu para ver os viveiros a sair do chão, a sair dos rastos de destruição da floresta nativa. (Há poucas coisas no mundo natural tão medonhas como uma floresta chacinada.)".
"Gostava muito ver em particular uma bela floresta nativa logo depois da fronteira entre Sanga e Lago. Havia acácias, Massukos (árvores de frutos), com altura de 15m pelo menos. Muitas canções de pássaros. Enfim, representava a minha ideia de como era a província antes de muito desmatamento para agricultura e lenha. (...) Só que esta vez, ao meu espanto e horror, vi que tinha sido derrubada e destruida. Devastada. Vi uma plataform da empresa que cometeu o crime: chama-se “Chikweti” (que quer dizer “Riqueza”). Chikweti pretende plantar linhas e linhas de pinheiros encima da defuncta floresta nativa. Para depois produzir polpa para papel. Já deu para ver os viveiros a sair do chão, a sair dos rastos de destruição da floresta nativa. (Há poucas coisas no mundo natural tão medonhas como uma floresta chacinada.)".
4 comentários:
Faz arrepiar de dor, sabe?
havia acácias, massukos e outras riquezas/chikweies de se verem, mas Niassa continuou a ser a província mais pobre e empobrecida de Mocambique. Depois vieram os outros chikweies destruidores dessas belezas naturais, os chikwetis plantadores de pinheiros e criaram muitos postos de trabalhos para as populacões locais. Niassa viu crescer o número de biscicletas que naquele ponto do país constituem os mais importantes meios de transporte. aquilo que era horror para mim mudou-se para um sorriso de esperanca.
A biscicleta passou a ser o meio de transporte vulgar; os comerciantes que possuiam biscicletas trocaram-nas por motorizadas (made in china, mas mais eficientes do que as bicicletas) e os mais sucedidos no seu negócio, ja podem comprar "dubaizinhos", carros em segunda ou terceira mão comprados na Tanzania, mas importados do Dubai.
E em que ficamos? na beleza natural ou na pobreza absoluta? qual é a superfície destruída para plantar pinheiros no Niassa? ou só desbravaram a mata ao logo da estrada do Lago?
em que ficamos?
Uma pergunta ao Professor: como ainda consegue o milegre de ter tempo para mais esta descoberta?
Mas passemos adiante. Até consigo entender o anónimo. Muitas vezes o "progresso económico" sacrifica muitas outras coisas. Mas há que ser realista. Queremos bem estar para nós e a destruição do futuro?
Onde ficamos? É o agora, já! ou...o amanhã? Vamos a fazer escolhas racionais.
Não precisamos de ficar estagnados no tempo e na pobreza.Mas SAIBAMOS fazer as escolhas correctas.
Quantas vezes o Professor escreveu aqui sobre a destruicão das nossas florestas ou do roubo das nossas madeiras? "Florestas" é um tema muito quente e não admiro a dedicacão do Professor na busca destas descobertas.
Comeco assim: Naquele tempo de há muito tempo, havia no Niassa os chamados projectos de grandee extensões, nomeadamente: Projecto Matama, 400 mil hectares, Unango, Macaloge e por aí fora. Pra Niassa foram criados campos de reeducacão e os reeducandos trabalhavam nestes projectos. Mais tarde chegaram os chamados "improdutivos" para reforcar a mão-de-obra, pois Niassa era o exemplo na luta contra a fome e a miséria e do Niassa ia o milho, o feijao e a batata pra todo o país. Depois veio a guerra civil e destruiu tudo. Veio a Paz e anitos a seguir, vimos chegar ao Niassa os chamados "farmeiros brancos" vindos da Africa do Sul; quantos destes ainda estão lá? 0! Mas o Niassa continuou a caminhar a passos de camaleão e existem hoje 3 grandes projectos de reflorestamento e Chikweti é um dos.
A Paz também trouxe outros "problemas", pois permitiu o crescimento dos pequenos negócios e a destruicão das nossas florestas para fins de producão da madeira usada nas construcões e do carvão vegetal é uma realidade naquele ponto de Mocambique. Daí, os novos projectos de reflorestamento e o actual dilema: aproveitamento equilibrado dos recursos e conservacão da natureza ou sacrifío da beleza natural em prol do desenvolvimento económico?
Onde é que ficamos? Vamos fazer escolhas racionais? claro que sim, mas é preciso passar esse discurso os nossos dirigentes, pois são eles que tomam as decisões. Para alguns, é importante criar esses postos de trabalhos e, para outros, falar de plantacão de árvores é coisa que vai produzir efeitos daqui ha 50 anos, é muito tempo para quem vive ameacado pelo HIV ou simplesmente a malária.
Faz o Chikweti o reflorestamento ou a destruicão da floresta no Niassa?
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