07 janeiro 2010

"O Lago e a (ex) floresta"

Não consigo saber quem é a autora. O título do blogue é A menina do javali. Qual o conteúdo? Aquilo que ela, a autora do blogue (criado em Novembro do ano passado), observa, sente e analisa lá no Niassa. Ela tem um excelente olhar antropológico. Permitam-me sugerir-vos, para já, a leitura do texto com o título "O Lago e uma (ex) floresta", com extracto logo abaixo:
"Gostava muito ver em particular uma bela floresta nativa logo depois da fronteira entre Sanga e Lago. Havia acácias, Massukos (árvores de frutos), com altura de 15m pelo menos. Muitas canções de pássaros. Enfim, representava a minha ideia de como era a província antes de muito desmatamento para agricultura e lenha. (...) Só que esta vez, ao meu espanto e horror, vi que tinha sido derrubada e destruida. Devastada. Vi uma plataform da empresa que cometeu o crime: chama-se “Chikweti” (que quer dizer “Riqueza”). Chikweti pretende plantar linhas e linhas de pinheiros encima da defuncta floresta nativa. Para depois produzir polpa para papel. Já deu para ver os viveiros a sair do chão, a sair dos rastos de destruição da floresta nativa. (Há poucas coisas no mundo natural tão medonhas como uma floresta chacinada.)".

4 comentários:

Joana disse...

Faz arrepiar de dor, sabe?

Anónimo disse...

havia acácias, massukos e outras riquezas/chikweies de se verem, mas Niassa continuou a ser a província mais pobre e empobrecida de Mocambique. Depois vieram os outros chikweies destruidores dessas belezas naturais, os chikwetis plantadores de pinheiros e criaram muitos postos de trabalhos para as populacões locais. Niassa viu crescer o número de biscicletas que naquele ponto do país constituem os mais importantes meios de transporte. aquilo que era horror para mim mudou-se para um sorriso de esperanca.

A biscicleta passou a ser o meio de transporte vulgar; os comerciantes que possuiam biscicletas trocaram-nas por motorizadas (made in china, mas mais eficientes do que as bicicletas) e os mais sucedidos no seu negócio, ja podem comprar "dubaizinhos", carros em segunda ou terceira mão comprados na Tanzania, mas importados do Dubai.

E em que ficamos? na beleza natural ou na pobreza absoluta? qual é a superfície destruída para plantar pinheiros no Niassa? ou só desbravaram a mata ao logo da estrada do Lago?

em que ficamos?

micas disse...

Uma pergunta ao Professor: como ainda consegue o milegre de ter tempo para mais esta descoberta?

Mas passemos adiante. Até consigo entender o anónimo. Muitas vezes o "progresso económico" sacrifica muitas outras coisas. Mas há que ser realista. Queremos bem estar para nós e a destruição do futuro?

Onde ficamos? É o agora, já! ou...o amanhã? Vamos a fazer escolhas racionais.

Não precisamos de ficar estagnados no tempo e na pobreza.Mas SAIBAMOS fazer as escolhas correctas.

Anónimo disse...

Quantas vezes o Professor escreveu aqui sobre a destruicão das nossas florestas ou do roubo das nossas madeiras? "Florestas" é um tema muito quente e não admiro a dedicacão do Professor na busca destas descobertas.

Comeco assim: Naquele tempo de há muito tempo, havia no Niassa os chamados projectos de grandee extensões, nomeadamente: Projecto Matama, 400 mil hectares, Unango, Macaloge e por aí fora. Pra Niassa foram criados campos de reeducacão e os reeducandos trabalhavam nestes projectos. Mais tarde chegaram os chamados "improdutivos" para reforcar a mão-de-obra, pois Niassa era o exemplo na luta contra a fome e a miséria e do Niassa ia o milho, o feijao e a batata pra todo o país. Depois veio a guerra civil e destruiu tudo. Veio a Paz e anitos a seguir, vimos chegar ao Niassa os chamados "farmeiros brancos" vindos da Africa do Sul; quantos destes ainda estão lá? 0! Mas o Niassa continuou a caminhar a passos de camaleão e existem hoje 3 grandes projectos de reflorestamento e Chikweti é um dos.

A Paz também trouxe outros "problemas", pois permitiu o crescimento dos pequenos negócios e a destruicão das nossas florestas para fins de producão da madeira usada nas construcões e do carvão vegetal é uma realidade naquele ponto de Mocambique. Daí, os novos projectos de reflorestamento e o actual dilema: aproveitamento equilibrado dos recursos e conservacão da natureza ou sacrifío da beleza natural em prol do desenvolvimento económico?

Onde é que ficamos? Vamos fazer escolhas racionais? claro que sim, mas é preciso passar esse discurso os nossos dirigentes, pois são eles que tomam as decisões. Para alguns, é importante criar esses postos de trabalhos e, para outros, falar de plantacão de árvores é coisa que vai produzir efeitos daqui ha 50 anos, é muito tempo para quem vive ameacado pelo HIV ou simplesmente a malária.

Faz o Chikweti o reflorestamento ou a destruicão da floresta no Niassa?