Segundo o "Diário de Moçambique", cerca de mil mulheres proprietárias de machambas de arroz amotinaram-se ontem na cidade da Beira exigindo "o ressarcimento justo pela perda das suas terras ou destruição das suas culturas, em conexão com a implantação do projecto de construção do novo terminal de carvão e minerais no Porto da Beira." Aqui.
Observação: com a desenfreada corrida aos recursos minerais do país, os historiadores terão certamente nos próximos anos muitas histórias fáusticas de Báucias e Filemos moçambicanos para analisar.
Observação: com a desenfreada corrida aos recursos minerais do país, os historiadores terão certamente nos próximos anos muitas histórias fáusticas de Báucias e Filemos moçambicanos para analisar.
9 comentários:
Da forma como o poder e a ganância atingiram à medula, teremos, futuramente, uma "monarquia democratizada" a reinar no país.
Que futuro se espera dessas mil mulheres e de seus filhos?
Gostava de perguntar a quem de direito se isto é a dita Revolução Verde?
A corrida pelo carvão de Moatize ainda vai fazer história. A ideia de regiões autónomo será levantada. Tudo depende da maneira como vão gerir. Eu estou aqui para ver.
Zicomo
Julga Professor que muitos se vão preocupar com isso na corrida à "riqueza absoluta"?
Quem vai defender as mulheres? Tantos meticais e rua... É "desenvolvimento"...
Vi a peça pela TVM. A questão das mulheres não era a terra nem as culturas. O que elas estavam a reivindicar eram as diferenças nos montantes de compensação designadamente entre mil e quinhentos meticais e cinco mil meticais.
Para mim o problema é a total ignorância das pessoas -neste caso personalizadas pelas mil mulheres -em relação ao valor da terra como meio de produção, mecanismo de soberania e também o aproveitamento dessa circunstância pelas instituições governamentais e pelo Grande Capital Internacional.
Li hoje a 'carta a muitos amigos' do dr Sérgio Vieira no jornal Domingo "sobre investidores nacionais e estrangeiros":
Quero partilhar o seguinte excerto:
- "As joias da coroa, a terra e subsolo que libertámos com sacrifícios enormes, estão a entregar-se ao desbarato ao estrangeiro, ficando o Estado em posição ultra-minoritária quando ainda fica, o moçambicano, esse à força, ressentido algures sem qualquer justa compensação, pois há que acomodar o estrangeiro"
> O eterno problema do desenvolvimento: as compensações às populações menos favorecidas e preparadas para a defesa dos seus direitos, NUNCA são equilibradas!
> Em regra, retiram-se populações que vivem há gerações em determinado local, dando-lhes uma área para construir uma habitação semelhante á que são obrigados a abandonar, e/ou materiais para a nova construção; ou indeminizando pela perda do meio/factor de produção, Terra!
> MAS, o valor de mercado, real, da área donde são “corridos” é muito maior. Neste caso, a base para a construção de um Porto cuja utilização vai gerar, permanentemente, riqueza!
> Um sistema equilibrado, poderia passar por dar a esses “TRANSUMADOS”, organizados em Associações, um “Royalty” permanente.
> O Estado recebe hoje, a título de Royalty, 3% do valor da produção; a Associação dos deslocados do cais receberia, por exemplo, 0,5% durante toda a vida do projecto.
> São levianas, vergonhosas, desequilibradas, as compensações às populações deslocadas nestes empreendimentos, com o AVAL ou mesmo palmas do Governo: insensibilidade!!!
O Sr. Coronel, sempre astuto, defende o corporativismo estatal. Ora, bem se viu no que o GPZ - um belo exemplo disso - deu. Quanto ao resto, com tantos mestrados em gestão e economia formados na escola Keynesiana do Primeiro Mundo no topo dos ministérios-chave de Moçambique, é um espanto que alguém ainda se admire com estas histórias da Beira. Quanto aos historiadores, descansem, asseguro-vos que o destino trágico de Samuel Doe se repetirá em Moçambique num destes dias...
Subscrevo a ideia de Anónimo em relação à distribuição efectiva das 'royalties' sobretudo na indústria extractiva dada a sua natureza irremediavelmente finita.
Este seria um belo palco para as chamadas organizações da sociedade civil pleitearem em favor de um desenvolvimento comunitário tangível e mensurável.
Mas onde andarão essas organizações? Provavelmente em seminários de luxo a maquinar resultados para impressionar doadores (a maior parte dos quais também pré-disposta a este status quo).
Seria interessante efectuar-se um levantamento das enormíssimas extensões territoriais a cargo dos CFM...
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